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Indicações do que assistir no teatro (musicais, comédia, dança, etc.) por Laura Pereira Lima (laura.lima@abril.com.br)
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“Preto”, da Companhia Brasileira de Teatro: o racismo de cada um

Renata Sorrah e Grace Passô estão no elenco da montagem dirigida por Marcio Abreu que aborda as diferenças

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 22 nov 2017, 16h26 - Publicado em 22 nov 2017, 15h25

O teatro é um meio eficiente para colocar o espectador diante de realidades às quais faz vista grossa. É comum, no entanto, o tom panfletário dominar propostas desse tipo e o entretenimento se perder em um debate tendencioso. Esse não é caso de Preto, montagem da Companhia Brasileira de Teatro, que radicaliza ao fechar o foco no racismo. Comandado por Marcio Abreu, o espetáculo tem dramaturgia concebida por Grace Passô, Nadja Naira e pelo próprio diretor.

O drama toma forma na fala de uma mulher negra (representada por Grace) em uma conferência que origina uma série de cenas curtas sobre as diferenças, algumas repetidas sob outros pontos de vista. Logo no início, a atriz Renata Sorrah chega atrasada a uma entrevista e, sem paciência, depara com uma pergunta um tanto ampla. “Me fale sobre você; como é ser você?”, indaga o interlocutor. Ela, branca e consagrada, recebe a questão de forma distinta da de Grace, artista negra e pouco conhecida.

O estranhamento também vale para a passagem em que a mesma dupla reproduz trechos da peça As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, protagonizada por Fernanda Montenegro e Renata em 1982. Dessa vez, porém, é Grace quem lê as falas da sofisticada personagem de Fernanda, uma estilista, e Renata, de 70 anos, recria a aspirante a manequim, descrita como uma jovem de 23. A atriz Nadja Naira, branca, aparece como a empregada. Em outra parte, os atores Rodrigo Bolzan e Felipe Soares apresentam uma coreografia de múltiplas leituras, e a atriz Cássia Damasceno, negra, rejeita a ideia de dançar um samba.

A encenação oferece ferramentas ao público para que ele tire suas conclusões sobre o que seria ou não discriminação. O elenco imprime uma grande naturalidade nas composições e jamais exagera no tom. Essa inteligente opção da direção conquista a plateia de imediato, faz com que a mensagem seja mais bem digerida e provoca uma reflexão sobre o possível peso de atos ou palavras ainda comuns no nosso dia a dia. Felipe Storino executa a trilha ao vivo (100min). 16 anos. Estreou em 9/11/2017.

+ Tenda do Sesc Campo Limpo. Rua Nossa Senhora do Bom Conselho, 120, Campo Limpo. Quinta a sábado, 20h; domingo, 18h. R$ 30,00. Até 17 de dezembro.

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