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Lázaro Ramos leva “O Topo da Montanha” ao projeto “Eu Tenho um Sonho”

O evento, idealizado pelo ator e por Taís Araújo no Tom Brasil, apresenta, além da peça, show do cantor Criolo, festa e um stand-up da Tia Má

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 14 nov 2018, 15h12 - Publicado em 14 nov 2018, 14h50

Lázaro Ramos e Taís Araújo voltam à cidade para duas sessões de O Topo da Montanha, desta vez no Tom Brasil, na segunda (19), às 20h, e na terça (20), às 18h. A peça de Katori Hall cria uma ficção que remete aos últimos momentos de vida do reverendo Martin Luther King (1929-1968). Na véspera de sua morte, o ativista conhece a camareira Camae, que o provoca com uma pragmática visão da vida.

O espetáculo faz parte do evento Eu Tenho um Sonho, promovido pelos atores, que ainda apresenta na sequência uma festa com show do cantor e compositor Criolo e um stand-up da Tia Má, personagem da influenciadora digital Maíra Azevedo. Os ingressos para o evento custam entre R$ 70,00 e R$ 120,00 e dão direito ao pacote completo a cada dia. Lázaro Ramos falou com a gente um pouco sobre o projeto e também dos três anos em cartaz da peça O Topo da Montanha.

Lázaro, o que nasceu primeiro…. A idealização do evento ou a tentativa de uma comunicação de O Topo da Montanha com um novo tipo de plateia, um público mais jovem que também curte música, balada, mas talvez passe longe de um teatro? 

Para ser bem sincero, a ideia partiu da nossa saudade de fazer o espetáculo e de voltar dialogar com o público sobre os temas que O Topo da Montanha trata, como formação de identidade, luta contra o preconceito, o afeto enquanto arma. Mas com o fato de a agenda ser muito corrida, a gente percebeu que tinha que fazer algo maior. E, para fazer maior, o ideal logo de cara se mostrou ser dialogar com outros artistas ou manifestações culturais que tivessem a ver com a peça. O Criolo foi uma ideia que veio logo, assim como a Tia Má. Acaba que, claro, tem essa aproximação com outros públicos, mas não foi o primeiro foco. O desejo foi mesmo artístico, de retomar essa mensagem que até hoje a gente recebe um retorno ao encontrar as pessoas ou até mesmo por rede social falando como esse espetáculo foi importante para as vidas.

O Topo da Montanha é uma exceção no cenário recente. Claro que seu nome e o de Taís atraem o público, mas sabemos que isso não garante sucesso… O que você acha que atrai tanto gente? É a imagem de Luther King? Em que momento O Topo deixou de ser a peça do Lázaro e da Taís para ser uma história interessante e ainda, por cima, protagonizada por Lázaro e Taís?

Foi uma coisa muito bonita que aconteceu. Eu acho que é o texto certo no momento certo. É um espetáculo que propõe diálogo, que acolhe as pessoas. Todo e qualquer público que chega se identifica com alguma coisa e se  sente acolhido com suas dúvidas e certezas. Isso é mérito de uma dramaturgia ousada que se apropria da historia de Martin Luther King, um símbolo de luta, mas que, a partir disso, recria a historia com outros códigos. O público percebeu isso que, na verdade, não faz parte só do espetáculo, mas de toda a comunicação para vender o espetáculo, a maneira que a gente recebe o público, o diálogo que a gente tem com o público. O espetáculo não se encerra no palco. Ele prossegue com a apropriação que o público faz, ele prossegue na rede social da peça, que tem muitos seguidores e que leem os temas que são replicados e continuam falando sobre as coisas do espetáculo. Eu acho que é a voz de um momento.

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+ Em musical, Elza Soares atinge o patamar dos personagens atemporais.

A gente sabe que o teatro, a casa de espetáculos, muitas vezes, engessa o programa para quem não costuma frequentar. Aqui, você paga um ingresso e tem um combo de atrações. É hora de os atores também correrem atrás desse público que deixou de frequentar ou nunca nem passou por uma sala convencional?

Adoraria ter uma resposta exata para isso mas não tenho conhecimento porque nós, como empreendedores culturais, estamos fazendo nossa primeira experiência. Eu já produzi e dirigi monólogo, espetáculo com seis ou quinze atores, mas nunca um evento desse tipo. Na verdade, eu acho que é o desejo de tentar outros formatos. A arte vai se reinventando o tempo todo e a maneira de dialogar com o publico também. A gente está experimentando para ver o que acontece. Com essa primeira experiência, vamos aprender muito, com certeza, sobre essa relação da sala de teatro convencional com outros espaços que existem disponíveis. É um processo de aprendizado dentro dessa novidade de sermos empreendedores culturais.

Durante esses três anos em cartaz, quais são os momentos mais marcantes da temporada, quais foram os retornos mais significativos que você ouviu do público?  

Os grupos de pessoas que se reuniam para comemorar datas especiais no teatro sempre foram muito emocionantes. Um casal comemorou 50 anos de união no espetáculo. Famílias que um membro assistia e queria levar pessoas de outras gerações, avós ou filhos mais jovens, pra assistir ao espetáculo. Isso sempre foi muito marcante pra mim. E é claro que as pessoas saem muito emocionadas de maneira quase catártica em algumas sessões. É algo inesquecível, que toca muito a gente. A gente não consegue até hoje fazer esse espetáculo sem se emocionar todos os dias.

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E de que forma esses retornos modificavam a sua interpretação, a sua forma de levar o espetáculo?

Isso faz com que a interpretação da gente vá mudando, a gente vai escutando as musicas do público, das gargalhadas às lágrimas e criamos músicas diferentes. O Topo da Montanha, para mim, é um instrumento que nunca foi tocado igual. Ele sempre foi tocado na parceria com a reação do público e isso, na minha carreira, com mais de trinta espetáculos, é um momento único e raro.

+ Gilberto Gawronski apresenta “A Ira de Narciso” no Mix Brasil.

O Topo da Montanha segue em cartaz em 2019? 

A nossa ideia é continuar. A gente não quer que a mensagem morra e tentamos fazer com que o projeto Eu Tenho um Sonho seja a maneira de manter viva a chama de O Topo da Montanha, que a gente consiga fazer pelo menos uma vez por mês. Por isso, as apresentações de São Paulo vão ser fundamentais para nosso aprendizado, para ver se é possível de manter. O nosso grande desejo é esse. Porque senão a gente vai ter que dar pausas longas quando estiver envolvido em outros trabalhos e fazer na agenda livre dos dois.

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+ Tom Brasil. Rua Bragança Paulista, 1281, Santo Amaro. Segunda (19), 20h; terça (20), 18h. R$ 70,00 a R$ 120,00.

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