“Inferno — Um Interlúdio Expressionista”: revolta no cárcere
André Garolli dirige o drama inspirado em peça de Tennessee Williams com os atores da Cia. Triptal e participações especiais. A entrada é franca
Não se assuste com a cena inicial, um prólogo deslocado e panfletário. O drama Inferno — Um Interlúdio Expressionista vai além do óbvio e surpreende gradativamente. Inspirada no texto Not about Nightingales, de Tennessee Williams, a peça dirigida por André Garolli é um pungente retrato da rotina de uma cadeia sem abrir mão da poesia e da beleza visual.
Eva (a atriz Camila dos Anjos), em desespero com a recessão econômica, procura emprego no escritório de uma penitenciária. Contratada, ela enfrenta o assédio do Sr. Whalen (o ator Fabrício Pietro, ao fundo na foto, com Camila), o diretor do presídio, sempre disposto a humilhar o assistente Jim (personagem de Athos Magno), um detento prestes a sair em liberdade condicional. O conflito explode com uma greve de fome, que expõe as condições precárias em que todos vivem, e faz Eva perceber a vulnerabilidade de sua situação.
Garolli constrói uma encenação que põe no mesmo plano o escritório e as celas, lotadas de detentos, e a imagem se aproxima de uma tela expressionista. No elenco, formado por quarenta atores, ainda sobressai Fernando Vieira, na pele do líder da rebelião (120min). 14 anos. Estreou em 30/8/2019.
+ Teatro João Caetano. Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. Sexta e sábado, 21h; domingo, 19h. Grátis. Ingressos distribuídos uma hora antes. Até o dia 22.