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Fabi Bang espera Isabel, o primeiro bebê: “A intuição será a melhor amiga”

"Minha filha deve ganhar o mundo mais ou menos no dia 4 de março, em pleno Carnaval, e quase tudo será aprendizado", escreve a atriz e cantora

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 14 jan 2019, 20h37 - Publicado em 14 jan 2019, 20h03

Era fim de tarde do dia 3 de julho de 2018. Dois tracinhos no teste de farmácia. Deu positivo! Todas as notícias sobre as conquistas dos grandes personagens da minha carreira chegaram por volta desse horário. E, dessa vez, não foi diferente. Era a vida que me dava o mais novo e maior papel: o de ser mãe.

Muita, muita alegria, nem preciso falar. Mas, aos poucos, a euforia cedia um pouquinho de espaço para a realidade. O cenário era o seguinte… Vivo um relacionamento sólido e maduro com meu marido, o Rique Azevedo, que também estava – e está – vibrando. Ufa! Só que ele é autônomo, produtor musical e também vive de arte. Dentro de um mês e meio, pensei, o meu contrato como a protagonista do musical A Pequena Sereia venceria. Minhas economias estão comprometidas com um projeto de negócio sem garantia de retorno. Gente, não podemos também esquecer de outra coisa… O país enfrenta uma tremenda crise! Bem, melhor deixar isso para lá.

Vem ainda aquele papo. Vivo um momento de consolidação da minha carreira, pouco a pouco conquisto meu espaço. A descoberta de ser mãe me soa como provocação. E confesso que sempre gostei de ser provocada… Segui em frente, feliz. Só que um tanto cansada. Durante as apresentações de A Pequena Sereia era tomada por um sono incontrolável. Estava lá, no meio da coreografia e pensava “acho que estou envelhecendo rápido demais, não devo ter mais idade para essa maratona de fazer musical”. Mas é óbvio que esse pensamento só existia porque estava no início do processo de gerar um ser dentro de mim (risos), então a energia precisava ser dobrada.

Comecei a perceber que a vida nunca mais seria a mesma. Eu não conseguia dar tudo de mim no espetáculo – algo que não abro mão, não faço pela metade – porque, agora, eu precisava dar muito de mim também para o bebê. O meu corpo seria nosso, as minhas prioridades seriam as dela e as minhas certezas nunca mais seriam certezas.

Certezas? Eu sempre atuei de forma intuitiva e, pelo visto, a intuição será minha melhor amiga. Mas é lá no comecinho que essas transformações ganham espaço e a cada semana se tornam tão, mas tão consistentes que hoje, depois de 33 semanas de gestação, me percebo outra, completamente diferente do que eu sempre fui ou achava que era. E não me refiro às transformações físicas que são óbvias e visíveis. São as internas, invisíveis e silenciosas.

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Falando em intuição, eu tinha certeza de que seria um menino. Tanto que o Miguel – o nome estava decidido – seria uma homenagem ao meu pai e ao avô do Henrique. Dizem que a mãe sempre sabe, né? (risos). Quando eu completei quatro meses, o sexo foi descoberto no ultrassom e preferi continuar sem saber. O resultado só seria revelado em um chá musical – sim, não poderia ser diferente – organizado pelos padrinhos, a Myra Ruiz e o João Milliet, que também é músico. Mandei o exame para a futura comadre, controlando ao máximo a curiosidade.

A gente cantou, apresentou coreografias e teve até números de pirotecnia. E, enfim, descobri que quem chegaria era uma menina. Gente, minha intuição falhou… Alice, Manoela, Maria Isabel e, por fim, Isabel. Vamos bater o martelo logo e anunciar. Sou libriana, não posso ter muitas opções, fico mudando de ideia. Vai ser Isabel.

Amor. Insegurança. Solidão. Medo. Coragem. Fome. Ansiedade. Fome. Choro. Expectativa. Instinto. Limite. Domínio. Bravura. Fome. Teve a fase em que eu fiquei louca por carne, sonhava com bifes suculentos. E as frutas? Laranja, tangerina, jabuticaba, não era uma ou duas. Eram baldes. E uva! Logo uva, dizem que é a fruta que mais engorda.

Acho que essa sou eu por dentro hoje. E cada um desses sentimentos e sensações merecem páginas e páginas. Tenho impressão de que sou pós-graduada e apta a dissertar sobre cada uma delas. Quem sabe eu não o faça?

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Mas a verdade é que depois de eu dizer que sei de tudo isso, me conscientizo de que, na verdade, não sei de nada. Estou prestes a descobrir tudo do começo. Estou prestes a “zerar” a vida, como dizem. Em algumas semanas, essa frase nunca terá feito tanto sentido. Minha filha deve ganhar o mundo mais ou menos no dia 4 de março, em pleno Carnaval, e quase tudo será aprendizado. Imagino que 50% intuição e 50% aprendizado.

O mais lindo da vida é que a fonte da sabedoria acaba de nascer. Cresci acreditando que a minha mãe sabia de todas as coisas. É claro que ela não sabia, mas fingia bem, não deixava transparecer medos e me trazia segurança. Hoje em dia é de igual para igual e minha mãe, me enxergando adulta, tem coragem de dizer “Bita, não sei”. Espero ter essa coragem mais cedo com a Isabel, mas confesso que a necessidade e vontade de proteger é tão grande que talvez eu faça como minha mãe e interprete ganhando prêmios com o papel de Senhora Sabe Tudo Segura de Si Bang.

É que por mais humano que seja, eu não quero errar. Mas vai acontecer. Só espero ter a paz interior de saber que tanto os acertos quanto os erros chegam carregados de amor. É essa a sensação que quero carregar na nossa bagagem. Porque sim, ela será (já é) minha grande companheira. Estivemos juntas nos palcos algumas vezes nesses oito meses e acho (espero) que isso se repetirá ao longo da nossa história de mãe e filha, que não tem como se desvincular da minha história como artista.

É isso que eu sou e é isso que me sustenta não só financeiramente, mas emocionalmente também, e é assim que eu alcanço minhas realizações e desejos mais profundos. É claro que coxias, camarins e salas de ensaio serão parte das nossas vidas. Foi assim em tantas histórias anteriores. Foi assim com Judy Garland e Liza Minelli, por exemplo. Eu preciso do palco e sei que a Isabel vai precisar de mim, da versão feliz de mim.

E, por nós duas, vou continuar batalhando pelos personagens que sonho, pelo meu aperfeiçoamento artístico, pelas histórias que eu quero contar, pelas pessoas que eu quero emocionar, os aplausos que eu tenho necessidade de ouvir. É daí que vem a minha felicidade, e é isso que eu espero dar a Isabel: baldes de combustível para ela crescer forte e batalhadora da própria felicidade, sendo o que quiser ser. Ah, também deixarei sempre reservada para você, minha filha, uma cadeira cativa do teatro para assistir aos espetáculos da mamãe até quando eu puder oferecer a minha arte.

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