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Indicações do que assistir no teatro (musicais, comédia, dança, etc.) por Laura Pereira Lima (laura.lima@abril.com.br)
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As dez melhores peças do ano de 2018 em São Paulo

A temporada irregular alternou momentos destacados e medianos. Dois artistas, a atriz Yara de Novaes e o encenador Zé Henrique de Paula, marcaram presença

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 17 dez 2018, 18h48 - Publicado em 17 dez 2018, 18h29

Love, Love, Love, direção de Eric Lenate.

Escrito pelo inglês Mike Bartlett, o drama mostra uma família desafiada pelas transformações políticas e comportamentais estabelecidas durante mais de quatro décadas. A consistente dramaturgia e a direção atenta de Lenate esfacelam os clichês característicos das abordagens geracionais. Em meio a um ótimo elenco, Yara de Novaes alcança um desempenho marcante como Sandra, capaz de transmitir diferentes sentimentos e, apoiada em sutilezas, divertir e incomodar o público.

Elza, direção de Duda Maia.

O espetáculo que melhor traduziu as turbulências do polêmico ano de 2018. Escrita por Vinicius Calderoni, a biografia musical da cantora Elza Soares foge da narrativa tradicional ao transformar a artista dura na queda em um símbolo do povo brasileiro, que, desde o nascimento, luta pelo dia seguinte sem se vangloriar disso. A montagem ainda rende abordagens em torno do racismo, do feminismo, da violência contra a mulher, da política e até das tão comentadas fake news.

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A Ira de Narciso, direção de Yara de Novaes.

O ator Gilberto Gawronski colocou em cena um grande exemplar da obra do dramaturgo uruguaio Sergio Blanco que trilha o caminho da autoficção. O personagem é o próprio autor. Convidado para uma conferência em Liubliana, na Eslovênia, Blanco se instala em um hotel e aproveita um período vago para vasculhar um aplicativo de paquera. Depois de um encontro sexual, o protagonista se envolve em um raro suspense que surpreende o espectador até o inusitado desfecho. 

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Um Panorama Visto da Ponte, direção de Zé Henrique de Paula.

Um clássico levado à cena sem qualquer vestígio de mofo e em um franco diálogo com os dias atuais. Assim é a moderna montagem concebida pelo diretor Zé Henrique de Paula para o drama de Arthur Miller, ambientado na década de 50. Rodrigo Lombardi, como o imigrante italiano Eddie Carbone, Sérgio Mamberti e Patricia Pichamone são os destaques do afinado elenco. 

O Escândalo Philippe Dussaert, direção de Fernando Philbert.

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Marcos Caruso arrebentou no surpreendente monólogo tragicômico do francês Jacques Mougenot. O ator se apresenta na pele de um palestrante e revela a biografia de Philippe Dussaert, um pintor que se destacou na escola como exímio copista e teve uma trajetória polêmica no mundo das artes. Um exemplo de dramaturgia desconstruída, muito bem explorada pela direção e pelo intérprete, plenamente acessível ao público.

Mariana Lima (MAURICIO FIDALGO/Divulgação)

Cérebro Coração, direção de Renato Linhares e Enrique Diaz.

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No auge, a atriz Mariana Lima abre espaço a discussões que transitam entre a razão e a emoção e abordam quanto é delicado, talvez impossível, o equilíbrio entre quem somos e quem deveríamos ser. A protagonista do monólogo traz à tona suas memórias, muitas delas doloridas, e desafia o espectador a tentar entender como se formou o seu raciocínio, misturando realidade e ficção sem separar artista e personagem, criador e criatura. 

Pacto, direção de Zé Henrique de Paula.

A versão brasileira do musical do americano Stephen Dolginoff leva a assinatura dos protagonistas, os atores Leandro Luna e André Loddi, e perturba o público com uma história real densa, de teor psicológico e muito bem encenada. Dois amigos de adolescência, cúmplices em pequenos roubos, arrombamentos e incêndios, sequestram e matam um garoto de 14 anos na Chicago de 1924. O caso foi tratado pela imprensa como “o crime do século”. 

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Terrenal – Pequeno Mistério Ácrata, direção de Marco Antonio Rodrigues.

O drama do argentino Mauricio Kartun se consuma como uma potente obra graças à interpretação de Danilo Grangheia, Fernando Eiras e Celso Frateschi. O poderoso trio de atores traz à tona uma parábola inspirada em elementos bíblicos, as diferenças entre os irmãos Caim e Abel, que ganha associação imediata com a polarização e a intolerância da sociedade atual.

Justa, direção de Carlos Gradim.

O dramaturgo Newton Moreno usa a ficção para tratar da degradação do sistema político brasileiro e, de quebra, provoca o público, que costuma ser passivo diante das atitudes abusivas de seus representantes. Em uma outra grande prova de versatilidade, a atriz Yara de Novaes se transforma na pele de diversas prostitutas de um bordel de Brasília que são interrogadas por um investigador (papel de Rodolfo Vaz). Justa é a mais intrigante delas. Trata-se de uma mulher de cara limpa, ética no trabalho, na vida e com os clientes. 

Rodolfo Vaz e Yara de Novaes (Elisa Mendes/Divulgação)

Agosto, direção de André Paes Leme.

A montagem do texto do americano Tracy Letts comprova o poder dos alicerces do teatro: uma sólida dramaturgia e atores entrosados para defendê-la com unhas e dentes. Em uma fazenda do interior americano, a matriarca Violet (interpretada por Guida Vianna) machuca quem ouve sua voz. Ela amarga um câncer de boca, viciou-se em medicamentos e semeia o atrito com todos, sobretudo o marido, Beverly (papel de Isaac Bernat), um escritor frustrado e alcoólatra. O desaparecimento de Beverly traz de volta para a casa a mais velha das três filhas deles (vivida por Letícia Isnard), grande opositora da mãe.

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