“De Todas as Maneiras que Há de Amar”: Tapa na intimidade de Edward Albee
Eduardo Tolentino de Araujo dirige Clara Carvalho e Brian Penido Ross em peça sobre um casal que faz um balanço da vida
O dramaturgo americano Edward Albee (1928-2016) é um cronista mordaz do desgaste das relações conjugais. Quem Tem Medo de Virginia Woolf? e A Cabra ou Quem é Sylvia? são dois exemplos de suas incursões nesse fértil terreno. Referência de bons textos há quatro décadas, o Grupo Tapa recorre pela primeira vez às palavras de Albee em De Todas as Maneiras que Há de Amar, peça inspirada em soneto da poeta inglesa Elizabeth Barrett.
+ Diogo Vilela protagoniza A Verdade.
Sob a direção de Eduardo Tolentino de Araujo, Clara Carvalho e Brian Penido Ross representam um casal que faz um balanço da vida. O espetáculo, formado por 21 cenas rápidas e certeiras, mostra as reflexões de cada um sobre a trajetória em comum, entre o patético e o cômico.
Enquanto o marido reclama das camisas que não encontra no armário, a mulher se lembra da primeira paquera da adolescência, um rapaz que ainda hoje alimenta suas fantasias sexuais. Permanentemente no ar, a pergunta “você ainda me ama?” serve de motivação para a dupla, mesmo que a indiferença reine.
+ Leia perfil da atriz Clara Carvalho.
Clara e Penido Ross aproveitam bem as nuances do texto. O ator trilha um caminho absurdo, enquanto a atriz, mais etérea, defende a personagem em um crescente desencanto. A encenação, em formato de arena, aumenta a cumplicidade com o público. Uma mesa, duas cadeiras, e o resto são palavras. A intimidade é visível no jogo. Clara e Penido Ross, que foram casados na vida real, devem saber ou, pelo menos, imaginam o efeito de cada fala sobre o outro (60min). 14 anos. Estreou em 24/1/2020.
+ Teatro Aliança Francesa — Sala Atelier. Rua General Jardim, 182, Vila Buarque. Sexta, 21h; sábado e domingo, 19h30. R$ 50,00. Até 16 de fevereiro.