“Brincando com o Fogo”: Grupo Tapa e o perigo do casamento (quase) aberto
O diretor Eduardo Tolentino de Araujo apresenta texto menos conhecido do dramaturgo sueco August Strindberg
Entre os trabalhos destacados do Grupo Tapa estão Camaradagem (2006), Credores (2011) e Senhorita Júlia (2013), obras do sueco August Strindberg (1849-1912). O diretor Eduardo Tolentino de Araujo apresenta, agora, o drama Brincando com o Fogo, texto menos conhecido do autor, mas capaz de oferecer elementos característicos de seu teatro, como a sexualidade latente e a opressão, tanto financeira como sentimental.
Escrita em 1897, a peça gira em torno do casal Kut e Kristin (interpretado por Daniel Volpi e Camila Czerkes), que abre espaço para um jogo de sedução envolvendo o amigo Axel (o ator Bruno Barchesi) e a prima Adélia (a atriz Luana Fioli). Os limites de um relacionamento aberto são testados e mostram até que ponto cada um administra fantasias e frustrações.
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Tolentino constrói mais uma encenação refinada e estimula o público visualmente. Os atores, cada um a sua maneira, correspondem à intenção do diretor de elevá-los ao protagonismo. Volpi e Camila exploram as contradições dos personagens. A dupla reforça subtextos relativos à homossexualidade e às motivações femininas em nome das conveniências, eternizando o padrão machista.
Barchesi transita entre a dissimulação e a empáfia, enquanto Luana, menos conhecida das produções do Tapa, chama atenção para seu nome. Os atores Oswaldo Mendes e Mara Faustino, como os pais manipuladores de Kut, completam o time (65min). 12 anos. Estreou em 9/1/2020.
+ Teatro Aliança Francesa. Rua General Jardim, 182, Vila Buarque. Quinta a sábado, 20h30; domingo, 19h. R$ 50,00 (qui.) e R$ 60,00 (sex. a dom.). Até 16 de fevereiro.