Alvise Camozzi em “Void”: reconstituição da tragédia do Césio 137
O ator, diretor e dramaturgo italiano, radicado no Brasil, protagoniza peça que oferece diferentes leituras do acidente radioativo ocorrido em Goiânia
Em 1987, o ator, diretor e dramaturgo Alvise Camozzi era um garoto de 13 anos e morava na Itália, seu país natal. Radicado no Brasil desde 2001, o artista não acompanhou o impacto do desastre conhecido como Césio 137, ocorrido em Goiânia naquele ano. O monólogo Void, criado com a colaboração de Letizia Russo, constrói narrativas sobre o acidente radioativo com base em depoimentos dos sobreviventes e pesquisas documentais ou no imaginário de quem só ouviu falar do fato, como Camozzi.
Na época, dois jovens encontraram e venderam um aparelho de radiologia ao dono de um ferro-velho. Dentro dele, havia um pó azulado brilhante que atraiu a curiosidade da família do comerciante e se espalhou pela cidade. Foram confirmadas quatro mortes e mais de 1 000 pessoas afetadas.
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No palco, o ator representa essas diferentes situações em um espetáculo crítico em relação à fraca memória coletiva. O texto, bem amarrado e cheio de detalhes, exige grande atenção do espectador. Camozzi, no entanto, com seu discurso fluente e provocativo, conquista a plateia e, tanto como narrador como através de personagens, colabora para despertar a atenção sobre um acontecimento relativamente recente porém esquecido.
A experiência da peça pode ser complementada com uma instalação de vídeos e dispositivos sonoros em cartaz à tarde no local. Direção de Beatriz Sayad e do protagonista (75min). 14 anos. Estreou em 29/11/2018.
+ Sesc Avenida Paulista — 13º Andar. Avenida Paulista, 119. Quinta a sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 30,00. Até domingo (23).