Imagem Blog

Blog do Lorençato Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Arnaldo Lorençato
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
Continua após publicidade

Autoria de filé à parmigiana causa discórdia entre restaurantes badalados

Foto de clássico da culinária ítalo-paulistana no Instagram gera uma pesada acusação que atinge duas conceituadas casas da capital

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
27 abr 2019, 15h00

Existe paternidade para uma receita tradicional? No caso, de um filé à parmigiana rústico, aparentemente sim, e deu o que falar. Pelo menos é o que acredita Rafael Azrak, um dos proprietários do italiano Aguzzo, em Pinheiros, onde a receita foi criada.

O empresário ficou furioso ao ver publicada no Instagram uma foto do tal filé acompanhado de nhoque na manteiga e sálvia em um concorrente, o refinado restaurante variado Cantaloup, no Itaim Bibi. “Esse prato é do Aguzzo, hein?!”, alfinetou ele no post. Aliás, a internet virou um ringue, inclusive para questões culinárias.

Escrevo sobre o Aguzzo desde 2006. No mesmo ano em que o restaurante foi inaugurado pelo empresário Osmânio Rezende, ex-maître-gerente do Grupo Fasano, com o empresário Roberto Azrak, pai de Rafael, o chef Alessandro Oliveira revisou o clássico, que em sua primeira versão era servido com um capellini como se vê foto feita a meu pedido em 2006.

O bife disputado: com capellini fresco em versão original (Fernando Moraes/Divulgação)

Confira a resenha publicada na época da edição especial  Comer & Beber de 2006, com preços vigentes naquele período:

Continua após a publicidade

Com a habilidade para receber a clientela em casas como Parigi e Le Coq Hardy, o maître Osmânio Luiz Rezende se lançou em carreira-solo. Na companhia de dois sócios investidores, abriu um agradável endereço. Para dirigir o fogão, convidou o ex-colega do Parigi Alessandro Oliveira, que prepara desde os pães do couvert às sobremesas. Entre suas especialidades estão um ótimo filé à parmigiana (R$ 39,00) e um levíssimo nhoque de espinafre, ricota e batata ao creme de gorgonzola (R$ 28,00).

Com o tempo, o prato ganhou o nhoque ao molho de manteiga e sálvia como guarnição, como também registrei em 2011. E foi justamente essa versão se tornou o ponto de discórdia questionado virtualmente.

 

A imagem postada pelo Cantaloup: alfineta de Azrak (Reprodução/Instagram/Veja SP)

Com idas e vindas, Oliveira trabalhou no Aguzzo em diferentes fases, até o fim do ano passado. Nessa última saída, sobrou ressentimento entre Arzak e o ex-funcionário. “A gente o ajudou como pessoa, basicamente contratei a família toda dele. Meu pai ajudou muito na mudança dele e foi fiador dos caras”, queixa-se o antigo patrão.

Atualmente, Oliveira é subchef do Cantaloup. O cozinheiro confirma a autoria da receita da discórdia, que tem particularidades em relação à anterior como o uso de pão em cubinhos. Também descarta qualquer tentativa de cópia do trabalho original.

 

O Aguzzo postou sua versão do prato logo depois (Reprodução/Instagram/Veja SP)

Mas filé à parmigiana e nhoque não são clássicos do receituário ítalo-paulistano? “Se eu contrato alguém que veio de outro restaurante, não vou deixar fazer a mesma apresentação. Ele podia servir o parmigiana fatiado, colocado o fettuccine de acompanhamento, o molho à parte… Achei falta de respeito”, reclama Azrak.

Fica a dúvida: seria melhor disfarçar?

Essa é uma boa discussão. Afinal, de quem é autoria de um prato, ainda mais de um clássico revisado? Pertence ao chef ou ao restaurante em que ele trabalha? Se o chef sai de um estabelecimento, não leva consigo suas supostas criações? Precisa abrir mãos delas? É um tema que gera muita discussão e merece ser discutido com calma.

Depois da polêmica, o prato saiu da lista de opções de almoço executivo do concorrente. Outra medida foi apagar a foto do perfil da casa. “Daqui a pouco, ninguém mais vai poder vender pizza de mussarela ou de calabresa”, afirma Daniel Shahagoff, sócio do Cantaloup.

Continua após a publicidade

Com reportagem de Saulo Yassuda

Valeu pela visita! Para me seguir nas redes sociais, é só clicar em:
Facebook: Arnaldo Lorençato
Instagram: @alorencato
Twitter: @alorencato

Para enviar um email, escreva para arnaldo.lorencato@abril.com.br

Caderno de receitas:
+ Fettuccine alfredo como se faz em Roma
+ O tiramisu original
+ O melhor petit gâteau do Brasil

Continua após a publicidade

E para não perder as notícias mais quentes que rolam sobre São Paulo, assine a newsletter da Vejinha

 

 

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.