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Por Arnaldo Lorençato
O editor-sênior Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Na memória do gosto: minha última refeição no Massimo

Depois de atender as últimas mesas no jantar de 27 de setembro, o restaurante Massimo fechou definitivamente as portas. Naquela noite, punha-se um ponto final na história de um dos raros expoentes da alta gastronomia paulistana. + Leia minha minha matéria para a edição impressa sobre o fechamento do Massimo + Leia sobre a inauguração […]

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Atualizado em 26 fev 2017, 23h54 - Publicado em 12 out 2013, 15h24

Grelhado dos pescadores: misto de frutos do mar que foi uma das glórias do restaurante (Fotos: Arnaldo Lorençato)

Depois de atender as últimas mesas no jantar de 27 de setembro, o restaurante Massimo fechou definitivamente as portas.

Naquela noite, punha-se um ponto final na história de um dos raros expoentes da alta gastronomia paulistana.

+ Leia minha minha matéria para a edição impressa sobre o fechamento do Massimo

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+ Leia sobre a inauguração da rotisseria Felice e Maria em 2009

Aberto em 25 de janeiro de 1976, o Massimo era um projeto do calabrês Felice Ferrari, um ex-piloto da Força Aérea italiana que imigrou para o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial. Primeiro, ele abriu uma funalaria no centro da cidade. Ganhava dinheiro com a cromeação de parachoques, atividade que durou pouco. Logo migrou para restauração. Foi garçom inicialmente na churrascaria Pampa e, logo depois de treinar com a bandeja, abriu a Farroupilha, com outros sócios.Permaneceu por apenas um ano nessa casa de grelhados. Saiu desse primeiro negócio para montar a lendária Cabana, que se tornou um marco culinário no centro. A churrascaria ficava na Avenida Rio Branco e foi locais mais elegantes da cidade para saborear carnes. Foi dirigida até fechar em 1993 por Maria, mulher de Ferrari.

Com migração do comércio de luxo para os Jardins, Ferrari decidiu levar sua expertise para a vizinhança da Avenida Paulista. No terreno da Alamenda Santos, 1826, onde havia duas casas, ele ergueu um vistoso prédio ocupado pelo Massimo, restaurante batizado com o nome do segundo de seus dois filhos.Mas não chegou a vê-lo concluído, pois morreu em 1974 em decorrência de complicações causadas pelo diabetes.

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Projetado originalmente uma churrascaria, o Massimo se tornou um dos melhores restaurantes italianos que o país conheceu. Uma pessoa foi essencial nesse processo: Massimo Ferrari. Embora não seja cozinheiro, o restaurateur entende de cozinha como poucos. Sua contribuição foi fundamental para que a casa fosse reconhecida pela crítica especializada e pelo público, tendo conquistado até o início da década passada vários títulos, entre eles de melhor restaurante italiano da capital e também do Brasil.

Em agosto de 2007, Massimo se retirou do restaurante, que passou a ser conduzido por seu irmão, Venanzio, já responsável pela administração do negócio. A partir daí, a casa começou a definhar, muito embora oferecesse sempre receitas clássicas preparadas com matéria-prima de primeira e tivesse seu salão mantido de forma impecável.

Por que posso fazer essa afirmação com tanta convicção? Porque nunca excluí o Massimo de minha visitas para a edição especial “Comer & Beber”, que chega às bancas no próximo fim de semana cheia de novidades. Ia pelo menos uma vez por ano ao restaurante distante uma quadra da Avenida Paulista e a poucos metros do Parque Trianon.

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Garçons à moda antiga: atendimento impecável até o final

Estive pela última vez na casa em 21 de julho. Era um domingo e estava sozinho. Os garçons e o maître sempre muito atenciosos me apresentaram o cardápio no imenso salão, quase vazio. Apenas três outras mesas ocupadas por aqueles fieis que nunca deixaram de aparecer, nem mesmo quando o restaurante saiu do circuito da moda.

Embora a cozinha já tivesse o encanto de quando ainda era dirigida pessoalmente pelo restaurateur Massimo Ferrari — sua simpatia dava um sabor especial aos pratos –, as receitas mantinham o padrão de qualidade e continuavam a ser preparadas com produtos de qualidade.

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Depois do couvert composto por patê de fígado, manteiga, deliciosos grissinis de produção própria assim como os pães, e fatias de abobrinha grelhada ao azeite, pedi de primeiro prato o cappellini ou cabelo de anjo. A massa fresca feita no restaurante vinha com um aromático molho de tomate em pedaços com cubos de berinjela. Não era pasta alla norma, mas lembrava o vigor da receita siciliana. Uma delícia para guardar na memória.

Pedi um dos pratos mais famosos do cardápio, o grelhado dos pescadores – um misto de frutos do mar. Combinava camarão, lula, robalo fresquinho e uma ótimo lagostim.

Não, desta vez não provei o tiramisu fez fama na cidade e foi copiado à exaustão. Também pulei a tarte tatin de muito predicados, a escolhida em minha visita anterior. Fui de uma tortinha de limão de acidez discreta, coberta por um merengue montado na hora e bronzeado muito rapidamente no forno.

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Sim, o Massimo manteve a classe até o fim. Isso não o impediu de tombar, em parte por causa da clientela seduzida por outros endereços da moda, em parte por causa dos preços exorbitantes e ainda por atitudes anacrônicas de seu proprietário, Venanzio Ferrari, que insistia em não adotar práticas mais modernas de venda, como a adoção de cartões de crédito.

Ao não reabrir em 28 de setembro, encerrava-se a trajetória de uma das melhores mesas italianas do país e de uma era de glamour.

Uma seleção de onze das 51 fotos que fiz no restaurante:

Receitas e cardápio

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Ambiente do prédio de 900 metros quadrados

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