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Por Arnaldo Lorençato
O editor-sênior Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Carlos Ribeiro mantém o Na Cozinha vivo com pop-ups e prepara série de TV

Depois de uma década, o chef fechou seu restaurante brasileiro, mas faz uma de suas emblemáticas receitas em outros espaços e grava piloto de programa de TV

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 jan 2022, 14h13 - Publicado em 15 mar 2019, 19h22

É sempre uma notícia triste noticiar o fechamento de um restaurante. Mais duro ainda quando se trata de uma casa de culinária brasileira. Depois de dez anos de serviços em prol da panela nacional, o paraibano Carlos Ribeiro resolveu por um ponto final no Na Cozinha, que não desapareceu completamente. Continua vivo em evento que o chef vem preparando, como detalho mais adiante.

Tenho boas lembranças do Na Cozinha, mais de seus acepipes do que dos pratos. Eram bons os pastéis abertos de pernil suíno desfiado com requeijão, assim como as versões fechadas de vatapá e carne. Também ia bem o bolinho de arroz com queijo e vinagrete. Nenhum, porém, era páreo para o negão, bolinho de feijoada com carne-seca e couve. Vá lá, entre as sugestões principais caia bem o nhoque com quiabo e galinha caipira, chamada por Ribeiro como em sua Paraíba natal de galinha de capoeira. Também era sucesso o picadinho, que será servido nesse sábado em um outro espaço.

Com Ribeiro também fiz um dos primeiros e mais divertidos desses quase 10 anos do Blog do Lorençato. Ele recebeu a japonesa Chihiro Fukushima, que veio à cidade para fazer um curso de cozinha brasileira que o chef ministrava e também para preparar um festival com ele. Fã de buchada, levei-a ao Galinhada do Bahia. O resultado do vídeo que fiz com ela você confere clicando aqui.

Carlos e Flávia Ribeiro: chef do extinto Na Cozinha e sua irmã, braço direito na administração do restaurante (Reprodução/Instagram/Divulgação)

Ribeiro serviu a última refeição do Na Cozinha em 30 de janeiro, apenas cinco dias depois da comemoração de uma década do lugar. De acordo com a irmã e sócia, Flávia Ribeiro, o chef decidiu se aposentar.

Flávia, braços direito e esquerdo de Carlos como ele mesmo a define, está de mudança. Ela vai morar na Itália, o que pesou na decisão de encerrar as atividades. Como o chef gosta de dizer, ele não se dá com as burocracias. “Eu sou o cozinheiro que cozinha, zero administrador. Pensei: sozinho não vou aguentar”, contou. Também deixou claro que o fechamento não foi consequência de uma crise financeira.

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A casa que abrigou o restaurante, incluindo o espaço onde Ribeiro ministrava aulas, está à venda. “Estou louco para que um comprador apareça e deixe a escola comigo”, afirma o chef, que além de cozinheiro entusiasta das receitas brasileiras, é também professor. Ele voltará às salas de aula em cursos de pós-graduação e em atividades no Senac da Aclimação.

Além do retorno ao mundo acadêmico, o paraibano não pretende sair da cozinha. Recentemente, recebeu uma ligação do casal Rueda, Janaína e Jefferson (A Casa do Porco + Bar da Dona Onça), e foi convidado para cozinhar no próximo Porco Mundi, previsto para acontecer em junho.

Comida de Santo que Come: livro de Carlos Ribeiro sobre cultura gastronômica no Candomblé (Divulgação/Divulgação)

Aos sábados, o chef tem feito a estrela de seu cardápio, o picadinho, na loja de artigos de cozinha Gandalua (Rua Paulino Camasmie, 45, Paraíso), a partir das 13h. O próximo almoço está marcado para este sábado (16). O combo da receita de carne com arroz, farofa, pastel de carne e saladinha de tomate, mais, para a sobremesa, um par de bolinhos de estudante polvilhado de canela sairá por 45 reais.

Ainda que tenha feito certo mistério sobre o assunto, o chef revelou que se dedica à gravação de dois programas de TV. Um deles chama-se Arroz de Festa e é uma série mostrando vários tipos de celebrações no país. “É sobre o que se come nessas festas”, adianta. Com produção da Sripth Filmes, o piloto foi gravado em uma escola de samba na qual se preparou uma feijoada. As convidadas para compor a mesa eram as mulheres que desfilam como baianas, além de um cozinheiro. Ao longo de até 10 episódios, o  a série percorrerá pequenas celebrações de aniversário, festejos juninos e a lavagem do Bonfim. Ainda sem canal definido, deve ir ao ar em alguma TV paga entre maio ou junho. O outro programa ao qual Ribeiro se dedicada é um documentário sobre cozinha brasileira.

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Na sede da produtora, o chef deve dar início na segunda quinzena de abril ao projeto 1 x por Semana Cinema e Gastronomia. “Faremos a comida dos filmes  como Gabriela e Dona Flor”, conta. Não serão refeições, mas comidinhas para que os participantes provar diferentes experiências

Incansável, o cozinheiro ainda se decida ao lançamento de uma coleção de livros de receitas intitulados Na Cozinha com Iabá, da Editora Arolê, com as comidas de santo como tema. O primeiro deles, com previsão de lançamento em 29 de março, traz pratos dedicados a Oxum e tem preparações só de Ribeiro. Nos três livros seguintes, o chef tem três convidadas que fazem duas receitas cada uma em Iemanjá, com Ieda Matos (Casa de Ieda), e Iansã, com Bel Coelho (Clandestino), ambas de São Paulo, além de Cosme e Damião com Ana Célia (Zanzibar, Salvador-BA).

Confira o post de despedida do Na Cozinha:

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Comunicado: O Na Cozinha – Restaurante e Escola de Gastronomia vem comunicar o encerramento de suas atividades. Foram 10 anos de gratificantes experiências que tivemos com a cozinha brasileira. Trabalhamos sempre para que as riquezas de nossa terra fossem destaque em nossos menus. Ganhamos respeito pelo nosso trabalho somado a prêmios, cujo mérito dividimos com nossos funcionários, fornecedores, colaboradores, clientes, alunos, amigos, imprensa especializada e com todas as pessoas que contribuíram para que o Na Cozinha chegasse até aqui. Foi uma década de muito trabalho e dedicação mas nos reconforta saber que seremos sempre lembrados como uma cozinha brasileira afetiva, e pelo nosso adorado –e premiado– picadinho. Os irmãos Carlos e Flávia Ribeiro agradecem sua atenção e seguem sua missão em novos projetos, também ligados à cultura e à alimentação.

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Com reportagem de Gabriela Santos

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