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Por Arnaldo Lorençato
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Conversa de gulosos com Luisa Frey

Veneza em personagens e receitas A jornalista Luisa Frey, baiana de Salvador criada em São Paulo, deixou o frio cortante da cidade de Bonn onde mora e trabalha na redação online da empresa alemã de comunicação Deutsche Welle, para autografar “Ao Gosto de Veneza” (DBA, 128 páginas, R$ 28,00) na segunda (30), 19h, na Livraria […]

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Atualizado em 27 fev 2017, 12h43 - Publicado em 27 jan 2012, 21h47

Luisa: quarenta dias em Veneza para fazer 45 entrevistas reunidas em trinta horas de gravação (Foto: divulgação)

Veneza em personagens e receitas

A jornalista Luisa Frey, baiana de Salvador criada em São Paulo, deixou o frio cortante da cidade de Bonn onde mora e trabalha na redação online da empresa alemã de comunicação Deutsche Welle, para autografar “Ao Gosto de Veneza” (DBA, 128 páginas, R$ 28,00) na segunda (30), 19h, na Livraria da Vila do Jardim Paulista. Seu livro de estreia, que reúne histórias bem contadas e receitas típicas da magnífica cidade ao Norte da Itália, foi escrito em apenas três meses e apresentado no fim de 2010 como trabalho de conclusão do curso de jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina.

“Ao Gosto de Veneza”: lançamento na segunda (30) na Livraria da Vila do Jardim Paulista

Embora o texto tenha ficado pronto em pouquíssimo tempo, a intensa relação de Luisa com cidade dos doges começou em 2008, quando ela ganhou uma bolsa para estudar durante seis meses na Universidade Ca’Foscari. Desde então, a ideia de unir jornalismo e gastronomia não lhe saiu mais da cabeça. Com o firme propósito de colher informações para o livro, ela voltou para uma temporada de mais quarenta dias em Veneza no ano passado.

Antes, tomou o cuidado de entrar em contato com o historiador americano Michael Krondl, autor de “O Sabor da Conquista: Veneza, Lisboa e Amsterdã na Rota das Especiarias”, e com a jornalista Carla Caco, que assina “Venezia in Cucina” (ainda sem tradução no Brasil). Ambos, deram à jovem Luisa, 23 anos, informações e contatos preciosos na cidade.

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Depois disso, foi em busca de personagens que lhe pareceram os mais autênticos venezianos e teriam algo a dizer sobre a gastronomia local. “Queria quebrar essa visão estereotipada da cidade formada por 117 ilhotas mais de 450 pontes e 177 canais. Minha intenção era contar como era o cotidiano das pessoas que vivem ali”, diz. Luisa conseguiu inclusive atrair venezianos para sua empreitada. O artista italiano Nicola Tenderini cedeu aquarelas e receitas de “Colori e Sapori”. Outra que embarcou no projeto foi a artista americana radicada em Veneza Sally Spector. Ela autorizou o uso de receitas de seu livro “Venice & Food”.

Como você descobriu os personagens que fazem parte de seu livro?
Tinha medo da receptividade dos venezianos, que são fechados aos estrangeiros. Mas consegui entrevistar 45 pessoas em 40 dias. Ajudaram muito as indicações do Michael Krondl e da Carla Coco. Depois, os próprios entrevistados foram sugerindo outras pessoas. Em alguns casos, o processo não foi tão fácil. Queria entrevistar um peixeiro do Mercado de Rialto. Com os dois primeiros que conversei, não rendeu. Só na terceira tentativa encontrei o Marco Bergamasco, que vende apenas peixes da laguna de Veneza e do Adriático.

Qual a relação dos venezianos com os turistas?
A maioria dos moradores queixa-se que a cidade fica muito cheia durante o verão. No Mercado de Rialto, os feirantes reclamam que os turistas aparecem para fazer fotos, mas não compram os produtos vendidos por eles.

É possível provar culinária veneziana autêntica nos restaurantes de Veneza?
Essa era uma das minhas perguntas recorrentes aos meus entrevistados: há uma persistência da cozinha veneziana tradicional? Quem tem um restaurante depende dos turistas e faz muitas adaptações. As donas de casas, por exemplo, dizem que a culinária autêntica ficou confinada na casa dos moradores. Elas acham que os donos dos restaurantes não se preocupam com a autenticidade e nem com a qualidade dos produtos. Usam ingredientes congelados como peixes. Umas das exceções é o Bistrot de Venise, que procura recuperar pratos do século XIV ao XVIII, muitos deles repletos de especiarias. Tanto que uma das receitas que publiquei foi retirada do livro “Saveurs et senteurs de la Sérénissime”, obra escrita e ilustrada pela francesa Michèle Teysseyre. Ela auxiliou o restaurateur Sergio Fragiacomo, dono do restaurante, em sua pesquisa sobre o receituário histórico veneziano.

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Onde você conheceu Sally Spector e Nicola Tenderini, autores das receitas de seu livro?
Sally Spector é uma artista americana que escreveu e ilustrou o livro “Venezia e i suoi Sapori” (“Venice & Food”, na versão em inglês). Fiquei sabendo do livro dela por indicação de um livreiro da cidade, que também me contou que Sally vivia em Veneza. Encontrei seu número na lista telefônica e, então, ela me recebeu em sua casa. Sua ex-cunhada, a dona de casa de 81 anos Anna Canal, também virou personagem do livro. Conheci Nicola Tenderini o artista veneziano por acaso, ao passar diante de sua pequena galeria ao lado do Mercado de Rialto e ser cativada por suas lindas aquarelas inspiradas em paisagens da cidade. Nos tornamos amigos, ele cedeu não só as receitas que estão no livro “Colori e Sapori”, como as diversas ilustrações que já tinha prontas. Além disso, confeccionou um mapa exclusivamente para o meu livro.

Uma barca-quitanda em aquarela do artista Nicola Tenderini

Para fazer em casa

Receita do confeiteiro Giorgio Garbo

Bussolà ou esse di burano
Ingredientes
1 kg de farinha de trigo
600 g de açúcar
12 gemas
300 g de manteiga em temperatura ambiente
½ colher (chá) de essência de baunilha
raspas de 1 limão
Modo de preparar
Misture a farinha e o açúcar e disponha sobre uma superfície limpa. Acrescente as gemas e misture bem. Adicione a manteiga, a baunilha e as raspas e misture até obter uma massa homogênea e maleável. Forme rosquinhas ou biscoitos em forma de “esse” ou qualquer outra que desejar. Asse os biscoitos por cerca de 15 minutos em uma forma untada. Os bussolai tradicionais na forma de rosquinha têm de 5 a 20 cm de diâmetro, os “S” têm cerca de 10 cm de comprimento e são ideais para mergulhar em qualquer bebida.

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