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Parque Linear Córrego do Bispo começa a tomar forma na Zona Norte

Área de 600 mil metros quadrados é um oásis encravado na encosta da Serra da Cantareira

Por Clayton Freitas
11 ago 2022, 06h00

Uma área verde de 600 000 metros quadrados encravada na encosta da Serra da Cantareira e dividida ao meio pelo esqueleto das obras do Rodoanel Norte finalmente começa a receber melhorias e dar forma ao Parque do Córrego do Bispo, criado por decreto em 2008 e que deve abrir as suas portas até 2024.

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Quando totalmente concluído, o parque terá núcleos distintos, oferecendo opções de lazer, que incluem playgrounds, redário, área de piquenique, lagos e trilhas para caminhada, e ainda reservas de patrimônio ambiental e histórico, que também poderão ser visitados, só que de forma monitorada.

Independente de qual for a opção do visitante, o que mais deve chamar a atenção é a beleza da vista, já que muitos exemplares são nativos da Mata Atlântica. Um dos destaques é um bosque de jabuticabeiras centenárias, que dão frutos muito maiores e mais doces que similares mais novos.

Igreja que ficava ao lado do casarão, hoje em ruínas, dentro da área verde
Igreja que ficava ao lado do casarão, hoje em ruínas, dentro da área verde (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Além de ser uma opção de lazer, o local tem grande importância ambiental, já que por lá já foram avistadas onças, jararacas, coró-coró (ave da família dos pelicanoformes), e até gato mourisco, uma espécie já em extinção. Quem encontrou esses e o outros bichos por lá foi João Póvoa, de 63 anos, o administrador do parque. Ex-empresário que posteriormente coordenou a área de esportes da subprefeitura de Santana, na Zona Norte, Póvoa está à frente do local desde 2017. Quando chegou, literalmente era tudo mato, e ainda muito entulho e carcaças de moto, carros e até corpos de vítimas de violência desovados na mata. “Vim com a missão de implantar o parque, e nesse caminho enfrentamos muita coisa aqui, até caçadores”, afirma.

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Questionado se não teme pela sua segurança, ele confessa já ter recebido várias ameaças de morte, porém, afirma que o medo que sente é muito menor do que seu foco no desafio de colocar o parque de pé. “Se eu não gostasse de desafios, não correria ultramatonas de cem quilômetros”, diz Povoa, um veterano corredor de longas distâncias  nas montanhas que já participou de provas ao redor do mundo.

Guardião da mata: João Póvoa (com caixa na mão), é o administrador do parque; na imagem, ele entrega ave ferida localizada na mata para que seja tratada
Guardião da mata: João Póvoa (com caixa na mão), é o administrador do parque; na imagem, ele entrega ave ferida localizada na mata para que seja tratada (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Ele é quem coordena todo o trabalho no local, desde a contratação dos seguranças, equipes que fazem o manejo e também replantio de árvores nativas. “Estamos refazendo tudo como era há 120 anos”, diz.

Já foram plantadas mais de 20 000 árvores de oitenta espécies diferentes. Todas foram bancadas por empresas que cometeram algum dano ambiental e firmaram acordos de compensação, seja com a Justiça ou Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. O local conta ainda com criação de passagens entre os diferentes ambientes, que poderão ser usados no futuro para caminhada, e escavações para a recuperação dos lagos  já começaram. A licitação para escolha da empresa que deve erguer as estruturas das áreas de lazer deve ser feita ainda neste ano.

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Segundo Rodolfo Rodrigues de Almeida,  mestre em história social pela PUC-SP e seminarista da Arquidiocese de São Paulo, o Parque Linear do Córrego do Bispo está numa área  remanescente de uma grande gleba que deu origem a muitos bairros da Zona Norte. A área verde pertencia à Igreja Católica no meio do século XIX, que por lá instalou um local de lazer e retiro para os seminaristas em férias. Além de grandes construções, eles instalaram capelas e até lagos artificiais.

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Mais tarde o local foi comprado por uma família, que por lá instalou algumas atividades industriais, entre elas uma olaria de tijolos e também um moedor de cana para a indústria de aguardente. No ano de 1985, uma viação de ônibus chegou a adquirir o espaço para construir uma garagem, o que, para sorte do local, nunca aconteceu, já que a área foi desapropriada pela prefeitura para a criação do parque.

Em visita ao local no início de agosto, a Vejinha constatou que ainda existem alguns resquícios dessa rica história. O grande casarão já não existe mais, só suas ruínas, além do que sobrou de  uma igreja que ficava ao dele. Outra curiosidade é uma capela erguida em 1865 no meio de uma encosta. A previsão é a igreja e capela sejam restauradas. A exuberância da beleza de árvores do local é de encher os olhos, bem como a sinfonia de diferentes cantos de pássaros. A administração do parque afirmou que uma equipe especializada  já catalogou mais de sessenta espécies.

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Publicado em VEJA São Paulo de 17 de agosto de 2022, edição nº 2802

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