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As histórias curiosas por trás das capas de livros como Torto Arado

Os artistas que ilustraram o abre-alas de publicações como a recém-lançada Enciclopédia Negra

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 Maio 2021, 15h38 - Publicado em 9 abr 2021, 06h00

Novo olhar para Afra

A imagem de uma pintura da paulistana Mônica Ventura, 36 anos, estampa a Enciclopédia Negra: Biografias Afro-Brasileiras (Companhia das Letras; R$ 89,90), título organizado por Flávio dos Santos Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz. A publicação traz mais de 400 verbetes sobre personagens deixados de lado pela história oficial. Uma delas é Afra, que foi retratada por Mônica. “Foi um exercício de imaginação, também busquei na internet referências de mulheres negras com pele retinta para criá-la”, explica a artista.

Capa do livro Enciclopédia Negra: Biografias Afro-Brasileiras (Companhia das Letras). Mostra a imagem de uma pintura de uma mulher negra vestindo turbante
Enciclopédia Negra: Biografias Afro-Brasileiras (Companhia das Letras) (Divulgação/Divulgação)

Modificação consentida

A capa do livro O Som do Rugido da Onça (Companhia das Letras; R$ 54,90), da pernambucana Micheliny Verunschk, nasceu de uma pintura do roraimense Jaider Esbell, 42 anos, chamada O Clã das Onças (2020). “A obra já estava pronta. Pedi então permissão para usá-la. Também ficou acordado que alteraríamos as cores originais”, detalha Alceu Chiesorin Nunes, diretor de arte da editora, responsável pela diagramação do título, que traz a história de duas crianças indígenas que foram raptadas no século XIX.

Capa do livro O Som do Rugido da Onça (Companhia das Letras). Mostra ilustração de oito onças de mesmo tamanho, mas cores diferentes, na vertical
O Som do Rugido da Onça (Companhia das Letras; R$ 54,90) (Divulgação/Divulgação)

Busca no céu

O paulistano Fernando Vilela, 47 anos, assina as ilustrações da capa (e do miolo) do livro infantil Anna e o Balão (Dark Side Books; R$ 54,90). O título, escrito por Ferréz, tem Anna como protagonista. Trata-se de uma garotinha que perdeu o pai e que, sem entender muito como é essa coisa chamada morte, vai em busca dele pelo céu, em uma viagem de balão. “Construí as ilustrações com gravura em madeira e carimbos, técnicas que têm mais espaço para o improviso, trazendo assim mais leveza ao trabalho”, diz Vilela.

Capa do livro Anna e o Balão (Dark Side Books). Mostra uma ilustração de uma pequena menina encarando um enorme balão
Anna e o Balão (Dark Side Books) (Divulgação/Divulgação)

Facões verdes

“Este desenho é uma releitura de uma fotografia com duas mulheres empunhando facões”, inicia a paulistana Linoca Souza, 31 anos, que fez a ilustração da capa do romance best-seller Torto Arado (Todavia; R$ 57,90). “Não sabia de quem era, mas depois descobri que tinha sido feita pelo fotógrafo italiano Giovanni Marrozzini e que era parte de uma série realizada no país africano de Camarões em 2010”, acrescenta ela, que substitui os objetos cortantes por folhas de espada de Santa Bárbara. “Essa planta tem muita força, mesmo com poucos cuidados, sobrevive em diferentes solos”, conclui a artista.

Capa de Torto Arado (Todavia). Mostra uma ilustração de duas mulheres negras segurando duas plantas espada-de-santa-barbara
Torto Arado (Todavia) (Divulgação/Divulgação)

Enredo hipnótico

Ninguém continua o mesmo depois de ler Torto Arado, criação do baiano Itamar Vieira Junior. É hipnótico. Cinematográfico. Desconcertante. Logo nas páginas iniciais, brilha no ar a lâmina de uma faca escondida em uma mala e embrulhada num pano encardido em sangue. Um acidente acontece em seguida. Entra-se em um torvelinho. Não há mais como sair dele. Por isso, sorvi num único gole a história de Bibiana e Belonísia.

Dividida em três partes, a prosa poética edifica a trajetória dessas irmãs, mulheres fortes, lavradoras da Chapada Diamantina, quilombolas que vislumbram um futuro melhor. Itamar foge de armadilhas fáceis, não fala como as personagens, esquiva-se do caricato. Com linguagem sonora, musical, Torto Arado é para ser lido em voz alta. E seu refinado autor, premiado com o LeYa e o Jabuti, vem a ser a promessa de um dos grandes nomes da literatura brasileira do século XXI. ARNALDO LORENÇATO

 

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Publicado em VEJA São Paulo de 14 de abril de 2021, edição nº 2733

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