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“Nosso primeiro encontro foi na exposição da Anita Malfatti”

Recém-saídos de relacionamentos longos, Andrea Lombardi, que trabalhava em museu, e David Magila, que é artista, começaram relacionamento

Por Andrea Lombardi, 35 anos, em depoimento a Tatiane de Assis
16 out 2020, 03h05

“A gente tinha muitos amigos em comum nas artes visuais, quase uns duzentos, mas nunca se encontrou pessoalmente. O David havia me adicionado no Facebook bem lá nos primórdios da rede social. Um dia, me avistou na Feira Plana. Logo depois era meu aniversário, então aproveitou para me dar parabéns virtual e falar que tinha me visto. Perguntei por que ele não me abordou. Nessa época, não tinha muito clima para a gente se aproximar, ele estava acabando um casamento de sete anos, chorava em cima das coisas que vendia na banquinha lá na feira. Brincadeira. Eu também estava prestes a terminar um namoro, que do mesmo modo tinha durado sete anos.

A nossa conversa acabou se encaminhando para assuntos relacionados ao trabalho. David é artista, e eu, naquela época, trabalhava no Museu de Arte Moderna. Ele achou muito legal meu emprego e eu o convidei para ir lá um dia, ver a exposição da Anita Malfatti que estava em cartaz. Era o ano de 2017. Não demorou nem uma semana e ele apareceu. Alguém chegou e me disse: ‘O David está lá fora, quer falar com você’. Levei um susto e fui encontrá-lo. Fiquei um pouco nervosa, mas fiz uma visita guiada para ele no MAM e depois fomos tomar um café. Ele tem no Instagram uma foto daquele dia, da tela A Estudante (1916), uma das mais importantes da Anita, que a gente viu juntos na mostra. Ainda sentamos no Jardim de Esculturas, projetado pelo Burle Marx (1909- 1994), e conversamos mais um pouco, foi supergostoso. Mas foi rápido, durou cerca de quarenta minutos. Não rolou beijo nem abraço, afinal, eu estava no meio do meu expediente. No final, o presenteei com um catálogo da Adriana Varejão, queria causar boa impressão.

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Andrea fotografa David pintando sua casa: parceria na parede (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Nosso segundo encontro foi uns quinze dias depois, na SP-Arte, lá no Pavilhão da Bienal no Parque Ibirapuera. Não tínhamos o WhatsApp um do outro, mas sabíamos que nos veríamos por lá. Depois que nos encontramos, estávamos com nossos amigos, ficamos sozinhos e passeamos pela feira. Tinha um barzinho lá também, então ficamos conversando. Nesse dia, já demos mais sinais de que estávamos interessados, mas ainda não aconteceu nada. Dei uma carona para ele na volta e ponto-final. Só foi rolar um beijo semanas depois, em uma festa temática sobre Belém do Pará, lá no Mundo Pensante, que ficava na Rua Treze de Maio. Havia quatro dias que eu tinha terminado meu namoro.

Conhecer o David foi algo inesperado. Minha vida estava confusa, mas sentia ao mesmo tempo que não podia deixar ele passar. Eu nem imaginava que iria namorar, mas sentia que queria estar com ele. O David é muito leve e tranquilo.

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Quando ganhei uma bolsa para trabalhar no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Maat), em Lisboa, também em 2017, ele me acompanhou. Ficou por lá, conhecendo galerias. Em fevereiro do ano passado, fomos morar juntos. Quando comprei meu apartamento na Avenida São João, pedi para ele pintar algo. David fez um mancha rosa, a mancha dele, que até hoje pode ser vista.

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Encontro na SP-Arte: romance em museus e feiras (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Temos muita sintonia, então não discutimos. Mas se engana quem acha que é uma relação morna, não é não. Como trabalhamos na área cultural, que é muito instável, é muito bom ter tranquilidade nessa parte da vida. Somos também muito parceiros, ajudo eles nos editais, reviso os textos.

Eu sempre gostei de ir a abertura, vernissage, só que esse é parte do trabalho dele. Antes, eu andava mais com o pessoal institucional, ligado aos museus. O David me deu muitos amigos artistas. Nosso gosto musical também é parecido. Gostamos do Mac DeMarco, de Pixies e também daquele estilo dance dos anos 90. Ele tem 41 anos, foi muito em balada eletrônica. Adorava a Over Night, na Mooca. Eu também ia, mas na matinê, tenho 35. Quando a gente é mais novo, cinco anos faz muita diferença.

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Nós levamos muito a sério a quarentena. Então, quando acabar a pandemia, queremos ir a um bar, encontrar os amigos. O último evento em que estivemos foi no dia 14 de março, a abertura de uma exposição em um espaço independente, o Massapê Projetos, que fica no bairro de Santa Cecília. Depois fomos a um show de punk da banda de um amigo dele, chamada Perjúrio. Foi um dia alegre, bonito.

Nos meus outros relacionamentos eu não tinha chegado a esse nível de fazer planos para o futuro. Com David, eu faço. Pensamos em morar fora mais para a frente. A profissão dele nos propicia isso, ele pode produzir em qualquer lugar, então dá para acompanhar o outro pelo mundo.”

Publicado em VEJA São Paulo de 22 de outubro de 2020, edição nº 2709.

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