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Polícia reforça patrulhas e faz investigações na cidade

Diante de nova onda de ataques, as tropas estão em estado de alerta para descobrir se há conexão entre os crimes

Por Claudia Jordão
Atualizado em 5 dez 2016, 17h03 - Publicado em 30 jun 2012, 00h51

“Estamos sendo intimidados. Passam em nossa casa, param o carro, abrem o vidro e ficam encarando como se falassem: ‘Eu sei quem você é, onde você mora e conheço a sua rotina’”, diz um cabo da Polícia Militar, de 29 anos, responsável por rondas na Zona Leste. Outro colega de corporação, um soldado de 28 anos do efetivo da região central, conta que tem tomado cuidados extras. “Recebemos instruções de nossos superiores para alternar o nosso itinerário de casa para o trabalho, usar colete à prova de bala até mesmo à paisana, não postar foto de farda na internet e evitar bicos”, afirma. Depoimentos como esses ilustram o estado de alerta em que se encontra a tropa de aproximadamente 35.000 PMs da metrópole, alvos principais de uma nova onda de banditismo na capital.
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Nas últimas duas semanas, seis policiais foram mortos fora de seu horário de serviço. Além disso, criminosos atacaram bases e veículos da corporação e atearam fogo em dez coletivos na Grande São Paulo. Em bairros onde ocorreram esses incêndios, como o do Sacomã, na Zona Sul, comerciantes e escolas fecharam as portas mais cedo na semana passada. Assustadas com as ocorrências, algumas empresas de transporte retiraram seus veículos de linha à noite. A falta de coletivos provocou protestos de usuários, que bloquearam a Avenida Cruzeiro do Sul, na Zona Norte, na madrugada da última quarta (27).

Nelson Antoine/Fotoarena

Incêndio de ônibus no Sacomã: as ações prejudicaram o transporte

A situação disseminou o receio de que o volume de ações dos bandidos repita o clima de terror ocorrido em maio de 2006. Naquela ocasião, uma facção criminosa, seguindo ordens de líderes dentro das penitenciárias, metralhou viaturas, postos da PM e delegacias na cidade. Os ataques em série resultaram na morte de 43 membros das forças de segurança em nove dias. O atual secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, descarta que os recentes atentados estejam sendo orquestrados pela mesma facção. “Nosso serviço de inteligência afastou completamente essa hipótese”, afirma. “Estamos investigando se são coisas isoladas ou comandadas pela mesma pessoa ou grupo. Isso pode estar sendo movido por revanchismo contra o trabalho dos nossos homens nas ruas.”
Uma das possibilidades levantadas por especialistas é que os delitos seriam uma represália de criminosos contra uma ação de integrantes da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Em maio, alguns policiais desse grupo de elite mataram seis suspeitos na Zona Leste após uma troca de tiros. Cinco morreram no confronto e o último deles, em vez de ser levado para um hospital para tratar os ferimentos, acabou sendo carregado para as margens da Rodovia Ayrton Senna, onde teria sido torturado e executado. Três integrantes da Rota envolvidos nesse episódio foram presos. O que morreu na Ayrton Senna era suspeito de haver assassinado um PM em abril.
Para fazer frente a essa onda de banditismo, a Secretaria de Segurança intensificou o patrulhamento ostensivo. “Deslocamos policiais dos setores administrativos para realizar rondas noturnas, aumentando em 20% o efetivo nesse período do dia”, diz o coronel Marcos Chaves, comandante do policiamento da capital. Dependendo da gravidade da ocorrência, são deslocadas até três viaturas para a averiguação. No domingo (24), durante a operação Cavalo de Aço, mais de 13.000 pessoas foram abordadas nas ruas e 3.192 veículos, vistoriados durante blitze.
Em paralelo, as autoridades investigam a motivação e a autoria dos ataques. Além do setor de inteligência da PM, estão envolvidos no esforço vários profissionais do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic). “Só com a prisão de envolvidos é possível saber se há conexão entre as várias ações”, afirma o delegado-geral da Polícia Civil Marcos Carneiro. Na semana passada, foi detido um suspeito de matar um PM na Zona Sul e identificados outros dois supostos envolvidos em casos semelhantes. “Desvendar os crimes é nossa prioridade”, resume Carneiro. A população espera justamente esse tipo de reação para que não se repita por aqui um pesadelo semelhante ao de 2006.
AÇÃO E REAÇÃO
Os principais crimes…Mortes de policiais
Seis PMs foram assassinados em dez dias — cinco deles na capital. O último foi Joaquim Carvalho, de 45 anos, que perdeu a vida na manhã do sábado (23) em frente à garagem onde fazia bico como segurança, em Ferraz de Vasconcelos
Atentados a ônibus
Dez coletivos foram incendiados na Grande São Paulo e um em São Vicente no período de seis dias. Os ataques mais recentes ocorreram nas zonas Norte e Sul e no município de Ferraz de Vasconcelos
…e as medidas da políciaForça-tarefa na investigação
As polícias militar e civil trabalham juntas na caça aos responsáveis pelos atentados. Amparados pelos setores de inteligência e com a ajuda do Disque-Denúncia, o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e o Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) estão com várias equipes nas ruas. Um suspeito foi preso e outros dois, identificados
Mais efetivo nas ruas
A Polícia Militar suspendeu a folga de parte de seus homens e aumentou em 20% o número de policiais no turno da noite na capital. A Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) levou cinquenta viaturas a mais para o patrulhamento na cidade e as blitze foram intensificadas no estado. O saldo da Operação Cavalo de Aço, que ocorreu no domingo (24), foi de 13.289 pessoas abordadas, 3.192 veículos vistoriados, 82 flagrantes registrados e dez procurados capturados

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