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Marisa Orth se considera Morticia desde sempre

A atriz estreia nos musicais com "A Família Addams"

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 1 jun 2017, 18h19 - Publicado em 24 fev 2012, 23h50

Recém-formada pela Escola de Arte Dramática (EAD), da USP, considerando-se “um papel em branco, capaz de encarar qualquer personagem”, a atriz paulistana Marisa Orth chegou a uma garagem do bairro da Pompeia para encontrar uns amigos e discutir ideias. Saiu como uma das vocalistas da banda Luni, que, entre 1986 e 1990, movimentou a cena alternativa com shows carregados de performances. “Naquela época, ninguém precisava ser um virtuose, o que valia era o discurso, e embarquei na história sem pensar a longo prazo”, lembra Marisa.

No primeiro show, em um misto de cantora e atriz, ela surgiu em cena completamente gótica, com uma gola cobrindo o pescoço, botas de cano alto e maquiagem sombria. A inspiração vinha de Morticia, a bizarra matriarca criada pelo cartunista Charles Addams na década de 30 para as tirinhas batizadas de “A Família Addams”, que virou série televisiva nos anos 60 e já era cultuada antes mesmo da versão cinematográfica protagonizada por Anjelica Huston em 1991.

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Mais de duas décadas depois, consagrada como atriz e com três discos gravados, Marisa tem a missão de convencer o público de que, finalmente, é Morticia. A partir de sexta (2), noite marcada para a estreia do musical “A Família Addams”, Marisa Orth vai contracenar com Daniel Boaventura, que interpreta Gomez, seu marido na ficção, e mais 25 atores no espetáculo orçado em 25 milhões de reais, o mais caro produzido no Teatro Abril desde sua inauguração, em 2001.

Apesar da popularidade, a atriz não foi poupada das audições para a definição do elenco. “Afinal, os diretores americanos responsáveis não faziam ideia de quem eu era”, afirma ela, que, em 25 anos de carreira, enfileira novelas, filmes e peças, mas será sempre lembrada como a Magda do seriado “Sai de Baixo” (1996-2002). Além da Luni, Marisa integrou na década de 90 a banda Vexame, especializada em clássicos bregas, na pele de Maralu Menezes. “Tive a chance de aprender a cantar de verdade imitando uma cantora, e isso foi fundamental porque podia me expor sem constrangimentos.”

Marisa tem cumprido uma espartana rotina de ensaios e perdeu 5 quilos em três meses. São oito horas diárias, com uma folga semanal e intervalos cronometrados para o jantar, sem regalias por ser um nome famoso. “Isso é o que de melhor podia acontecer para afinar meu sangue”, reconhece. “Não há ego por ali, apenas trabalhadores em busca de um resultado e sem se esquecer da gentileza.”

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Para se transformar na personagem, ela passa por uma hora de maquiagem, que, além da peruca e dos cílios postiços, inclui empalidecimento do rosto, do colo e dos braços. No palco, ela interpreta duas canções, participa de cinco números coletivos e puxa pela memória a década em que estudou balé clássico, entre a infância e a adolescência, para tornar mais delicados seus passos. “Já havia escrito algumas letras, mas, depois que soube da sua escalação, tudo tomou outro colorido, pois eu sabia que estava lidando com uma comediante de classe, capaz de pausas particulares e que torna cada palavra um petardo de graça e ironia”, afirma Claudio Botelho, responsável pela adaptação brasileira.

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Com a estrada e a maturidade, Marisa, aos 48 anos, perdeu a ilusão de que um ator precisa caber em qualquer papel e tem consciência de que algumas marcas estarão sempre associadas ao seu nome. A voz de meio-soprano (uma variação entre o grave e o agudo) e um visual de fácil adaptação costumam contar a seu favor. “Não sou tão bonita nem tão horrorosa, alguns me acham cômica demais para ser trágica, e carrego muito drama para uma humorista. Sou uma mistura de coisas”, define-se. A lesada e boazuda Magda do “Sai de Baixo” é vista até hoje como uma bênção. “Como vou dizer que Magda limitou minha carreira? Além da fama, ela me trouxe a possibilidade de acompanhar de perto os primeiros anos de meu filho, já que gravava em São Paulo”, afirma, referindo-se a João Antônio, que, aos 13 anos, demonstra talento nas aulas de piano. João Antônio, aliás, e o namorado de Marisa, o percussionista Dalua, não conseguiram ver sequer um ensaio de “A Família Addams”. “Os diretores não deixaram”, lamenta o menino. “Eles justificaram dizendo que eu ia ficar me exibindo para meu filho”, diz ela, rindo. “Talvez tenham razão.”

A Família Addams - 2258
A Família Addams – 2258 ()
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Temporada de musicais

“Tim Maia — Vale Tudo, o Musical”: Tiago Abravanel interpreta o cantor e compositor carioca e apresenta seus grandes sucessos. Estreia em 9 de março no Teatro Procópio Ferreira. Ingressos de 50 a 150 reais.

“Priscilla, Rainha do Deserto”: sucesso no cinema, a história de três drags que atravessam as estradas em um ônibus de excursão entra em cartaz no Teatro Bradesco em 17 de março. Ingressos de 80 a 250 reais.

“Um Violinista no Telhado”: José Mayer está à frente de 43 atores na produção dirigida por Charles Möeller e Claudio Botelho. A partir de 16 de março no Teatro Alfa. Ingressos de 40 a 200 reais.

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