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Verador Aurélio Miguel é o campeão nas críticas à prefeitura

Para os adversários políticos, ex-judoca está somente jogando para a torcida

Por Mauricio Xavier
Atualizado em 5 dez 2016, 17h31 - Publicado em 16 dez 2011, 23h51

No sangue catalão da família de Aurélio Miguel corre o gosto pelo confronto. Seu pai, Miguel Marin, alistou-se em 1936 para lutar na Guerra Civil Espanhola contra o general Francisco Franco. Tinha 16 anos quando foi atingido por uma granada, que lhe deixou sequelas em um olho. Em 1968, ele obrigaria seu filho de 4 anos a vestir um quimono pela primeira vez. O início precoce rendeu, duas décadas depois, a primeira medalha de ouro olímpica do judô brasileiro, nos Jogos de Seul, em 1988, na categoria meio-pesado. Durante a carreira esportiva, encerrada em 2001, Aurélio não combateu só no tatame. Por criticar dirigentes, diz ter sido cortado dos Jogos de Los Angeles, em 1984, e rompeu com a confederação brasileira da modalidade em 1989. Há três anos, direcionou sua carga ao São Paulo, clube do coração: derrotado na eleição para o comando tricolor, tornou- se adversário do presidente Juvenal Juvêncio. Aos 47 anos, com patrimônio declarado de 1,7 milhão de reais, pai de dois filhos e no segundo mandato como vereador, esse ânimo para a batalha não arrefeceu: partem dele algumas das críticas mais duras feitas na Câmara a Gilberto Kassab.

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O embate mais recente ocorreu no dia 8, durante a aprovação do aumento salarial dos subprefeitos em 193%. Miguel foi um dos onze membros do Legislativo municipal a se posicionar contra o projeto, que passou com 37 votos. Ele já havia adotado postura semelhante em novembro, no caso do reajuste nos vencimentos dos próprios 55 vereadores da atual legislatura, para 11.000 reais. Apesar de não ter participado da sessão — alegou compromisso particular —, reclamou da suposta ilegalidade da medida e declarou que pretende devolver ou doar os quase 2.000 reais a mais que receberá. Em meses anteriores, o ex-judoca foi contrário a diversos projetos-chave do Executivo, como a concessão de incentivos fiscais de 420 milhões de reais ao estádio Itaquerão, a construção de um centro de eventos em Pirituba e a venda do “quadrilátero da cultura”, terreno público no Itaim Bibi, à iniciativa privada — nesse último caso, conseguiu uma liminar que impede, ao menos provisoriamente, a concretização do negócio.

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Nos corredores do Palácio Anchieta diz-se que o brigão do PR é persona non grata na prefeitura por conta da saraivada de críticas. Mas, como a base governista tem ampla maioria na Câmara, a realidade é que toda essa oposição vem sendo praticamente inócua. “Os projetos do Kassab passam por aqui sem que se altere uma vírgula, ele aprova o que quer”, admite Aurélio, enquanto agarra uma calculadora em seu gabinete para apontar hipotéticas falhas nas contas municipais. “Quando o Legislativo passa a não ter independência em relação ao Executivo, o processo democrático fica comprometido.”

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Para alguns, as motivações são oportunistas. “Sua oposição não é sistemática, é episódica. Só surgiu neste ano, após a saída da presidência da Câmara de Antonio Carlos Rodrigues, de seu partido”, cutuca Claudio Fonseca, do PPS. “Com a volta do PR para a mesa diretora, isso vai mudar”, completa, destacando a eleição de Toninho Paiva para segundo-secretário, na quinta (15). Há quem veja apenas interesse eleitoreiro na postura combativa: ele estaria fazendo barulho para tentar uma vaga na Assembleia Legislativa. “O destino vai dizer se irei me candidatar”, desconversa Aurélio. Em tese, Adilson Amadeu (PTB) e os onze vereadores do PT também integram o bloco de oposição a Kassab, mas os holofotes estão sobre o faixa preta. “Ele tem mais destaque pela presença constante no microfone do plenário e por ser conhecido do público”, diz Chico Macena, do PT.

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Golpes verbais

Confira alguns embates recentes do ex-judoca

Aumento salarial

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A Câmara reajustou os vencimentos dos subprefeitos em 193%

“Por que os concursados que tocam as subprefeituras não receberam o mesmo benefício?”

Incentivos ao Itaquerão

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O estádio do Corinthians terá desconto em impostos de 420 milhões de reais

“Não se pode repassar recurso público para entidades privadas, isso é inconstitucional”

Quarteirão do Itaim

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Uma liminar barrou venda de área pública em troca da construção de creches

“Uma parceria com o governo federal renderia 140 creches na cidade e nunca foi assinada”

Criação do Piritubão

A construção do centro de eventos Expo-SP foi aprovada na terça (13)

“Vão usar área de proteção ambiental sem discussão, empurrando goela abaixo”

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