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Preciosidades perdidas

Por Ivan Angelo
Atualizado em 5 dez 2016, 18h40 - Publicado em 30 jul 2010, 22h15

“Já é hora de dormir / Não espere mamãe mandar / Um bom sono pra você / E um alegre despertar.”

(Recomendação cantada na televisão todos os dias às 21 horas, patrocinada por um fabricante de cobertores, e cujo objetivo era ajudar os pais a botar as crianças na cama, evitando que assistissem a programas impróprios transmitidos a partir daquele horário. Na imagem aparecia uma simpática corujinha.)

[Os motoristas] “usarão o sinal de alarme uma só vez. Se porém o sinal for insuficiente para remover o perigo, deverão parar sem que lhes seja lícito substituir a parada pela repetição dos sinais ruidosos”.

(Lei do Sossego, de abril de 1915, aprovada para coibir o abuso de buzinas pelos motoristas da cidade de São Paulo; projeto apresentado pelo vereador José de Alcântara Machado.)

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“Art. 60 — Mendigar, por ociosidade ou cupidez: Pena — prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses. Parágrafo único — Aumenta-se a pena de um sexto a um terço, se a contravenção é praticada: a) de modo vexatório, ameaçador ou fraudulento; b) mediante simulação de moléstia ou deformidade; c) em companhia de alienado ou de menor de 18 (dezoito) anos.”

(Lei das Contravenções Penais, de 6 de outubro de 1941. Artigo questionado por alguns, sob o argumento de que penaliza quem já sofre a pena da miséria; o artigo, porém, só cita quem mendigar “por ociosidade ou cupidez”, agravada pela prática de simulação.)

“Antigamente a escola era risonha e franca.”

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(Primeiro verso de ‘O Estudante Alsaciano’, de Acácio Antunes, poema muito popular nas escolas públicas na primeira metade do século passado.)

“Os passeios deverão ser mantidos (pelo proprietário do terreno) em perfeito estado de conservação, para que os pedestres neles transitem com segurança, resguardados também seus aspectos estéticos e harmônicos.”

(Lei municipal nº 10508/88, artigo 18, que regula a conservação das calçadas paulistanas.)

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“Sujismundo é um desses sujeitos que não se preocupam com a limpeza. [Na imagem do desenho animado, ele aparece jogando lixo nas ruas despreocupadamente.] E não respeita o trabalho dos outros. O gari já o conhece e sabe que, por causa dele, vai trabalhar muito mais. Sujismundo não respeita o bem comum.”

(Parte do texto da campanha educativa veiculada na televisão e nos cinemas, em 1972, na qual o personagem do desenho animado ‘Sujismundo’ aparecia jogando lixo por onde passava, ora na rua, ora na escola, na praia e no trabalho, sempre se dando mal no fim, quando entrava o slogan “Povo desenvolvido é povo limpo”.)

“É proibido perturbar o sossego e o bem-estar públicos e da vizinhança com sons de qualquer natureza que ultrapassem os níveis previstos para as diferentes zonas de uso e horários na presente Lei e seus regulamentos.”

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(Lei nº 8106, 30 de agosto de 1974, art. 1º)

“Fica proibido o trânsito de veículos, no Município de São Paulo, que não possuam o dispositivo silencioso de escapamento conforme o fornecido pelos respectivos fabricantes.”

(Lei nº 8106, 30 de agosto de 1974, art. 11º)

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“O Rio Tietê, de água limpa cheia de peixe, servia de clube ou praia para os paulistanos. Havia pesca, passeio, remo, natação, ginástica e saltos. […] Quando a competição da Travessia se firmou e ganhou estrutura e formato mais constantes, ficou acertado um trajeto de cinco quilômetros e meio, com a saída lá perto da ponte de Vila Maria e a chegada em frente ao Espéria. O leito do rio seguia um curso sinuoso, margeado por vilas de pescadores e vegetação ribeirinha. […] A Travessia chegou a ter perto de dois mil participantes, dos quais uns cento e cinquenta eram mulheres.”

(Trecho de ‘Travessia de São Paulo a Nado’, de Pedro Junqueira, para o site Best Swiming, sobre a prova anual de natação que tinha esse nome, realizada de 1924 a 1944. Depois, a cidade estragou seu belo rio.)

Algumas dessas preciosidades foram perdidas porque caducaram; outras, porque fomos deixando de dar importância ao que elas significaram: civilização.

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