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Esquadrão da Moda: Isabella Fiorentino ensina a fazer as pazes com o guarda-roupa

Bem-sucedida nas passarelas, paulistana de 31 anos conquista lugar no SBT com versão brasileira do reality show britânico

Por Alvaro Leme
18 set 2009, 20h27

Sapato que cobre o peito do pé faz mulheres baixinhas parecer ainda menores. Combinar a cor da bolsa com a do sapato, hoje em dia, não se usa mais. E sabia que existe idade máxima para vestir calça legging branca? “Acima dos 10 anos, já fica ridículo”, afirma a modelo Isabella Fiorentino, que desde março dá lições como essas no Esquadrão da Moda. Trata-se da versão brasileira de um reality show britânico What Not to Wear (O que Não Vestir), famoso por reformular o visual de pessoas consideradas cafonas. Exibido aqui pelo SBT, o programa surpreendeu não só pelo bom ibope (na faixa dos 7 pontos, o que o coloca entre as maiores audiências do canal) como também por atrair um público qualificado (35% de seus telespectadores pertencem às classes A e B). Para a emissora, isso significa faturamento polpudo com anunciantes e patrocinadores. Para Isabella, a chance de concretizar uma sonhada transição das passarelas para a televisão. “Não troco por nada esta fase”, diz. “Chego em casa realizada.”

Parte dessa alegria se deve à paixão com que encarou a empreitada. Antes dos testes, comprou caixas de DVDs com episódios americanos do programa. Estudou cena por cena e chegou afiada. “Fiquei muito bem impressionado”, lembra Aldrin Mazzei, diretor do Esquadrão. “Entrevistei as outras candidatas por mera formalidade.” Tão logo soube que havia sido selecionada, Isabella submeteu-se a um intensivão com a professora de estilo Ilana Berenholc. Completou em dois meses – com quase três horas de aula por dia – um curso de consultoria de moda que, em geral, demora o triplo desse tempo. “Conhecer tendências e ter bom gosto não seria suficiente”, avalia Isabella. “Precisava de segurança antes de detonar a roupa de alguém em rede nacional.” Crítica, assiste ao programa com caderninho na mão para anotar em que deve melhorar. Tem tentado amenizar o sotaque, que considera paulistano demais para o restante do Brasil, e gesticular menos em cena.

Seu maior desafio, porém, é exercer sua porção venenosa. A fórmula da atração, apresentada nas terças-feiras, às 20 horas, exige que o participante passe por situações humilhantes. Indicada por um amigo ou parente, a pessoa é seguida pela equipe do SBT com câmeras escondidas durante duas semanas. Depois, recebe a proposta de, em troca de 10?000 reais em compras, jogar fora todas as peças horrendas de seu guarda-roupa. De quebra, será orientada por Isabella e pelo colega com quem divide a apresentação, o stylist Arlindo Grund. Quanto maior o vexame, mais o público gosta. Educada e discreta, Isabella sofreu para deixar de lado os modos de moça fina da sociedade paulistana para maltratar as “vítimas”. Chegou a circular pelas ruas de Piracicaba, alto-falante em mãos, chamando uma delas de cafona, cafona, cafona. Tudo firula. “Quando desligam a câmera, ela vira uma fofa. Até pede desculpas”, entrega a estudante Juliana Orsi, protagonista de um episódio gravado na semana passada.

Segundo o diretor comercial do SBT, Henrique Casciato, o faturamento do Esquadrão foi o dobro do previsto. Três patrocinadores bancaram cotas de 2,5 milhões de reais cada um. “Os intervalos comerciais da primeira temporada estão todos reservados”, conta. Apesar de ainda não ser oficial, a segunda leva de episódios começa a ser gravada em maio. Os bons ventos fazem pingar na conta dos apresentadores 35.000 reais mensais. A exposição num canal de televisão aberto, no entanto, multiplica os rendimentos, pois favorece convites para outros trabalhos. O cachê de Isabella para desfiles e presença em eventos aumentou de 15.000 para 20.000 reais. Se o pacote incluir uma palestra sobre estilo – essa é a meta atual de sua irmã e empresária, Alessandra –, o preço sobe mais 5.000 reais. E ainda tem um enorme diferencial, que deixaria radiante qualquer mulher: raramente a modelo gasta um tostão com roupas. “Ganho muita, mas muita coisa mesmo”, conta, felizona.

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Não que isso a deixe mais ou menos pobre. Criada numa família de classe média alta, Isabella construiu uma carreira sólida no circuito fashion que lhe permitiria um futuro sem conta bancária no vermelho. De quebra, casou-se com um homem de família rica, o reservado empresário Stefano Hawilla – o pai dele é dono, entre outros negócios, da Traffic, a maior empresa brasileira de marketing esportivo. “Ela é maravilhosa, especial”, diz o maridão. Nas atuais poucas horas livres, Isabella corre para o dúplex no Itaim onde os dois vivem. Lá, a faceta modelo dá lugar a uma inesperada dona de casa. Faz iogurte, pão, tortas, e por aí vai. “Sou muito prendada”, orgulha-se. É ela quem toca a rotina do lar, negocia valores e contrata serviços, do marceneiro ao técnico de informática.

A preocupação com a imagem, comum entre fashionistas, parece acima da média no caso dela. Roupas provocantes, decotadas e curtas, só em desfiles e reportagens sobre moda. “Gosto de me vestir meio vovozinha”, define. “Vivemos numa sociedade em que aparência importa, sim.” Por causa disso, jamais, de maneira alguma, sai de casa desarrumada ou sem maquiagem. Carrega na bolsa um vidrinho de álcool para desinfetar as mãos, que lava pelo menos dez vezes por dia. “Tenho mania de limpeza”, admite. Se, na casa de um amigo, as toalhas do banheiro são de papel em vez de tecido, guarda a mesma para usá-la mais de uma vez. “Desperdiçar é ruim para a natureza.” Chova ou faça sol, aplica protetor solar no rosto e nos braços antes de pôr os pezinhos na rua. “Minha pele não é boa”, afirma. Aos 21 anos, chegou a interromper a carreira durante seis meses para um tratamento dermatológico pesado. Foi a segunda ocasião em que se afastou das passarelas. A primeira, que classifica como o momento mais triste de sua vida, havia acontecido em 1994, quando um de seus cinco irmãos, Fábio, morreu de leucemia.

Por causa do zelo com a imagem, quase nunca seu nome aparece envolvido em barracos e afins. Quase. Em 2002, quando chegou ao fim o namoro de três anos e meio com o jogador de polo Rico Mansur, caiu na boca do povo. Estavam de casamento marcado e, segundo a voz rouca das socialites, depois de traí-la com sua melhor amiga e sócia, ele engatou com Gisele Bündchen. Isabella, que com elegância se nega a comentar o caso, declarou na época que os dois haviam rompido antes das supostas escapadelas de Rico. Num outro caso, cinco anos mais tarde, foi acusada de morder um fotógrafo. Motivo: ela havia acabado de levar catorze pontos na boca e o rapaz fez cliques indiscretos. Enfurecida, partiu para cima dele, disposta a apagar a imagem da câmera. “Só o empurrei com o queixo”, afirma. O curativo tem relação com outro episódio chato: numa visita a uma dermatologista que atende na Avenida Brasil, Isabella aceitou a proposta da médica de colocar um preenchimento nos lábios. Só lhe ocorreu perguntar detalhes depois do procedimento, quando ficou sabendo que o produto aplicado não era temporário. Nunca mais voltou ao tal consultório. Inconformada com os lábios volumosos, que ficaram ligeiramente tortos, chorou horrores até retirar o excesso, o que exigiu duas cirurgias. As únicas outras intervenções que conta ter feito foram uma plástica no nariz (“Quebrei-o aos 14 anos e fiquei com desvio de septo”) e implantes de 225 mililitros de silicone nos seios, ambas em 2005. Seu busto aumentou, então, de 80 para 85 centímetros, o que deixou ainda mais harmoniosas suas outras medidas: 1,78 metro de altura, 54 quilos, 62 centímetros de cintura e 93 de quadril. “Bisturi, de novo, só quando tiver uns 50 anos.” Sua preocupação, no momento, é encontrar a equação perfeita para conciliar os bons ventos da carreira, a vida de casada e seu grande sonho: ser mãe. Quer, no mínimo, três filhos. “Tenho medo de que não dê tempo”, diz ela, que em junho completa 32 anos. Enquanto isso, nos bastidores de Esquadrão, não consegue evitar agir como uma mãezona das suas “vítimas” (25 dos 26 episódios do primeiro ano estão prontos, mas apenas meia dúzia foi exibida). Mantém contato com várias. Assim recebeu, dia desses, uma boa notícia de Juliana Gonçalves – a quem destratou no megafone, em Piracicaba. Professora formada, a moça vivia de bicos e, depois de repaginar o visual, conseguiu emprego num banco. Missão cumprida, restam ainda 40?000 fichas de inscrição de interessados em mandar amigos cafonas para participar do programa e ser patrulhados por ela.

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Não seja a próxima vítima

Dicas da apresentadora para não ser tachado de cafona

– O primeiro passo é identificar as medidas do seu corpo. Um guarda-roupa equilibrado realça os pontos positivos e disfarça os negativos.

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– Por essa lógica, ombros estreitos pedem decote canoa ou mangas volumosas. Ombros largos, decote V.

– Para todas as gordinhas: fujam do contraste de cores entre as partes de cima e de baixo do look. Essa divisão de tons realça o excesso de peso.

– Quem disse que volume nos cabelos é ruim ou errado? Terrível mesmo é emplastrar os fios de creme. Dão a impressão de ensebados. Assuma seus cachos!

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– Preste atenção no comprimento da alça da bolsa. O ideal é que ela vá, mais ou menos, até o cós da calça.

– Uma das gafes mais comuns entre os homens é misturar roupa esporte com cinto social.

– Desenhos e estampas infantis não combinam com adultos. No trabalho, então, são quase crime.

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– Terno rosa-choque só funciona na Barbie ou na Penélope Charmosa.

– Fuja das sandálias e botas quebra-pé (aquelas com solado de borracha de 10 centímetros de espessura).

– Para diminuir os quadris, use saias e vestidos evasês (que se alargam da cintura para o joelho).

– Blusas e casacos soltos, com calças retas, sem pregas ou volume. Essas combinações são boas para quem tem bumbum muito grande.

– Bustos fartos pedem blazer de dois botões. Muuuito grandes, de três.

– Para disfarçar a barriga: cinto em cima do vestido. Mas só se forem da mesma cor – ou se o cinto for um pouco mais escuro.

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