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Novo museu no Palácio das Indústrias: interativo e dedicado às ciências

Catavento tem jogos eletrônicos, filmes em 3D e inúmeras experiências para incentivar a curiosidade de jovens e crianças

Por Camila Antunes
18 set 2009, 20h27

Conhecida pela qualidade de seus museus de arte, como o Masp, a Pinacoteca e o MAM, a cidade viu surgir nos últimos três anos uma nova categoria de atrações culturais. São os chamados museus interativos. Fazem parte desse grupo o Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, em que o visitante tem a impressão de entrar em campo e pode treinar suas habilidades com a bola ao bater um pênalti; e o Museu da Língua Portuguesa, no qual há jogos em que sílabas são manuseadas para compor substantivos, verbos e adjetivos. A partir de sábado (28), São Paulo ganha uma nova atração do gênero: o museu Catavento, dedicado às ciências. Instalado no Palácio das Indústrias, antiga sede da prefeitura no Parque Dom Pedro II, o espaço de 14 000 metros quadrados foi pensado não apenas como um lugar de entretenimento, mas que servisse de reforço a estudantes dos ensinos fundamental e médio.

Com 250 instalações, que incluem um laboratório de química, um auditório para 180 pessoas, um miniplanetário e um cinema em 3D, o Catavento está dividido em quatro pavilhões. Uma visita completa leva em torno de três horas e sua organização lembra a do currículo escolar. O corredor denominado Engenho, por exemplo, corresponde à disciplina de física. Ali se veem um gerador de energia que faz os cabelos ficar em pé, espelhos que deformam as imagens e um trenzinho que demonstra o princípio da inércia. Em um pequeno estúdio de TV, os jovens poderão gravar vídeos que depois serão divulgados no site do museu. Na área que representa a biologia, batizada de Vida, a estrela é uma coleção de 700 borboletas da Amazônia. Colocados em um painel de vidro, esses insetos lepidópteros dão um show de cores. Mas há muito mais. Num aquário ficam espécimes curiosos como o peixe-leão do Mar Vermelho, considerado um dos animais mais vorazes da natureza. Com uma só bocada, ele é capaz de engolir um crustáceo de tamanho pouco menor que o seu.

Os recursos tecnológicos e interativos estão concentrados no 2º andar, na seção Sociedade – onde ficam os conteú-dos de história e geografia. Há uma parede de escalada cujo objetivo é alcançar fotos de personalidades como Mahatma Gandhi e Napoleão Bonaparte. Quando se toca nas figuras históricas, uma gravação é acionada. Ela começa então a “contar” passagens de sua biografia aos jovens. No cinema em 3D, os visitantes colocam óculos especiais para se sentir nas paisagens deslumbrantes do Rio de Janeiro. No entanto, o espaço que promete prender mesmo a atenção da garotada – como tem acontecido com os alunos que já passaram pelo local em visitas especiais – é o Universo, com sala que simula o ambiente lunar e um miniplanetário. Ali aprende-se, entre outras coisas, que o Sol é uma estrela com um diâmetro cerca de 100 vezes maior que o da Terra. Os visitantes podem ainda tocar um pedaço de meteorito de 8 quilos que teria a mesma idade de nosso planeta: 4,5 bilhões de anos. “O Catavento é feito para dar gosto de aprender e deixar a cabeça girando com novas ideias”, afirma o governador José Serra, responsável por um investimento de 20 milhões de reais no museu. Isso representa 60% do que foi gasto no Museu do Futebol. Do desenvolvimento do projeto à inauguração passaram-se dois anos. “Serra tinha pressa por causa dos constantes vexames dos estudantes paulistas em avaliações de desempenho”, diz Sergio Silva de Freitas, presidente da organização criada para gerir o museu. Desde o ano passado, o governo tem avaliado suas 5?183 escolas. Apesar de 81% delas terem melhorado em um de seus ciclos (de 1ª a 4ª série, de 5ª a 8ª ou no ensino médio), a nota média é inferior a 3,5, numa escala de zero a 10.

Alguns dos jogos do Catavento incitam o visitante a assumir uma posição diante de temas como aborto, direitos dos homossexuais e infanticídio. Outra parte provocativa é o hall Alertas. Bem ao estilo da campanha que obrigou os fabricantes de cigarros a estampar nos maços imagens associadas a doenças, há fotos que mostram os efeitos das drogas nas pessoas. Grupos de adolescentes acima de 14 anos de idade participam de um jogo de educação sexual mediado por psicólogos do Instituto Kaplan. Como muitas das instalações não são apropriadas para crianças pequenas, existe um espaço especial para quem tem até 7 anos de idade, com brinquedos e atividades lúdicas. Logo na entrada, monitores indicam quais são os roteiros para cada faixa etária. Pais, é claro, também são bem-vindos. “Diversas pesquisas mostram que crianças com acesso a bens culturais alcançam melhores resultados na aprendizagem”, afirma a secretária estadual de Educação, Maria Helena Guimarães de Castro. “E, quando os mais velhos participam, elas se sentem estimuladas.”

Catavento Cultural e Educacional. Parque Dom Pedro II, centro, Tel. 3246-4100. Terça a domingo, 9h às 17h. R$ 6,00. A bilheteria fecha uma hora antes. Estac. (R$ 8,00, três horas). Visitas de escolas devem ser agendadas. https://www.cataventocultural.org.br

Um museu chamado Catavento

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O que o visitante encontra em cada um dos pavilhões da grande atração que São Paulo acaba de ganhar

1 A entrada ao museu se dá por uma sala que simula o ambiente da Lua. Depois, o passeio é repleto de painéis que explicam o funcionamento do sistema solar. No miniplanetário, observam-se constelações como o Cruzeiro do Sul. Os visitantes podem tocar ainda um pedaço de meteorito de 8 quilos que teria 4,5 bilhões de anos.

2 Neste salão comprido há atrações para todas as idades. Os pequenos vão gostar do aquário e do quadro com 700 borboletas da Amazônia. Os adolescentes devem curtir os games nos quais identificam os cantos dos pássaros. Quem já saiu da escola provavelmente terá interesse nas réplicas do corpo humano e nos vídeos sobre Darwin, originalmente lançados pelo Museu de História Natural de Nova York.

3 Nesta área há várias máquinas e brinquedos que demonstram fenômenos da física. Três exemplos: uma balança em que se tem noção do peso na Lua e em alguns planetas (ele difere por causa da força da gravidade, lembra?); uma sala cheia de espelhos e prismas, que demonstram conceitos ópticos; e um gerador de energia estática, que faz os cabelos ficar em pé.

4 A parte mais interativa do museu é este salão de paredes azuis, que trata de alguns temas da história. Há um jogo em que os alunos assumem a personalidade de um líder como Churchill e têm de tomar decisões pertinentes aos acontecimentos da II Guerra Mundial. Outro em que todos votam (em segredo) a favor ou contra uma questão polêmica, como o aborto. A parede de escalada até grandes figuras da humanidade também fica aqui.

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5 Neste pequeno cinema com projeção em três dimensões, os alunos põem óculos especiais e sentem-se em pontos turísticos do Rio de Janeiro. Na sala ao lado, há projeção de filmes feitos por turistas nos cinco continentes.

Nova chance de revitalização

O Palácio das Indústrias, no Parque Dom Pedro II, foi construído para ser um centro de exposições. Desde a inauguração, em 1924, porém, já teve cinco inquilinos oficiais. Sediou a Assembleia Legislativa, batalhões do Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e departamentos do Instituto Médico-Legal. Em 1992, quando a então prefeita, Luiza Erundina, transferiu a sede do governo municipal para lá, pensou-se que seu entorno degradado ganharia novos ares. Não foi o que aconteceu. Há cinco anos, depois que Marta Suplicy mudou o gabinete para o Edifício Patriarca, no Viaduto do Chá, o casarão ficou abandonado e a situação piorou. O mato cresceu e as grades que cercavam o prédio foram roubadas. A região passou a ser conhecida como “Faixa de Gaza”. É por isso que a inauguração do Catavento representa, de novo, uma boa oportunidade de revitalização da área.

Desta vez as chances são maiores, pois dois vizinhos inconvenientes estão perto de ser demolidos. Os edifícios São Vito e Mercúrio, que chegaram a abrigar 800 famílias em condições insalubres, foram finalmente esvaziados em fevereiro. Enquanto isso, a prefeitura contratou uma empresa para demolir o Viaduto Diário Popular e definiu o projeto dos pontilhões que vão ligar o Mercado Municipal ao museu. Está prevista também a construção de um estacionamento subterrâneo. A organização cultural Catavento firmou um convênio com a prefeitura para cuidar de sua manutenção. Hoje, a segurança é feita por seis homens, 24 horas por dia, e há um gradil dividindo o palácio do resto do parque. “Queremos que haja atrações na área verde para que ela seja uma continuação do passeio”, diz o presidente, Sergio Silva de Freitas. Algumas das ideias que surgiram até agora são a construção ali de um aquário ou de um cativeiro para abrigar pandas vindos da China.

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