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Dez motivos para ver Ingmar Bergman no CCBB

Mostra conta com filmes raros, cursos e palestras na programação

Por Bruno Machado e Camila Taira
Atualizado em 1 jun 2017, 18h14 - Publicado em 8 jun 2012, 16h12

A partir desta quarta (13), o cultuado cineasta Ingmar Bergman (1918-2007) ganha a maior retrospectiva de sua obra já realizada no país, no Centro Cultural Banco do Brasil. São mais de 50 filmes – quase todos apresentados em película –, desde o início de sua carreira. No cardápio, há produções realizadas para a televisão, curtas, documentários e títulos curiosos, como uma série de comerciais de sabonete realizada na década de 50.

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Segundo o curador da exposição, Giscard Luccas, o projeto de realizar a maior mostra brasileira da obra de Bergman começou há mais de dois anos atrás e enfrentou dificuldades para agendar o aluguel das cópias – quase todas vindas do Swedish Film Institute, que cuida de toda a produção do cinema sueco – e conciliar com a apertada agenda do Centro Cultural Banco do Brasil.

Em paralelo às exibições, ocorre um curso ministrado pelo crítico Sergio Rizzo (vagas esgotadas) e um bate-papo com o jornalista Stig Björkman, especialista na obra do cineasta e autor de dois documentários sobre ele, “Imagens do Playground” e “…Mas o Cinema É Minha Amante”, também inclusos na programação.

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Para Luccas, o diretor vencedor de três prêmios Oscar continua presente no cinema europeu atual, sobretudo nas temáticas densas e na investigação da alma. “Bergman penetra no ser humano e arranca dele todos os demônios, tudo que há de mais escondido. Quando se assiste a um filme dele, você sente que está diante de uma experiência artística”, afirma.

A seguir, veja dez motivos para não perder a mostra do cineasta que inspirou nomes como Woody Allen, Federico Fellini e Jean-Luc Godard, entre outros.

1. Filmes raros e em 35mm

Com exceção do material produzido diretamente para a televisão sueca, gravado em vídeo, todos os demais filmes da mostra serão apresentados ao público em película 35mm. Dos 51 títulos que integram a programação, 44 vieram do Swedish Film Institute e o aluguel teve de ser agendado mais de um ano antes da realização da exposição. Entre os longas raros, estão os documentários “Farö 1969” (1970) e “Farö: Um Documentário de 1979” (1979) – o último exibido durante a 33ª Mostra Internacional de Cinema, em 2009 – e “Os Abençoados” (1986), ficção realizada diretamente para a TV.

2. Fãs famosos

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Além de cultuado pelo público, Bergman é uma grande referência entre seus pares e, junto do italiano Michelangelo Antonioni, é considerado um dos últimos nomes do chamado cinema de autor. Coincidentemente, os dois realizadores morreram na mesma data: 30 de julho de 2007. Entre os fãs do sueco, estão François Truffaut, Federico Fellini, Woody Allen – que o considera o maior diretor desde a invenção da câmera –; e Jean-Luc Godard, para quem o diretor não filmava, mas procurava respostas por meio dos longas. Para Luccas, no cinema contemporâneo, há marcas de Bergman na obra de Lars von Trier, sobretudo em “Anticristo” (2008), no qual o dinamarquês explora um dos temas clássicos do cineasta: a psicanálise.

+ Veja o trailer de “Anticristo”, de Lars Von Trier

3. Filmes vencedores de Oscar

Bergman também conquistou a admiração da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. O diretor recebeu nove indicações ao Oscar e faturou seis estatuetas. A primeira veio com “A Fonte da Donzela” (1960), prêmio que o sueco confessou só ter descoberto por meio de um jornal que estava lendo no banheiro. Em seguida, foi contemplado por “Através de um Espelho” (1961) e “Fanny & Alexander” (1982).

Uma curiosidade: este último título foi realizado inicialmente para a TV sueca, posteriormente ganhou uma edição para cinema e ganhou em Hollywood em quatro categorias, inclusive a de melhor filme estrangeiro, em 1984. Foi a fita mais difícil de ser emprestada para a mostra. Ao contrário da maioria das obras, que foram adquiridas na Suécia, esta foi negociada diretamente com uma distribuidora francesa. O longa tem exibições previstas para os dias 7 de julho, às 18h30, e 15 de julho, às 16h.

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4. Propaganda para a TV

Entre 1951 e 1953, Bergman enfrentava dificuldades financeiras, pois precisava pagar a pensão alimentícia para duas ex-mulheres. Na mesma época, o cineasta ficou desempregado, devido a uma greve dos trabalhadores ligados a cinema na Suécia.

Nesse contexto, surgiu o convite para dirigir comerciais dos sabonetes Bris. Sua única condição foi ter liberdade total no roteiro e na montagem dos vídeos. A imposição foi aceita e a propaganda fez sucesso. O resultado dos nove comerciais pode ser conferido em uma série de onze minutos, legendada, com duas sessões no CCBB: nesta quarta (13), às 20h, e no dia 23, às 18h.

VEJA SÃO PAULO encontrou um desses episódios na internet. Reparem como a sequência lembra um daqueles filmes de Georges Méliès.

[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=6AInd9pV6Fg&w=640&h=390]

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5. Oportunidade única de assistir a “Noites de Circo” em película

A Europa só iria reconhecer o trabalho de Bergman a partir de “Noites de Circo” (1953), um ano depois de seu lançamento. Em 1954, o filme foi exibido no Brasil, durante o Festival de Cinema do IV Centenário de São Paulo, onde fez grande sucesso entre a crítica, embora houvesse exceções, como Glauber Rocha, cuja resenha não foi positiva. Segundo Luccas, a boa recepção no Brasil repercutiu no Velho Continente, que passou a ver a produção com outros olhos. A exibição está programada para os dia 17, às 10h, e 12 de julho, às 20h.

6. As musas

Muitos diretores têm suas musas. Com Bergman, não foi diferente. Os densos temas que costumava abordar eram iluminados pela beleza e talento de atrizes como Harriet Andersson (“Mônica e o Desejo”), Ingrid Thulin (“O Silêncio”) e Bibi Andersson (“Persona”).

Persona - Mostra Bergman
Persona – Mostra Bergman ()
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Em 2008, alguns paulistanos tiveram a sorte de conhecer uma das maiores beldades do diretor. Ex-mulher e mãe de uma filha de Bergman, Liv Ullmann passou pela cidade para o lançamento de um livro e de uma mostra de cinema. A atriz atuou em dez longas do sueco. Para quem não aproveitou a breve passagem da loira pela capital, a dica é conferir sua atuação em “Persona”, com exibições dia 17, às 16h, e dia 22, às 20h.

7. O casamento como ele é

Bergman passou por cinco matrimônios e nenhum deles teve um final feliz. Talvez por isso ele tenha conseguido captar as alegrias, os medos, os preconceitos, as brigas e até a separação de um casal em “Cenas de um Casamento”.

Cenas de um casamento e Saraband
Cenas de um casamento e Saraband ()

Exibido em formato de minissérie em 1973 na TV sueca, um ano depois ganhou versão cinematográfica. A trama é estrelada por Erland Josephson e Liv Ullmann. Trinta anos depois, o diretor convidou a dupla para interpretar os mesmos papéis no que viria a ser seu derradeiro filme, “Saraband” (2003). Em uma das cenas mais emocionantes deste drama, Josephson e Ullmann, com 80 e 65 anos, respectivamente, despem-se, mostrando intimidade e confiança entre diretor e atores.

8. Palestra com Stig Björkman

Stig Björkman é um dos maiores especialistas na obra de Bergman, com uma série de entrevistas e livros publicados sobre o cineasta. Além da exibição de seus dois documentários, “Imagens do Playground” e “…Mas o Cinema É Minha Amante” (projetados no festival É Tudo Verdade do ano passado), o jornalista também participa de um bate-papo com o público no próximo sábado (16), às 17h. Em seguida, às 19h, ocorre a exibição de “Cenas de um Casamento” (1973).

9. Um café para antes ou depois de um encontro com Bergman

Enquanto aguarda o início de uma sessão, dê uma passadinha na cafeteria Cafezal, situada no piso térreo do CCBB. No cardápio, há dois tipos de expressos — um com grãos cultivados em Chapadão de Ferro (MG), cuja xícara é vendida a R$ 4, e outro com grãos da Fazenda Pessegueiro (SP), pelo preço de R$ 3,30.

Esta última marca foi vencedora do Awards for Coffee Excellence de 2005, uma espécie de Oscar do mercado de cafés finos. Para quem prefere a bebida preparada no coador, a dica é experimentar o lançamento do mês: blends do Terroá, encomendados diretamente da Bahia. Uma xícara custa R$ 4,50 e, se gostar, é possível levar um pacote de 250 gramas de grãos moídos na hora por R$ 15. Para acompanhar, não faltam opções de doces e salgados, como petit gâteau, quiches e bolos.

10. Exposição Corpos Presentes – Still Being

Antes ou depois de um filme, confira a exposição gratuita Corpos Presentes – Still Being, do escultor inglês Antony Gormley, que ocorre até dia 15 de julho, no CCBB e no Vale do Anhangabaú.

Esta é a primeira individual do artista no Brasil. O edifício de estilo neoclássico acolhe onze instalações e esculturas, algumas chegam a pesar mais de 600 quilos. As obras de Gormley costumam questionar o lugar de cada cidadão no mundo.

Confira o vídeo de Antony Gormley no processo de montagem da exposição: 

https://www.dailymotion.com/embed/video/xqricb

Os bastidores da mostra de Antony Gormley no CCBB por vejasp

 

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