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Wando faz temporada no Bar Brahma

Cantor mistura letras picantes a distribuição de calcinhas em seu show às quintas-feiras no Bar Brahma

Por Pedro Ivo Dubra
Atualizado em 1 jun 2017, 18h44 - Publicado em 21 jun 2010, 19h34

Wando termina uma música e enxuga o suor que escorre do rosto com uma calcinha. “Essa não tem na loja, não”, diz, mostrando a peça com seu nome bordado. Numa mesa grudada ao palco, um marido lhe implora a roupa íntima. Quer dá-la à mulher. “Antes, os homens me odiavam”, surpreende-se o cantor. “Agora, correm atrás de calcinha.” Na sequência, então ‘Deixa Eu Te Amar’, clássico de Agepê. Aplausos. “Já levaram chute de amor?”, pergunta, emendando ‘A Próxima Vítima’ (primeiro verso: “Quem é que está fazendo amor com meu amor agora?”). Nesse clima, entre divertido, brega e cafajeste, o cantor e compositor mineiro de 64 anos realiza às quintas-feiras uma temporada de nove semanas no Bar Brahma, no centro. VEJA SÃO PAULO assistiu à apresentação do último dia 10.

Todo de preto e com vários quilos acima do peso, Wando inicia o espetáculo pontualmente às 22h30 em companhia de um instrumentista, Carlinhos Kalunga, que toca guitarra e manipula bases de som pré-gravadas, como corinhos para acompanhar a voz ao vivo. A turma do fundão faz algazarra, e espectadores mais próximos do minúsculo palco do Brahma começam a pedir “psiu”. Wando é sexy? “Ele não é bonito, mas é atraente”, opina a professora aposentada Terêsa Myazi, mulher do médico anestesista Minoru Myazi — aquele que pediu (e levou) a calcinha.

Wando também é imprevisível. Quando notou que havia um jornalista na área, ele desceu do palco e abordou o repórter. “Escrevendo em guardanapo?”, desdenha. “Fale bem, senão vou me vingar”, ameaça. Logo retorna ao tablado, recordando a vez em que excursionou por Angola. Duas moças gritam. São de lá. Wando começa a falar bem do país africano e tenta se lembrar de uma canção que teria escrito por aquelas bandas, mas a memória falha. “Estou usando a calcinha azul que uma amiga minha ganhou aqui na semana passada”, revela a admiradora angolana Leia Lemos, gestora de recursos humanos radicada em São Paulo (na ocasião, Leia garantiria mais uma prenda, da mesma cor).

Antes do apoteótico momento da distribuição desses mimos junto com rosas vermelhas e maçãs, há todo um repertório a ser cantado. São coisas como ‘Deus Te Proteja de Mim’, ‘Estou Apaixonado’, ‘Cabecinha no Ombro’, ‘Obsceno’, ‘Chora Coração’, ‘Moça’ e até a dobradinha ‘Eu Sei que Vou Te Amar/Soneto de Fidelidade’, de Vinicius de Moraes. Quando soam os acordes de ‘Fogo e Paixão’, parte do público se levanta. O concerto vai chegando ao fim, e as mulheres se aproximam para disputar os brindes. Por via das dúvidas, dois seguranças ficam de prontidão — uma fã tenta escalar o palquinho e é interceptada. Às 23h55, Wando encerra o espetáculo. Ao caminhar por entre os espectadores em direção ao camarim, cumprimenta o repórter. Que espera não haver motivos para vingança.

NA IPIRANGA COM A SÃO JOÃO

Além de Wando, o Bar Brahma mantém outras temporadas fixas em seu salão principal

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Cauby Peixoto

O cantor de 79 anos está em cartaz no bar desde novembro de 2004. Lendário intérprete de ‘Conceição’, Cauby andou promovendo uma bem-vinda oxigenada no repertório — lançou um CD com canções de Roberto Carlos e gravou um DVD ao vivo com temas de Frank Sinatra. Infelizmente, já não demonstra a vitalidade de outrora. O trio de músicos que o acompanha também não colabora. Segunda, 22h30. R$ 68,00.

Cauby Peixoto_2170
Cauby Peixoto_2170 ()

Demônios da Garoa

Há seis décadas na estrada e já sem integrantes da formação original, que remonta a 1943, o conjunto segue explorando o filão do samba gaiato tipicamente paulistano. Entre as pedidas estão a martelada ‘Trem das Onze’ e outras composições de Adoniran Barbosa (1910-1982), grande fornecedor de sucessos dos Demônios, cujo centenário de nascimento é celebrado neste ano. Terça, 22h30. R$ 60,00.

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Demônios da Garoa no Bar Brahma
Demônios da Garoa no Bar Brahma ()

Guilherme Arantes

Pop star nos anos 80, o cantor e compositor paulistano se exibe sozinho, tocando teclado em pé, e ainda emite agudos dignos dos velhos tempos. No último dia 9, passou sermão nos operadores da mesa de som. Disse que os problemas ali eram recorrentes e que estava difícil continuar fazendo o show. ‘No repertório’, ‘Meu Mundo’ e ‘Nada Mais’ e ‘Cheia de Charme’. Quarta, 22h30. R$ 60,00.

Guilherme Arantes
Guilherme Arantes ()
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