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Um novo lar para bebês

A Casa Bakhita é o primeiro abrigo da cidade para crianças de até 6 anos

Por Katia Calsavara
Atualizado em 5 dez 2016, 19h21 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

A história parece a de um folhetim antigo. Entre 1847 e 1948, a Santa Casa de Misericórdia, na Vila Buarque, manteve em seu muro um lendário cilindro giratório de madeira, com abertura para a rua. Através dele, mães solteiras podiam deixar seus bebês sem ser identificadas. Era a Roda dos Expostos. Durante muito tempo, esse foi o símbolo do abandono de crianças na cidade. Ainda hoje, uma média mensal de quatro recém-nascidos é largada para sempre por seus pais em São Paulo. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, a maioria é deixada ainda na maternidade. Até o início de setembro, esses bebês eram encaminhados pela prefeitura a abrigos onde conviviam com crianças mais velhas e até adolescentes. A situação mudou com a inauguração da Casa Bakhita, no bairro do Belém, na Zona Leste, o primeiro centro de passagem da cidade especializado em filhos rejeitados de até 6 anos. “Eles ficam aqui em torno de dois meses”, diz o secretário Floriano Pesaro. “Depois são adotados, vão para outras instituições ou ainda podem retornar a suas famílias.”

Instalado em uma casa de três quartos, com uma edícula nos fundos, o local lembra, à primeira vista, um lar comum. A sala conta com uma televisão de 29 polegadas, em torno da qual os pequenos se reúnem para ver desenhos. Nos quartos, ficam as camas e os berços. Atualmente, a Casa Bakhita atende 28 crianças – nove delas menores de 1 ano. No berçário, entre uma mamada e outra, elas tiram uma soneca em cadeirinhas de balanço. Há, claro, o momento em que todas choram juntas. “Essa é a hora mais difícil”, conta uma das 26 funcionárias (por determinação da secretaria, elas não podem se identificar). “Às vezes, não sabemos qual precisa ser trocada ou receber a primeira mamadeira…” Tanto as roupas quanto as fraldas vêm de doações. Coordenada pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social em conjunto com a ONG Nossa Senhora do Bom Parto, a Casa Bakhita recebe 36 500 reais por mês da prefeitura. “Com esse dinheiro, fazemos compras de supermercado e pagamos os salários de funcionários, além de arcar com o aluguel da casa, que custa quase 1 800 reais”, explica Márcia Santos Gomes, coordenadora adjunta do abrigo.

Como visitas são proibidas na Casa Bakhita, não é possível entrar ali e escolher uma criança para adoção. Os interessados devem fazer o pedido na vara de infância mais próxima de sua residência e aguardar. Por questões legais, o processo pode demorar anos. O nome da casa é uma homenagem a uma santa africana, Josephina Bakhita (1869-1947), seqüestrada aos 9 anos por mercadores de escravos e acolhida por um casal de italianos.

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