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Tom Zé lança novo álbum

Do seu estúdio nas Perdizes, o cantor baiano faz músicas com referências a São Paulo

Por Helena Galante
Atualizado em 1 jun 2017, 17h12 - Publicado em 23 out 2014, 23h59

Para qualquer cantor, um microfone basta. Mas, se o intérprete em questão for o também compositor, arranjador, instrumentista e escritor Tom Zé, nem cinco deles dão conta de toda a sua poética e divertida verborragia. Aos 78 anos, o baiano nascido em Irará faz no próximo fim de semana o show de lançamento de seu trabalho mais viajandão (no bom sentido) desde a década de 70. Trata-se do álbum Vira Lata na Via Láctea

 

“Depois de muitos discos temáticos, neste eu atiro pedra para tudo quanto é lado”, afirma o artista, no estúdio montado por ele no prédio onde mora, nas Perdizes. A fala naturalmente entusiasmada fica ainda mais acelerada quando enumera as participações especiais nas catorze faixas. Há desde contemporâneos seus, como Milton Nascimento, até representantes da nova geração da música paulistana, como a Trupe Chá de Boldo, o trio O Terno e Criolo, aos quais Tom Zé chama carinhosamente de geração Y.

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O responsável pela direção musical e pelos convites foi o jornalista Marcus Preto. “No ano passado, já havíamos juntado uma galera incrível para gravar com ele o EP Tribunal do Feicebuque”,conta. “A química deu tão certo que grande parte dessa turma fez questão de participar do novo trabalho”, completa Preto. “Reunimos as criaturas que habitarão a Terra quando eu não estiver mais aqui. Todas essas figuras são galáxias seguindo em direções opostas”, emenda Tom Zé, bem ao seu estilo.

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Se ao descrever a própria obra o baiano segue por raciocínios intrincados, parte de sua personalidade é bem pé no chão — ou mão na terra. Da janela dasala, aponta para a área verde do edifício em frente, onde cuida das plantas. Nas horas vagas, Tom Zé é o jardineiro do pedaço. “Vou colocar agora trepadeiras nas árvores. Neusa, pegue as fotos da primavera passada para eu mostrar”, pede à esposa, com quem divide o apartamento, repleto de pôsteres e recortes de matérias internacionais.

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No mesmo clima de informalidade, ele comenta ainda uma das faixas mais aguardadas do CD, A Pequena Suburbana, sua primeira parceria com Caetano Veloso. Afastados desde a tropicália, eles haviam se desentendido publicamente em 2008. Na época, Caetano elogiou um disco lançado por Tom Zé, que reagiu de forma agressiva, queixando-se de que não teve ajuda do conterrâneo nem de seu grupo baiano nos momentos de dificuldade. “Não posso aceitar esse colo agora”, desabafou o artista. “Essa briga não fazia sentido”, diz Marcus Preto. “Mandei um e-mail ao Caetano, e ele topou participar na hora.”

A história paulistana de Tom Zé começou em 1968, quando ele se instalou numa pensão na Rua Conselheiro Brotero, em Santa Cecília. Lá, compôs o primeiro LP, Tom Zé — Grande Liquidação (1968),com faixas como São São Paulo. Se aexaltação da metrópole já foi mais evidente em outras pérolas, a exemplo de Angélica, Augusta e Consolação, parte de Todos os Olhos (1973), as referências escapam mais sutis no novo Vira Lata na Via Láctea (2014). São frases sobre a Praça da Sé ou a hora do rush na Marginal Tietê, ditas por um morador antigo que não sabe mais viver em outro lugar.

“Nunca fui apaixonadopor cidade alguma, mas São Paulo me deu a psicanálise (porque eu podia pagar) e me deu uma profissão, por isso sou grato”, afirma. Quando não está noite adentro ensaiando, sua rotina inclui aulas de pilates e tai chi chuan, para prevenir dores nas costas. O corpo esguio é mantido ainda à base de uma dieta quase macrobiótica (frango e ovo caipira entram no prato quase diariamente) e caminhadas por seus cantos favoritos. “Aqui, eu me sinto em casa”, conclui. 

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