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Terminal de ônibus Expresso Tiradentes é inaugurado

Do trem futurista inventado para eleger Pitta em 1996 não sobrou nem o nome. Rebatizado, o Fura-Fila virou um corredor suspenso

Por Edmundo Clairefont
Atualizado em 5 dez 2016, 19h21 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

Um meio de transporte eficiente sobre trilhos, capaz de vencer distâncias de modo rápido e seguro em vias suspensas. Essa era a definição do Fura-Fila, a principal promessa de campanha do candidato Celso Pitta, em 1996, à prefeitura de São Paulo. Vencida a eleição, ele ergueu apenas alguns pilares da estrutura que receberia a pista ligando o Parque Dom Pedro, no centro, ao Sacomã, na Zona Sul. Quando o sucedeu na administração municipal, Marta Suplicy rebatizou o projeto de Paulistão e decidiu estender o trajeto até São Mateus. Durante quase dez anos, o que se viu foram 174 pilares de concreto apodrecendo na Avenida do Estado. Juntos, Pitta e Marta enterraram ali 600 milhões de reais, em valores atualizados. “Com esse dinheiro seria possível construir 3 quilômetros de metrô”, afirma Frederico Bussinger, secretário de Transportes. “Quem acreditou na maquete, na propaganda que elegeu Pitta, não achava mais possível finalizar aquele paliteiro de concreto abandonado.”

Em novembro, o então prefeito José Serra pensou até em implodir a estrutura. “Não faria sentido gastar tanto dinheiro para transportar 50 000 passageiros por dia”, explica o prefeito Gilberto Kassab. “O metrô faz isso em apenas uma hora. Tínhamos de atingir uma área maior e com mais dificuldade de acesso ao centro, como a Zona Leste.” Mais uma vez o projeto foi alterado, inclusive no nome: o Paulistão virou Expresso Tiradentes. Trata-se de um corredor exclusivo para ônibus, parte dele suspensa, com 31,8 quilômetros de extensão. Concluído, poderá atender 1,5 milhão de pessoas, transportando até 350 000 passageiros por dia da Cidade Tiradentes ao Parque Dom Pedro II. Na semana passada, o primeiro trecho do sistema, que ligará os terminais Mercado e Sacomã (veja mapa), foi inaugurado de maneira experimental. Até o fim do ano estão agendadas operações assistidas com público. O trajeto, de 8 quilômetros, 5 deles em via elevada, atenderá uma média diária de 50 000 passageiros. Ainda em obras, o trecho tem previsão de entrega para janeiro de 2007.

No corredor, nada de trens futuristas. Circularão ali quinze ônibus híbridos (que misturam geradores elétricos e motor a diesel) e vinte articulados. Nas próximas semanas será avaliada ainda uma opção com combustível a gás. A velocidade média nas vias exclusivas deverá ficar em torno de 30 quilômetros por hora, acima dos 19 quilômetros por hora desenvolvidos nas linhas comuns. “Quando finalizarmos o trajeto completo, em 2008, a duração da viagem da Cidade Tiradentes ao Parque Dom Pedro II vai cair de duas horas e dez minutos para uma hora e dez minutos”, aposta o secretário Bussinger.

“É evidente que não se pode criticar essa versão, mas, infelizmente, o projeto original não foi implantado”, afirma o engenheiro Francisco Christovam, vice-coordenador da divisão de transportes do Instituto de Engenharia e presidente da SPTrans de 1993 a 1999. “A partir do momento em que o ônibus andar paralelamente a avenidas e tiver de parar nos semáforos, a qualidade operacional decairá.” A atual administração investiu 150 milhões de reais nesse primeiro trecho. Até 2008, deve desembolsar outros 450 milhões de reais. Ou seja, contando o que já havia sido investido anteriormente, mais de 1 bilhão de reais serão gastos para que o ex-Fura-Fila, ex-Paulistão e agora Expresso Tiradentes engate a primeira.

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