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São Paulo teve hiperepidemia de diarreia no primeiro ano da crise hídrica

Dados da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica mostram que fevereiro do ano passado registrou pico de casos

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 5 dez 2016, 12h14 - Publicado em 29 jul 2015, 10h29

O ano em que São Paulo imergiu na crise hídrica também foi marcado por uma hiperepidemia de diarreia aguda, que dura de dois a catorze dias e pode causar cólicas e febre. Dados divulgados pela Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, vinculada à Secretaria Estadual da Saúde, mostram que 315 000 casos foram registrados no estado em 2014, uma média de 863 ocorrências por dia.

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O levantamento foi apresentado em maio deste ano durante evento na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) quando Eliana Suzuki, diretora do departamento que também é ligado ao Centro de Vigilância Epidemiológica, classificou a situação como “hiperepidêmica” e a relacionou ao problema de falta d’água.

Em nota enviada na última sexta-feira, 24, a secretaria informou que os dados “são preliminares” e que “qualquer conclusão é precipitada, alarmista e pode levar a um pânico desnecessário”.

Intitulada

“Agravos para a Saúde Humana Decorrentes de Águas Não Potável”, a apresentação revela que o pico de diarreia aguda aconteceu em fevereiro, quando o índice superou em 70% a média de casos para o período – foram 34 000 ante os 20 000 calculados entre 2008 e 2013.

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Só na capital, foram 9 900 registros na sétima semana do ano, o que representa mais que o dobro (110%) da média do período, que é de aproximadamente 4.700 ocorrências. Naquele mês, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) lançou o programa de bônus para estimular a economia e iniciou o racionamento de água noturno por meio da redução da pressão nas tubulações, com o objetivo de diminuir a produção do Sistema Cantareira, que já estava em situação crítica.

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A manobra provoca cortes no abastecimento e expõe a rede pública ao risco de contaminação por infiltração do lençol freático. Em fevereiro deste ano, quando o racionamento já começava no início da tarde, um dirigente da Sabesp admitiu à reportagem que as manobras operacionais podem deixar parte da rede despressurizada em pontos altos da cidade. No mesmo mês, o diretor metropolitano da Companhia, Paulo Massato, afirmou que isso só aconteceria em caso de rodízio.

Em abril, a reportagem mostrou que ao menos cinco ruas de um bairro na Zona Norte receberam água da Sabesp contaminada, e alguns moradores ficaram com diarreia.

Volume morto do manancial

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No evento de maio, Eliana lista como uma das causas da propagação de diarreia aguda algumas ações adotadas pela Sabesp, como a redução da pressão e a captação de água do volume morto do manancial. Outro motivo apontado por ela foi a migração dos consumidores para fontes alternativas, como caminhão-pipa e poços artesianos, que aumentam o risco de consumo de água de má qualidade.

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Segundo ela, a crise hídrica também comprometeu a higiene alimentar e pessoal, o que contribui para a ocorrência do problema. “Com menos água, se lava menos os alimentos, mesmo os restaurantes diminuem o controle.”

 A Secretaria de Estado da Saúde afirmou, em nota, que “não é válido relacionar a situação hiperepidêmica de doenças diarreicas agudas com a crise hídrica”. Segundo a pasta, os dados apresentados em maio “são análises meramente preliminares e que podem não ser confirmadas quando de sua finalização”. A pasta informou ainda que os dados isolados não são suficientes para a realização da análise, pois eles precisariam ser cruzados com relatórios municipais “de investigação de possíveis surtos”, que ainda não foram finalizados, e com informações das concessionárias que fornecem água para todo o Estado.

Na última sexta-feira, a diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar da secretaria, Eliana Suzuki, preferiu reclassificar a situação como um “aumento de casos” e não mais como “hiperepidemia”. “O trabalho ainda está em investigação. A gente consegue ver um aumento no número de casos nesse período que deixei mais evidente na palestra.”

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Procurada, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) não se manifestou. 

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