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Saraus espalham-se pela cidade

Eventos revelam poetas e artistas anônimos

Por Simone Costa
Atualizado em 5 dez 2016, 19h31 - Publicado em 18 set 2009, 20h27

Uma vez por mês, culturetes com idade e figurino bastante variados soltam a voz em encontros que acontecem num espaço da Avenida Paulista. Não, não se trata de nenhuma associação de cantores amadores ou coisa parecida. Mas, sim, de uma turma-cabeça que curte declamar poesias e textos em público (ou assistir a performances do tipo) em um programa que voltou a ser moda: os saraus. Um deles, o Chama Poética, reuniu oitenta participantes no último dia 5 na Casa das Rosas, onde nasceu, há quatro anos. O número de interessados cresceu a ponto de um encontro extra ser promovido no Museu da Língua Portuguesa, na região da Luz, desde novembro. Fã, a estudante Bruna Homem de Mello, de 14 anos, encara os 89 quilômetros de sua cidade, Valinhos, no interior do estado, até a capital para participar. “Quando ouço alguém lendo, parece que os versos ganham vida”, diz.

Comuns na Europa do século XIX, os saraus têm se espalhado por São Paulo mantendo a tradição de dar voz e espaço a escritores e artistas, por vezes, desconhecidos. Encontros assim movimentavam a elite intelectual paulistana no início do século XX e foram fundamentais na gestação da Semana de Arte Moderna de 1922, por exemplo. O escritor Mário de Andrade chamava de oásis culturais as sessões que José de Freitas Valle, fundador da Pinacoteca, realizava em sua casa, na Vila Mariana. A versão “terceiro milênio” tem formatos variados. A Comitiva Sertão Cidade, que ocorre mensalmente num sebo da Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, tem inspiração na obra de Guimarães Rosa. Já no Sarau Astronômico, no Planetário do Ibirapuera, é possível ouvir narrações de mitos sobre o cosmo, acompanhar apresentações musicais e observar as estrelas por meio de telescópios.

Algumas dessas reuniões culturais são abertas à participação espontânea do público, outras exigem aprovação prévia. “Nem sempre escolho poetas consagrados”, diz a psicanalista Fernanda de Almeida Prado, organizadora do Chama Poética, que faz a seleção entre os muitos textos recebidos. “Dou maior importância a temas que levem à reflexão.” No sarau Sopa de Letrinhas, realizado no Villaggio Café, em Pinheiros, os próprios frequentadores leem textos do poeta contemporâneo homenageado a cada edição. Em seguida, o palco é aberto para quem deseja recitar as próprias poesias. Realizado pelo Clube Caiubi, um grupo de compositores de MPB, o Sopa rola uma vez por mês há sete anos. “Os saraus existem graças aos poetas anônimos e amadores”, afirma Vlado Lima, sócio do bar. Integrante desse time, a publicitária Simone Teixeira conta que ficava encabulada quando começou a comparecer aos encontros, em 2005. “Sempre pensava se iam gostar”, lembra. Pelo visto, isso virou coisa do passado. “Agora, apresento minhas poesias com a maior tranquilidade.”

Chama Poética. Dia 2, às 14h. Museu da Língua Portuguesa. Praça da Luz, s/nº, Estação da Luz. Tel. 3326-0775. Dia 3, às 16h. Casa das Rosas. Avenida Paulista, 37, 3285-6986. Grátis.

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Comitiva Sertão Cidade. Dia 3, às 18h30. Espaço Cultural Alberico Rodrigues. Praça Bendito Calixto, 159, Pinheiros, Tel. 3064-3920. R$ 10,00.

Sopa de Letrinhas. Toda última sexta-feira do mês, às 21h30. Villaggio Café. Rua Teodoro Sampaio, 1229, Tel. 3571-3730. R$ 5,00.

Sarau Astronômico. Dia 9, às 20h. Planetário do Ibirapuera. Tel. 3397-4002. Grátis.

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