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Saiba como educar seu cachorro

Dez dicas para não passar vergonha

Por Maria Paola de Salvo e Giovana
Atualizado em 6 dez 2016, 09h05 - Publicado em 18 set 2009, 20h31

Diante de uma população de 1,9 milhão de cachorros domésticos (calcula-se que haja mais 2,6 milhões nas ruas, sem dono), não é exagero dizer que eles praticamente tomaram conta da cidade. Labradores, poodles, pit bulls e simples vira-latas estão em toda parte: parques, praças, shoppings, elevadores de condomínio e até restaurantes. A proporção é de um cão com dono para cada seis habitantes. Todos os números relacionados a eles são grandiosos. As 6?000 pet shops paulistanas faturam 720 milhões de reais por ano, e só em 2007 a cachorrada consumiu 255 000 toneladas de ração. Dentro desse universo que não pára de crescer, respeitar as regras da civilidade é fundamental para que a convivência dos bichos com os humanos não seja desastrosa. Veja São Paulo ouviu doze especialistas em comportamento animal e consultoras de etiqueta para listar os dez mandamentos do dono educado. São dicas de como você deve se comportar para que seu cão se comporte

1) Cachorro não é gente.

Não o trate como tal

“Charlie me acompanha no trabalho, nas viagens e nos restaurantes que freqüento, como D.O.M., A Figueira Rubaiyat e Vecchio Torino”, conta a empresária Sandra Habib, referindo-se ao seu west highland white terrier, raça tão chique quanto os lugares a que ela vai. Um filhote desses custa entre 3 000 e 4 000 reais. “Ele é muito educado, fica praticamente invisível nesses locais”, diz ela, acrescentando que acha “ridícula essa história de tratar animal como filho”. É claro que um mimo ou outro não escapa: Charlie tem uma dieta balanceada (não come ração, só alimentos sem sal e sem tempero) e é dono de uma coleção de mais de 400 – 400! – coleiras, algumas delas de grifes como Louis Vuitton, Gucci e Hermès. Para quem pode e gosta, não há nenhum problema em enfeitar o bicho com coleiras riquíssimas ou chamá-lo de “filho”, mas desde que se tenha consciência de que um cão tem necessidades muito diferentes das de um humano. O único ponto em comum é que os cachorros, assim como as crianças, precisam de limites bem estabelecidos para ser educados. “Quando é tratado como gente, o animal passa a agir como um menino ou menina mimada: desobediente e sem limites”, diz o adestrador Joaquim Borges Filho. Vi-ver com o bicho no colo e fazer todas as suas vontades também é péssimo para a saúde psicológica dele. “Se o cachorro não for acostumado desde filhote a ficar períodos de tempo sozinho, ele criará uma dependência da pessoa de referência e acabará sofrendo de angústia e medo”, afirma a psicóloga e veterinária Hannelore Fuchs.

2) Imponha limites.

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Há espaço para um líder: ou ele ou você

Os cães são animais que vivem em matilha. Para eles, a hierarquia é fundamental. Entram em parafuso quando não entendem qual posição ocupam: a de dominantes ou dominados. “Eles têm de ter claro quem é o líder para respeitá-lo”, diz o adestrador Alexandre Rossi. “E vão testar essa liderança no dia-a-dia.” Mostre que é você quem manda. Em geral, eles só obedecem para conseguir o que querem (como um petisco) ou evitar o que não querem (uma bronca). Se ele urinou no chão, não adianta balançar a cabeça e soltar um sonoro e forte “não”. Simplesmente aponte ao cão o local correto e diga “aqui”. Ele fez tudo direitinho? Recompense o bom comportamento com biscoitinhos e elogios. Errou? Repreenda-o. Resista às chantagens emocionais do bicho desde o início, quando ainda é um filhote. “Ao seguirem regras, os cães se sentem felizes, porque isso lhes transmite segurança”, lembra o adestrador e analista comportamental Dennis Martin, membro do British Institute of Professional Dog Trainers. E nada de deixar o cão virar o rei do pedaço. Para não estimular o instinto de dominância do animal, o bicho deve poder circular pela casa, mas tem de saber que há regras a ser respeitadas, como, por exemplo, deitar-se somente na própria almofada, no chão. Nada de dormir na caminha da “mamãe” ou do “papai”.

3) Adestre seu bichinho

Aqui vale mais do que nunca a expressão “A educação vem do berço”. A lógica é a mesma usada para as crianças: ninguém se educa sozinho. “O cão precisa ser socializado e civilizado desde filhotinho, e a partir dos 3 meses de idade pode começar a receber os primeiros comandos”, afirma o adestrador Alexandre Rossi. O trabalho de adestramento é feito sempre na presença do dono e pode durar de três a seis meses. Custa entre 40 e 50 reais por aula e não se restringe a ensinar ao bicho truques engraçadinhos para impressionar visitas. O cão só é aprovado quando obedece a, no mínimo, seis comandos básicos, como “junto”, “senta”, “deita”, “vem”, “espera” e “fica”. Com essas habilidades, ele aprende a se comportar diante de outras pessoas, a respeitar ordens e a conviver com estímulos como carro e barulho, por exemplo. Para silenciar o latido incessante de seu jack russel terrier Oscar, a estudante de direito Ana Lucia Germano matriculou-o numa dessas aulas. “Há três meses, ele recebe a visita de um adestrador duas vezes por semana e já está mais tranqüilo”, diz ela. Mas atenção: basta um mês de relaxamento e adeus às boas maneiras conquistadas.

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4) A calçada é pública, não privada

Ruas não são banheiros a céu aberto para cães, por mais que alguns donos – gente não civilizada, diga-se claramente – insistam nisso. Portanto, não deixe a sujeira do seu cachorro virar armadilha para os pedestres. Recolher o cocô do animal sempre e imediatamente é obrigação prevista em lei e uma questão de saúde pública. Saia de casa munido com um kit de limpeza: pá, saquinhos plásticos e algumas folhas de papel-toalha para limpar tudo sem deixar rastros. E atenção: não vale argumentar que as fezes viram adubo para as plantas, para escapar do serviço sujo. Ao contrário. Os dejetos podem facilitar a transmissão de doenças. “Caso o animal esteja com parasitas intestinais, pode transmitir moléstias como a ancilostomose, que você pega se pisar no chão contaminado”, explica o veterinário Mauro Lantzman. Faz parte da natureza do cão deixar rastros de cocô e xixi como cartão de visita para outros animais, mas você pode educá-lo a não poluir as ruas. Não o alimente demais. Quanto mais ração, mais fezes. Incentive-o a usar o “banheiro” de casa antes dos passeios. Caso perceba que o seu amigão se fissurou num poste ou arbusto, dê trancos na guia e puxe-o para longe.

5) Na rua, só com coleira, guia

e focinheira (quando necessária)

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Quer evitar sarna para se coçar? Então não deixe seu animal sair à rua sozinho e, quando passear com ele, use coleira e guia de condução. Previsto em lei, o cuidado evita problemas para ele, para você e para os outros. Raças agressivas e perigosas, como pit bull, rottweiler e mastim napolitano, capazes de ferir e até matar, só podem circular de focinheira e enforcador. A regra vale mesmo para aqueles que, juram os donos, não fazem mal a um mosquito. No último sábado (22), dezenas de cães, inclusive pit bulls, foram flagrados correndo livremente pelo Parque do Ibirapuera. Como sua cadela, da raça buldogue americano, é sempre confundida com um deles, o personal trainer Disnei Sanches costuma sair com o registro geral de Naja no bolso. “Nos parques, os guardas logo vêm cobrando a focinheira”, diz ele. Qualquer que seja a raça, procure soltar os bichos só em locais cercados e destinados para tal, os chamados “cachorródromos”, como o da Praça Buenos Aires e o da Rua Curitiba. Mesmo nesses espaços, não descuide deles. “Machos podem arranjar confusões com outros machos”, adverte o adestrador Dennis Martin. Cadelas no cio enlouquecem até o mais tranqüilo dos cães e, portanto, estão proibidas de sair de casa nesses períodos. Controle bem a guia. “O cachorro deve andar ao lado do dono para não colocar as pessoas da calçada em risco”, diz o adestrador Edison Vieira. Se outro peludo surgir no caminho, mantenha uma distância segura e evite que os cordões dos dois se embaralhem.

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