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Rua Amauri contabiliza o fechamento de quatro casas neste ano

Endereço gourmet enfrenta tempos difíceis por causa da alta dos aluguéis e da concorrência

Por Thaís Reis Oliveira
Atualizado em 5 dez 2016, 12h21 - Publicado em 20 jun 2015, 00h00

A transformação da Rua Amauri em um corredor gastronômico da cidade começou a se desenhar nos anos 80, quando os pioneiros La Bettola e Fasaninho, a primeira casa comandada pelo restaurateur Rogério Fasano, se instalaram no trecho entre as avenidas Faria Lima e Nove de Julho. O negócio ampliou-se na década de 90, com a chegadado Ecco e do Parigi. De lá para cá, a mesma porção de apenas 200 metros da via atraiu outros points de culinária, com serviços de valet que atualmente beiram os 40 reais. Nos últimos tempos, porém, o pedaço enfrenta uma reversão inédita no fluxo de investimentos. Somente nos últimos meses, quatro estabelecimentos fecharam as portas por lá.

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A cafeteria Starbucks encerrou as atividades em abril. Trata-se da primeira loja de rua da multinacional americana a encerrar suas atividades na capital desde a chegada da marca, em 2007. “Essa filial não estava trazendo o retorno esperado”, resume Renato Grego, gerente de marketing da rede no Brasil. Motivo semelhante levou ao fim do restaurante Dressing, que agora só recebe eventos privados. “A operação se mostrou mais lucrativa e promissora com a mudança”, diz Denise Schirch, executiva da holding Componente (que mantém ali a Forneria San Paolo e o Ecco) e presidente da Associação dos Moradores e Empresários da Rua Amauri (Amera). Completam alista de portas fechadas o Porto, de frutos do mar, e a balada Rokbar. “Resolvi priorizar outras coisas”, desconversa Marcelo Yura, um dos sócios do bar-boate.

A crise econômica que o país atravessa não é suficiente para explicar o fenômeno, avalia Marcos Hirai, dono de uma consultoria especializada em imóveis comerciais. “O aumento das opções de alimentação em shoppings de luxo nos últimos anos trouxe uma nova concorrência”, entende. “Além disso, a alta no preço dos aluguéis nesta década ficou pesada para o setor.” O metro quadrado na Amauri gira em torno dos 65 reais mensais, de acordo com a Amera. O português Trindade, por exemplo, viu o valor subir de 15 000 para 25 000 reais desde que se estabeleceu na rua, em 2007.

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Quem fica por lá assume que os tempos não são fáceis. “Hoje, a cidade tem restaurantes excelentes, com tíquete médio bem mais barato que o cobrado na Amauri”, opina Alexandre Souto de Souza, gerente-geral do Trindade. A casa realiza a modernização do menu apostando na diversificação da freguesia: o movimento no jantar caiu quase 30% desde o fim de 2014. O bacalhau, antes protagonista de quatro em cada cinco pratos, agora divide espaço com mais opções de frutos do mar.

Para estimular a visita do público, a associação local cuida da jardinagem e promove eventos frequentes, de bloco de Carnaval a caça aos ovos de Páscoa. Nem todos aplaudem. “A Amauri é maravilhosa, mas cuidados gerais estéticos em demasia mascaram sua precariedade”, diz Carlos Iglesias, que comandava o Porto. Ele cobrava, por exemplo, o engajamento do poder público na melhoria da limpeza dos bueiros da região. “A tubulação é antiga, por isso exala mau cheiro ao menor sinal de entupimento”, confirma Paulo Morais, ex-dirigente da Amera.

Mesmo com os percalços, na via há nove estabelecimentos do segmento. É praticamente um a cada 10 metros, uma marca notável. A Forneria San Paolo, por exemplo, continua lotada em diversos horários, e aproveitou a saída da Starbucks para crescer, oferecendo café da manhã. “Adversidades acontecem a todo momento nesse negócio. A melhor maneira de enfrentá-las é se reinventar sempre”, pondera Denise Schirch.

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