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USP Zona Leste continua interditada e sem previsão de início de aulas

Volta das atividades de ensino já foi adiada duas vezes por problemas ambientais

Por Juliana Deodoro e Ricky Hiraoka
Atualizado em 1 jun 2017, 17h24 - Publicado em 14 mar 2014, 19h21

Na tarde da última segunda, 10, cerca de 400 estudantes atenderam a uma convocação nas redes sociais e realizaram um protesto na Universidade de São Paulo (USP), no Butantã. A manifestação durou três horas e terminou com uma palestra na Praça do Relógio. Os alunos do movimento frequentam cursos do câmpus da Zona Leste da instituição, onde funciona a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). Apesar de o semestre ter começado há quase um mês, a turma ainda não teve uma aula sequer. O local encontra-se interditado desde janeiro pela Justiça devido a problemas ambientais. O reinício das atividades de ensino já foi adiado duas vezes. Segundo a última previsão da reitoria, o problema seria resolvido até o fim deste mês. Só que ninguém mais garante esse prazo, o que ajudou a aumentar o clima de revolta entre os maiores prejudicados. “Como somos o primo pobre da USP, ninguém está nem aí”, reclamava a professora Fabiana Pioker, do curso de ciências da natureza, uma das pessoas presentes à manifestação da semana passada.

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De acordo com a Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público, responsável pela ação que fechou temporariamente as portas do local, o câmpus apresenta onze problemas sérios nessa área, identificados pela Cetesb. Um dos mais graves é a concentração de gás metano no subsolo. Desde a inauguração da USP Leste, em 2005, sabia-se de sua existência. A questão deveria ter sido monitorada por checagens periódicas da própria universidade. Em agosto de 2013, porém, a Cetesb notificou a USP depois de constatar que as recomendações preventivas não estavam sendo cumpridas. Somente no fim de fevereiro a reitoria instalou dez bombas de extração para manter a concentração dos gases em um nível seguro. Agora, o Ministério Público aguarda o resultado dos novos relatórios para verificar se a situação está sob controle antes de liberar o local. Não há previsão de quando isso vai ocorrer. “A USP precisa mostrar que está fazendo um trabalho de remoção eficaz”, afirma o promotor José Eduardo Ismael Lutti, à frente do caso.

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Outro foco de encrencas é um terreno localizado no centro do câmpus. Ali foi depositado entre 2010 e 2011 cerca de 109 000 metros cúbicos de terra que teriam vindo, segundo o Ministério Público, da construção do Templo do Rei Salomão, no Brás, da Igreja Universal. A operação ocorreu sem as devidas licenças ambientais. Dessa forma, ninguém sabe ao certo até hoje se o que está acumulado no lugar pode pôr em risco a saúde dos funcionários e estudantes. Eles exigem a remoção dos resíduos, o que poderia ter um custo estimado em 40 milhões de reais. Os responsáveis pela USP Leste garantem ter isolado a área e plantado grama nela para evitar que possíveis substâncias contaminantes se dispersem — procurada, a diretora da EACH, Maria Cristina de Toledo, não quis dar entrevista.

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Outros episódios recentes contribuíram para aumentar a sensação de abandono dos frequentadores. No fim do ano passado, ocorreu no local uma infestação de piolho de pombo e, por falta de saneamento, a água fornecida em bebedouros e torneiras estava turva. Segundo a reitoria, esses casos foram resolvidos com a limpeza da caixa d’água, a troca de filtros e a dedetização dos edifícios.

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Inaugurado em 2005, o câmpus acabou sendo construído propositalmente no bairro de Ermelino Matarazzo para atender alunos de uma das regiões mais carentes da cidade. Desde o início, apresentou o maior índice de estudantes vindos da rede pública de ensino de toda a universidade. Outro diferencial foi a preocupação em oferecer cursos que não existem em outras unidades, como bacharelado em têxtil e moda. “Passar na USP é um sonho que realizei, assim como os outros alunos. Mas, psicologicamente, estamos todos abalados”, conta Reginaldo Noveli, 24 anos, aluno de gestão de políticas públicas. “Agora, só queremos uma resposta: onde e quando voltaremos a ter aulas?”, completa.

Outro padrão

O tamanho e os problemas da instituição localizada em Ermelino Matarazzo

Nome oficial: Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo

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Fundação: 2005

Alunos: 4 500 (graduação); 120 (pós-graduação)

Professores: 270

Funcionários: 200

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Cursos: dez (graduação); oito (pós-graduação)

Mais concorridos: têxtil e moda (12,52 candidatos/vaga), marketing (9,52 c/v) e gerontologia (6,08 c/v)

CRONOLOGIA DOS PROBLEMAS

› Agosto de 2013: a Cetesb faz vistoria e constata que exigências ambientais não foram cumpridas

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› Dezembro de 2013: infestação de piolho de pombo e água turva nos bebedouros e nas torneiras

› Janeiro de 2014: o Ministério Público interdita o câmpus e as aulas são interrompidas até a resolução dos problemas ambientais

 

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