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Políticos contam seus passos no Twitter

O que eles estão fazendo? Participando de reuniões, visitando obras, indo ao cinema, ouvindo música...

Por Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h32 - Publicado em 18 set 2009, 20h26

Dia 25 de junho, 2h59 da manhã. Enquanto boa parte da cidade dorme, o governador José Serra ouve a canção Eleanor Rigby, dos Beatles. Pelo menos foi isso que ele escreveu em sua página no Twitter (https://twitter.com), rede social de mensagens instantâneas que se tornou febre na internet e conquistou a classe política. Algumas autoridades paulistas encontraram no site um canal para se aproximar da população. A ideia é passar a sensação de que o internauta é uma espécie de mosquinha bisbilhoteira no gabinete, no carro oficial ou na sala de reuniões. Embarcaram na onda deputados, vereadores e secretários, além de pelo menos uma subprefeita e um senador. “A ferramenta possibilita se sentir cara a cara com o eleitor”, afirma o publicitário especialista em marketing político Fernando Barros. “É uma forma de humanizar quem está escrevendo.” Políticos de todo o mundo invadiram a internet depois do sucesso da campanha virtual do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante as eleições americanas, no ano passado.

O Twitter é uma evolução dos blogs. Já reúne 32 milhões de adeptos e sua principal característica é o fato de os usuários poderem utilizar no máximo 140 caracteres para responder à pergunta “O que você está fazendo agora?”. Enviadas pela internet ou pelo celular, as mensagens são lidas instantânea e simultaneamente pelos “seguidores”, pessoas que se cadastram para acompanhar as atualizações de determinado autor. Na rede desde 18 de maio, o governador José Serra tem mais de 19 000 seguidores. Está em 50º lugar entre os brasileiros mais populares – o campeão é o técnico do Corinthians, Mano Menezes. Além de alardear a trilha sonora de suas madrugadas (que inclui ainda Lupicínio Rodrigues e Gal Costa), o governador propagandeia seus feitos no governo, dá dicas de filmes e corneteia o Palmeiras, seu time do coração. De vez em quando, deixa escapar algumas informações sobre sua vida pessoal. Já chamou o compositor Dominguinhos de “meu chapa” e revelou que fez um dueto com ele: “Verdade. Cantei, sim. E tenho testemunhas… de acusação”. Na madrugada do dia 2, respondeu a uma pergunta de VEJA SÃO PAULO pelo Twitter. Disse que dormia apenas cinco ou seis horas por noite.

Com cerca de 13 000 seguidores, a subprefeita da Lapa, Soninha Francine, é a mais acompanhada entre as autoridades municipais. Viciada na novidade e pelo jeito com tempo para isso, ela chegou a postar cinquenta mensagens num único dia. “Esse negócio é meio compulsivo”, assume. “Para não esquecer algo, costumo escrever na minha agenda de papel: ‘tuitar’ tal assunto.” Soninha compra briga com quem reclama que ela não trabalha, só fica na internet. Às vezes, usa o espaço para desabafos: “ODEIO a prefeitura. Odeio a gestão anterior, a penúltima e a antepenúltima. Odeio a SPTrans, a Ilume, a CET”, postou às 11h22 do último dia 17.

Em meio a indicadores escolares e a novidades de sua gestão, o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, gosta de atacar de DJ. No domingo 28 postou links de Bananeira, de João Donato, e Because the Night, da banda americana 10 000 Maniacs. “São músicas que estão na minha rádio virtual na internet”, explica ele, que marcou a entrevista com VEJA SÃO PAULO pelo Twitter. O secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, mantém a postura de xerifão da cidade. “Hoje andei a pé pela Alameda Santos e alguns trechos de calçada estão muito ruins. Vamos tentar reformar ainda neste ano”, escreveu, na última terça.

Para o professor de ciência política da Fundação Getulio Vargas Marco Antonio Teixeira, o Twitter representa um avanço em transparência ao permitir que o eleitor fiscalize o que o político faz. A superexposição, porém, pode trazer danos à imagem. Na ânsia de manterem a frequência na atualização das mensagens, muitos transformam a página num depósito de chatíssimas agendas de compromissos. “Quando a pessoa percebe que está sendo enganada, deixa de acompanhar o político”, diz Barros. “Hoje, a maioria comete esse erro.” Escorregar no português também é comum. Caso do deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB), que postou na última terça-feira: “Plenário só com 3 votação (sic) de urgências…”.

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