Continua após publicidade

Passo à frente

Antes restrito aos clássicos em marrom e preto, o universo dos sapatos masculinos perde a vergonha de ousar

Por Sylvain Justum
Atualizado em 1 jun 2017, 18h15 - Publicado em 5 Maio 2012, 01h00

Se é pelo sapato que se reconhece um homem, está cada vez mais interessante acompanhar as pegadas masculinas. Antes sempre muito pé no chão, o universo de calçados para eles tem andado de pernas para o ar. Marcas reconhecidas pela excelência na confecção de modelos clássicos arriscam ousadias. “Lidamos com uma geração que não se contenta com couro de vaca liso e variações entre o preto e o marrom”, diz Fabrizio Viti, diretor de estilo do departamento de calçados da Louis Vuitton. A grife francesa abriu há três anos uma fábrica dedicada a pares femininos e masculinos em Fiesso d’Artico, no Vêneto, região líder na produção desta que é uma tradição do made in Italy. Mantém, na loja de Milão, uma sala para encomendas exclusivas — ali, cada cliente elege não só as cores e o material da próxima aquisição, mas comanda o look final do par.

+ Um salto no verde: o designer Manolo Blahnik aposta em pares feitos sob encomenda com matéria-prima sustentável

Para o verão, Viti comandou a fabricação de derbies de píton, paetês ou mackintosh (tecido emborrachado, à prova díágua), oxfords de verniz perfurado e salto com placa de metal, monks com o monograma damier, o xadrez que reinou nas malas da grife antes do conhecido e copiado LV acompanhado de flores. Oxford, derby, monk parecem palavrões novos, mas trata-se dos nomes oficiais para modelos calçados há séculos. A referência recai sempre na forma de fechamento. Os dois primeiros se referem às amarrações — o derby tem abas para o cadarço soltas, enquanto as do oxford não permitem entrever a “língua”. Com o mocassim, formam o trio masculino mais tradicional. Monk se refere ao fechamento por fivela. Para o próximo inverno, o hit da Louis Vuitton é a astracã, lã frisada do cordeiro caracul, da Rússia, no lugar do couro. “Os homens querem mais criatividade, mais novidade, mais inovação, e estão dispostos a investir em estilo sem tropeçar na elegância”, acredita Viti.

É de olho no desejo desses homens neoclássicos que as marcas avançam no design. O mercado masculino é a mais nova fronteira cobiçada pelos CEOs das empresas top de moda. Dados do mais recente estudo da consultoria Bain & Company indicam que itens produzidos para eles já representam 50% do gasto com vestuário de luxo ó o prêt-à-porter masculino deve faturar 31,2 bilhões de dólares neste ano. A previsão é que as vendas acelerem a um ritmo de 10% ao ano, superando a velocidade de compras das mulheres, “estagnada” nos 8%. No universo dos acessórios, o mundo é ainda mais, com perdão da expressão, cor de rosa: sapatos e bolsas para eles respondem por uma fatia de 6 bilhões de reais, um salto de 14% só na segunda metade de 2011. Foi o suficiente para incentivar as multimarcas Printemps, em Paris, e Harrods, em Londres, a reservar espaços destinados a sapatos e bolsas masculinos. Por aqui, a Gucci abre a primeira loja totalmente para homens no novo Shopping JK Iguatemi. A mudança se dá menos na forma do que no jogo das aparências, como confirma a mais recente temporada internacional de desfiles. Ermenegildo Zegna, Burberry e Prada fizeram releituras de oxfords, derbies e monks, acrescentando solado mais espesso e pesado, alguns de borracha e corda — uma heresia para puristas, adeptos do couro. Produzidos com camurça e com sola colorida, os chamados bucks são mais informais, perfeitos para os mais jovens. “Muitos homens que cresceram de tênis agora querem algo diferente, sem abrir mão de exclusividade ou qualidade de acabamento”, diz Euan Denholm, gerente de desenvolvimento da Edward Green, grife inglesa com 122 anos de história que calçou o duque de Windsor, o compositor Cole Porter e o escritor Ernest Hemingway. Conhecida pela manufatura, a Edward Green não é muito afeita a modismos. Mas nem eles resistiram. Na coleção, sapatos de amarrar misturam materiais como couro e veludo ou aparecem bicolores.

Continua após a publicidade
sapatos masculinos
sapatos masculinos ()

Para quem não vê o menor problema em sair do sério, basta seguir as coleções dos franceses Christian Louboutin e Pierre Corthay, prodígio do sob medida, antes na inglesa John Lobb e hoje conhecido como “Louboutin para homens”. Tachas, fitas de veludo, tingimento degradê são recursos naturais a esses dois sapateiros, para quem o céu é o limite para os pés. Louboutin abriu a primeira loja masculina em agosto, em Paris, e a próxima, em Nova York, tem inauguração prevista para junho. “Modelos masculinos ainda representam uma parcela pequena do nosso negócio, mas o potencial é enorme”, conta Alexis Mourot, diretor da Christian Louboutin. De passinho em passinho, os 250 milhões de dólares de faturamento devem ir longe.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.