Parques paulistanos enfrentam problemas ambientais
Importantes áreas verdes da metrópoles sofrem com suspeita de contaminação do solo, obras irregulares e outros tipos de situações
Inaugurado em janeiro de 2010, o Parque Vila Leopoldina Orlando Villas-Bôas, na Zona Oeste, assim batizado em homenagem a um dos maiores sertanistas da história do país, espalha-se por 55.000 metros quadrados e recebe 400 pessoas nos fins de semana, que vão até lá para aproveitar atrações como as duas quadras de tênis e o campo de futebol com tamanho oficial.
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Ele entrou recentemente na mira do Ministério Público Estadual (MPE), que pediu seu fechamento por um suposto problema ambiental. Durante trinta anos, uma estação de tratamento de esgoto da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) operou no terreno ao lado, até ser desativada, em 1989.
O lugar também serviu para estocar produtos químicos. Segundo o promotor José Eduardo Ismael Lutti, o Villas-Bôas foi aberto à população sem que estudos conclusivos garantissem que o espaço verde não sofreu contaminação pelo vizinho. “A medida está sendo tomada por precaução e é uma forma de pressionar as autoridades a esclarecer a questão”, afirma Lutti. Até a última quinta (23), o caso aguardava julgamento na 4ª Vara da Fazenda Pública.
A pouco menos de três quilômetros dali, o Villa-Lobos enfrenta também um problema, mas de gravidade bem menor. Há cinco anos, uma investigação realizada por técnicos da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) acusou a presença de gás metano no subsolo, muito provavelmente pelo fato de o local ter sido usado antes da construção do parque como depósito do lixo retirado do Rio Pinheiros.
Os especialistas recomendaram o aprofundamento da análise. Passou-se um longo período sem que nada fosse feito a respeito. Somente agora o processo começou a andar. Uma licitação para a contratação de uma empresa especializada está em fase final.
O acordo deve ser assinado em setembro, mas não há previsão relativa ao cronograma de trabalho. “Independentemente disso, o fundamental para a população é saber o seguinte: o espaço não apresenta hoje nenhum risco para quem o frequenta”, garante Carlos Fortner, chefe de gabinete da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
Ainda que não exista motivo para alarme, especialistas no assunto acham importante acelerar o esclarecimento do caso. “Numa área que recebe tantas pessoas, não pode haver nenhuma margem de dúvida quanto a questões de segurança”, entende Paulo Saldiva, pesquisador da Faculdade de Medicina da USP.
Algumas encrencas relacionadas às áreas verdes da capital viram quase um enredo de novela até que se chegue a uma solução adequada. Um exemplo disso é o caso do lago do Parque da Aclimação, na Zona Sul. Em 2009, ele secou devido ao rompimento de um vertedouro, e um mutirão realizado por moradores da região salvou parte dos animais que viviam por lá, como patos, peixes e tartarugas.
Dois anos depois, sua fauna sofreu novamente, dessa vez com uma inundação. Em nota oficial, a administração do parque diz que realizou no fim do ano passado o serviço necessário para evitar novas enchentes nos períodos de cheias.
Não são apenas as questões ambientais que põem atualmente esses parques na mira da Justiça. No Parque da Água Branca, na Zona Oeste, o imbróglio envolve a suposta retirada de árvores e a execução de reformas irregulares no espaço tombado pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH).
Na semana passada, o promotor Washington Luis Lincoln de Assis pediu o embargo das obras e a cobrança de uma multa diária de 500.000 reais da administração em caso de descumprimento da ordem. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, responsável pelo Água Branca, os trabalhos em curso estão de acordo com a lei.