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Pagu ganha homenagem em centenário

A escritora Patrícia Galvão é homenageada em livro que mostra sua relação com a cidade

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 1 jun 2017, 18h44 - Publicado em 22 jun 2010, 12h39

O jornalista Geraldo Galvão Ferraz, de 69 anos, não conheceu Pagu, a musa da intelectualidade paulistana na virada da década de 20 para a de 30. Para ele, sua mãe, Patrícia Rehder Galvão (1910-1962), era Pat, como seu pai, o também jornalista Geraldo Ferraz, a chamava, ou Zazá, apelido trazido da casa dos avós. Em nada ela lembrava a ousada jovem que encantou o escritor Oswald de Andrade, levando-o a desfazer o casamento com a pintora Tarsila do Amaral. Muito menos a simpatizante do comunismo que enfrentou o governo de Getúlio Vargas. Nos anos 40, Pagu já era uma mulher madura, caseira e dedicada à literatura. Além de cuidar do filho recém -nascido, tentava amenizar as feridas causadas pela pouca convivência com Rudá, fruto do relacionamento com Oswald.

No ano de seu centenário, celebrado em 9 de junho, a intelectual e ativista política tem a memória reavivada. O lançamento do livro ‘Viva Pagu — Fotobiografia de Patrícia Galvão’ (Imprensa Oficial, 348 páginas, preço a definir) e a abertura de uma exposição em 1º de julho na Casa das Rosas, em São Paulo, apresentam facetas pouco conhecidas da mítica mulher. Escrito por Geraldo Galvão Ferraz e pela psicóloga e pesquisadora Lúcia Maria Teixeira Furlani, ‘Viva Pagu’ refaz seus caminhos através de 330 imagens e textos curtos. Nascida em São João da Boa Vista, Pagu mudou-se para a capital em 1912, aos 2 anos, e cresceu ao mesmo tempo em que São Paulo tentava se desvencilhar dos hábitos provincianos para se transformar em metrópole. Morou na Liberdade, no Brás, na Aclimação, na Bela Vista e em uma chácara no então município de Santo Amaro. Depois de breves períodos no Rio de Janeiro e em Paris, para fugir da repressão, encontrou sossego em Santos, onde morreu em decorrência de um câncer.

Pose na Igreja da Penha
Pose na Igreja da Penha ()

“Comecei a ler muitas coisas erradas e imprecisas. Fiz um livro para corrigir os equívocos”, diz Ferraz. “Queria mostrar que, por ser uma guerreira e quebrar tantos tabus, minha mãe pagou um preço alto.” Cartas, algumas reproduzidas no livro, mostram a angústia de Pagu para se distanciar do mito construído em torno de sua imagem por causa da estreita relação com Oswald e Tarsila e da convivência com os artistas plásticos Di Cavalcanti, Candido Portinari e Flávio de Carvalho. “Ela teve bons professores e aproveitou as oportunidades, por isso aprendeu a pensar sozinha e viu que se tornou vítima de suas opções radicais”, completa Lúcia.

Dez passos de Pagu

■ 1910 — Patrícia Rehder Galvão nasce em São João da Boa Vista.

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■ 1912 — Sua família muda-se para a Rua da Liberdade, em São Paulo.

■ 1924 — Torna-se aluna da Escola Normal do Brás (no destaque).

■ 1930 — Pagu e Oswald fazem um pacto de casamento no Cemitério da Consolação. Três meses depois, simulam a foto da cerimônia diante da Igreja da Penha. No mesmo ano, nasce Rudá.

■ 1931 — Sofre a primeira de suas 23 prisões políticas.

■ 1933 — Publica o romance Parque Industrial.

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■ 1939 — Escreve na prisão o romance Microcosmo. Trata-se de um livro cuja primeira parte Pagu enterrou em um terreno baldio em São Paulo para proteger da polícia. Ao tentar desenterrá-lo, três anos depois, a decepção. No local, havia um edifício.

■ 1940 — Casa-se com o jornalista Geraldo Ferraz. Seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz, nasce no ano seguinte.

■ 1952 — Estuda teatro na Escola de Arte Dramática (EAD).

■ 1954 — Muda-se para Santos e morre ali oito anos depois.

 

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