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O que Resta do Tempo: drama com humor irônico

O diretor palestino Elia Suleiman relembra partes de sua trajetória no filme, de tom contemplativo

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h58 - Publicado em 4 fev 2010, 16h11

Numa época em que a montagem no cinema adquiriu a velocidade rápida do videoclipe, acompanhar uma fita contemplativa do diretor Elia Suleiman vira um convite ao prazer. Para quem ainda não ligou o nome à pessoa, vai a dica: israelense de origem palestina, ele despontou oito anos atrás após seu belo e poético Intervenção Divina levar o Prêmio do Júri no Festival de Cannes. Agora, no drama O que Resta do Tempo, retoma conflitos pessoais para abordar com fina ironia os conflitos entre árabes e israelenses.

O filme traz no prólogo uma metáfora instigante. Um taxista leva um passageiro do aeroporto para casa e, por causa de um temporal, não consegue encontrar o caminho. É como se o diretor apontasse o período nebuloso e sombrio que paira sobre Israel. São abertas, então, as memórias do realizador. De volta a 1948, ele lembra o pai, o palestino Fuad (Saleh Bakri), militante ativo contra a ocupação de sua Nazaré natal. Dá-se um salto para 1970 (Zuhair Abu Hanna), sofrendo os percalços de uma família árabe em estado majoritariamente judeu. Jovenzinho dez anos depois, Elia (Ayman Espanioli) toma consciência política e vê a saúde do pai deteriorar. No tempo atual, Elia (vivido então pelo próprio cineasta) reencontra a mãe, já doente, depois de longa ausência.

Em nenhuma das fases o personagem abre a boca. Trata-se da marca registrada dos trabalhos de Suleiman. Misto de Buster Keaton com Jacques Tati, ele carrega no rosto a expressão do espanto e do inconformismo. Seu cinema é feito de silêncios, situações surreais, sequências dramáticas e humor negro. Tudo muito bem combinado.

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