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Designers como Tatiana Loureiro destacam-se por sapatos artesanais

Juliana Bicudo, Luiza Perea e as grifes Masqué, de Adriana Pedroso, e [sept.is], de Dani Cury, estão entre as marcas que fazem produtos exclusivos, bonitos e confortáveis

Por Adriana Ferreira Silva
Atualizado em 12 nov 2018, 18h07 - Publicado em 28 mar 2014, 18h43

Formada em psicologia, a paulistana Tatiana Loureiro, de 34 anos, trabalhou pouco tempo na área. Preferiu investir na carreira de empresária, assumindo, em 2007, o comando de uma fábrica em Osasco que fazia sapatos e acessórios para clientes como a butique Daslu. A ideia de lançar uma marca própria nesse mercado surgiu de tanto ela sofrer “bullying de moda” das amigas. “Elas diziam que eu era ‘jeca’ por não suportar as sandálias altas”, conta. Disposta a mostrar que era possível usar ballerinasde bom gosto, fez um curso de criação e, tempos depois, desenvolveu uma linha de sapatilhas. Batizada com seu nome, a etiqueta estreou em 2010, com um investimento de cerca de 300 000 reais, num salão de 100 metros quadrados na Rua Peixoto Gomide, nos Jardins. O negócio fez sucesso, deu origem a uma linha que possui hoje sessenta produtos por coleção e ajudou a empresária a se tornar conhecida como uma das designers mais bem-sucedidas do mercado de calçados femininos artesanais da capital.

Por mês, Tatiana calcula vender cerca de 1 000 pares. Suas clientes pagam até 1000 reais pelos modelos de couro feitos a mão, em diversas cores e texturizados como pele de cobra, lagarto e outras estampas. Os mais caros são decorados com aranhas e borboletas de ferro, entre outros animais. Na linha luxo, há pedras preciosas, como esmeralda e rubi indiano, que adornam exemplar desenvolvido em parceria com o joalheiro Hector Albertazzi. O negócio começou a ganhar visibilidade no mesmo ano de abertura, quando a empresária trocou o endereço da Peixoto Gomide por um espaço de 19 metros quadrados no Shopping Iguatemi. “Meu sonho era abrir um ponto no local”, conta Tatiana, que investiu aproximadamente 900 000 reais na nova loja. Hoje, suas sapatilhas estão em 35 endereços, incluindo espaços próprios no JK Iguatemi e no Pátio Higienópolis. A antiga fábrica de Osasco foi fechada em 2011, e quem cuida atualmente da produção dos calçados são dois fornecedores. “Não estava dando conta de fazer tudo e preferi me concentrar na criação das peças”, explica a empresária.

 

Para enfrentar um mercado dominado por empresas de fast-fashion, que cobram muito menos, ela e outras designers que estão se destacando no setor apostam em desenhos exclusivos e penduricalhos, na qualidade do material (sempre couro, em geral de cabra) e no conforto. Enquanto a Tatiana é a preferida das it girls, as sandálias desenhadas por Adriana Pedroso para a Masqué agradam às mulheres sóbrias. Formada em desenho industrial, a empresária de 33 anos aprendeu o ofício estudando em cidades europeias como Londres e Barcelona. De volta a São Paulo, trabalhou por cinco anos na equipe de Sarah Chofakian, a pioneira por aqui no mercado de calçados artesanais e até hoje uma grande referência na área. “Aprendi a fazer coleções grandes, com cerca de setenta pares”, lembra Adriana. Em 2010, decidiu alçar voo-solo. Investiu 250 000 reais e montou um ateliê-loja no Itaim. Desenvolveu no local moldes clássicos, de pelica, couro de cobra e tilápia. “Não sigo tendências nem sou aficionada da moda. Minhas criações são atemporais”, acredita. Uma de suas particularidades é a aplicação de bordados, pedras e miçangas. “Numa viagem a Paris, vi um par de brincos bonitos numa vitrine e o comprei para colocá-lo em um dos meusmodelos. Ficou tão bom que não parei mais de trazer badulaques. Tornam meus itens exclusivos.” Atualmente, a Masqué é vendida por 42 multimarcas em todo o Brasil. Mantém ainda um serviço de delivery: a cliente pode pedir até dez pares para provar em casa, escolher o que quiser comprar e devolver os outros, sem custo.

Juliana Bicudo
Juliana Bicudo ()

Nos pés das moças que frequentam o Bar Riviera e dançam nas matinês do MIS, três outras marcas estão semprepresentes: Juliana Bicudo, Luiza Perea e [sept.is], da estilista Dani Cury. Vizinhas na Rua Girassol, na Vila Madalena, as duas primeiras têm como garotas-propaganda as cantoras Tulipa Ruiz e Tiê (Bicudo) e Blubell (Perea). Quando mostram novidades, elas promovem shows, servem bolo e champanhe. As semelhanças param por aí. Arquiteta por formação, a paulistana Juliana Bicudo, de 34 anos, inspirou-se, por exemplo, na artista Frida Kahlo para o seu outono-inverno. Os coloridos quadros da pintora mexicana traduzem seu estilo, que brinca com misturas, em princípio, bizarras, como azul-bebê com marrom ou ameixa e amarelo. “Tiro ideias até de rótulos de comida”, exemplifica. O resultado sempre surpreende e “acende” o visual. No início da carreira na área, Juliana deixou o emprego num escritório de planejamento urbano e, com o fundo de garantia de 8 000 reais, criou a primeira coleção, vendida em bazares. Em 2010, os pais ajudaram a investir 100 000 na sede própria. “De cara, identifiquei meu público: mulheres de 30 a 50 anos, que trabalham o dia inteiro, querem estar elegantes, mas exigem conforto. Por isso, os saltos têm até 6,5 centímetros”, explica.

Luiza Perea
Luiza Perea ()

Quando uma de suas clientes não encontra o que procura, atravessa a rua para buscar alternativa na concorrente Luiza Perea. A designer de 31 anos dedicou-se à joalheria durante a faculdade de moda e fez colares e brincos com fibra de garapa, uma referência à cultura da cidade onde nasceu, Barra Bonita, no interior do Estado, famosa por abrigar usinas de cana-de-açúcar. Os sapatos vieram como uma exigência do curso e receberam elogios. Em 2009, ela abriu seu primeiro ponto, numa casa de vila. No ano seguinte, mudou-se para um espaço maior, na Girassol, onde vende itens com traços ousados e contemporâneos. Distinguem-se pelos recortes e pelas tiras entrelaçadas, entre outros detalhes.

Tatiana Loureiro
Tatiana Loureiro ()

A única que ainda não possui loja própria é Dani Cury, de 33 anos. Ela recebe os interessados em sua grife, a [sept.is], com hora marcada, em um ateliê na Consolação, onde está desde 2010, e vende também on-line e em multimarcas.Dani entrou para o mercado da moda como estilista de empresas, entre elas a Maria Bonita, mas se decepcionou.“Tinha uma visão poética. Pensava em fazer esculturas para o corpo, mas as marcas só querem vender.” Numa temporada em Londres, resolveu dar uma guinada profissional e investir na paixão por sapatos. “Sou louca por eles. Tenho uns100, mas cheguei a 200.” Desenhou, então, sapatilhas de bico fino, que adora, mas não as encontrava em versões confortáveis. Além de peças minimalistas e leves (a sensação de quem as usa é a de estar descalça), as linhas, que acompanham o formato dos pés, são sua assinatura. “Busco influências no japonismo e na arquitetura. Fiz um modelo pensando num prédio do Oriente Médio”, conta. Seus produtos chamaram a atenção de companhias como a Alcaçuz, com a qual mantém parceria. Ela afirma ter recusado propostas de investidores. “Ofereceram 1 milhão de reais, mas não quis. Só posso experimentar porque não tenho esse tipo de amarra.”

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