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Museu da Tecnologia precisa desocupar terreno público próximo à USP

Despejo deve acontecer até 13 de agosto

Por Camila Antunes
Atualizado em 5 dez 2016, 19h32 - Publicado em 18 set 2009, 20h26

São Paulo deve perder um museu no próximo mês. À primeira vista, parece notícia daquelas que se comentam com tristeza. Mas pode não ser o caso no que diz respeito ao embate recente entre o ex-governador Geraldo Alckmin, atual secretário estadual de Desenvolvimento, e a fundação que mantém o Museu da Tecnologia. Instalado num terreno público do Jaguaré desde 1974, o espaço contabilizou, em sua melhor fase, média mensal de 1 200 visitantes. Hoje, quando muito, atrai cinco pessoas por dia – o pavilhão principal só abre quando há visitas escolares agendadas. E por que, afinal de contas, não seria ruim encerrar as atividades? A resposta está no destino que se pretende dar ao local: a implantação de um polo tecnológico. Em outubro do ano passado, o governador José Serra assinou um decreto que determina a construção de uma Faculdade Tecnológica (Fatec) e um centro com laboratórios, salas de reunião e anfiteatro. Para dar lugar a esse projeto, o Museu da Tecnologia recebeu da Secretaria de Desenvolvimento ordem para devolver os 44 000 metros quadrados de área que ocupa.

O maior dilema é onde colocar as cerca de 150 peças do acervo. Entre elas há máquinas do início do século XX, como os locomóveis, usados para gerar energia, e um avião DC-3, da década de 40. O destino mais provável é o Catavento, museu dedicado às ciências no Palácio das Indústrias, na região central. As conversas entre o governo e a fundação mantenedora, que tem entre seus membros o ex-governador Laudo Natel, pareciam convergir para uma solução harmônica até o início do mês. Foi quando surgiu um impasse sobre a maneira como as peças seriam expostas. “Queremos que fiquem todas juntas, para garantir que o Museu da Tecnologia não se perca da memória dos paulistanos”, afirma seu presidente, Paulo Fernando de Araújo. “Vamos buscar um meio-termo, mas não podemos fazer promessas desse tipo”, rebate Orlando Baptista Neto, chefe de gabinete da Secretaria de De-senvolvimento. Um ofício encaminhado pela direção do museu pedia também que a fundação tivesse uma sede para continuar ativa. O governo não gostou da ideia. “Seria inconstitucional manter uma fundação privada com dinheiro público”, diz Baptista Neto. “Dado o pedido absurdo, entendemos que não haveria mais condições de negociação.” Os ânimos esquentaram no último dia 13, quando o governo enviou uma carta pedindo a saída do museu dentro de trinta dias a partir daquela data. “Ficamos em estado de choque, pois nem tínhamos visto um estudo de como o acervo seria exibido”, declara Araújo.

A pendenga se arrasta desde 2003. Naquele ano, o governo requereu a posse do prédio a fim de alocar ali algumas de suas repartições. A concessão de uso do terreno havia vencido em 1994. Os diretores do museu se viram obrigados a dividir o espaço do qual tiveram posse por vinte anos. Ficaram com 25% da área e fecharam as portas enquanto obras de adaptação foram realizadas, entre dezembro de 2004 e março de 2006. A situação afastou potenciais investidores e, é claro, visitantes. Foi o começo do fim. Que, pelo jeito, parece próximo.

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