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Mooca, bairro com o menor número de homicídios em 2007, tem lições a ensinar

Moradores participam da vigilância local; policiais registram as ocorrências em banco de dados on-line

Por Camila Antunes
Atualizado em 5 dez 2016, 19h26 - Publicado em 18 set 2009, 20h31

O único distrito policial de São Paulo que pode se orgulhar de não ter registrado nenhum homicídio em 2007 é o Alto da Mooca. Seus limites geográficos não correspondem à totalidade da Mooca, cuja área é duas vezes maior, mas compreendem o miolo nobre do bairro, onde ficam o clube Juventus, a casa de shows Moinho Santo Antônio, a confeitaria Di Cunto e o Elídio Bar-, só para citar alguns de seus ícones. Com uma população de 60 000 habitantes, ruas em que predominam casas e um clima de cidade de interior, o Alto da Mooca tem moradores empenhados em melhorar a segurança local. “Mais de trinta pessoas participam das reuniões mensais do Conseg, o conselho comunitário de segurança”, afirma o delegado José Pereira Lopes Neto, titular do 18º Distrito Policial. “Em outros bairros, o envolvimento da população é bem menor.”

Freqüentadora dessas reuniões e responsável por redigir as atas, a pedagoga Láis Chiarotto, 73 anos, está satisfeita com os resultados alcançados. “Já conseguimos pressionar as autoridades para iluminar a Praça Abrônia, por exemplo, e policiar melhor as ruas nos dias de feira livre, quando eram comuns os roubos a carro”, conta. Ela liderou outra mudança significativa em seu bairro: ajudou a convencer a Polícia Militar da necessidade de reforçar a segurança na Avenida Paes de Barros, onde ficam os bancos, nos dias de pagamento dos pensionistas do INSS. “Dona Láis me telefona para lembrar que chegou o dia de receber a aposentadoria”, conta o capitão Carlos Eduardo Righi, comandante da 6ª Companhia do 21º Batalhão.

Responsável pelo policiamento na área na parte mais comercial da Mooca, Righi apresenta com orgulho os índices de criminalidade no seu DP (o 57º, chamado Parque da Mooca). Houve dez homicídios em 2000 e apenas dois em 2007. “Um deles foi de um garoto que matou a mãe e se suicidou”, diz. Nesse mesmo período, os roubos caíram 24% e os furtos de veículos, 28%. A diminuição da violência deveu-se não apenas ao empenho da vizinhança, mas também à implementação de um banco de dados on-line, no qual os policiais registram as ocorrências dia após dia.

Mais de 60% das delegacias do estado estão interligadas nessa base digital, chamada Infocrim. Com ela, tornou-se possível detalhar cada tipo de crime, incluindo informações como local e horário em que há maior número de ocorrências, as situações que facilitam os delitos e o perfil das vítimas preferenciais. Assim, a polícia passou a agir de modo mais cirúrgico. Os carros de patrulha, que antes rodavam a esmo, começaram a seguir uma rota determinada. E os cruzamentos de trânsito com maior incidência de assaltos receberam reforço na vigilância.

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De acordo com relatório recente da Organização das Nações Unidas (ONU), a taxa média de homicídios na Europa é de oito a cada 100?000 habitantes e em Nova York de sete a cada 100 000. A comparação com o mundo desenvolvido revela o padrão desejável para São Paulo alcançar: dez assassinatos por grupo de 100 000 pessoas, índice definido pela própria ONU. De 1999 para cá, a taxa de homicídios despencou 79% na capital e 69% no estado. A cidade de São Paulo, no entanto, ainda contabiliza treze homicídios a cada 100 000 moradores, enquanto o estado registra onze.

Entre os bairros de São Paulo que possuem índices de Primeiro Mundo destacam-se Sacomã, Vila Formosa, Bom Retiro, Vila Alpina, Vila Maria, Vila Prudente e Tatuapé. Juntamente com a Mooca, eles compõem uma espécie de sub-região onde a quantidade de homicídios não ultrapassa oito por 100 000-. Outra ilha de sossego dentro da cidade espalha-se pelos distritos do Oeste e Centro-Sul, como Jardins, Vila Mariana, Consolação, Pinheiros, Lapa, Perdizes e Morumbi. Tais distritos também ostentam índices de país desenvolvido quando o critério é a quantidade de homicídios. Apresentam, contudo, altíssimas taxas de crimes contra o patrimônio, como seqüestros, roubos e furtos de carros. “Quando os homicídios caem, outros crimes também diminuem”, diz o capitão Carlos Eduardo Righi. Seja nos bairros nobres, seja na periferia, o que os paulistanos esperam é que essa regra não encontre exceções.

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