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Plastique c’est chic

Acrílico e vinil concorrem com o couro em roupas e acessórios

Por Silvano Mendes, de Paris
Atualizado em 5 dez 2016, 16h06 - Publicado em 20 abr 2013, 01h00

Pela fórmula tradicional da indústria de produtos finos, artesãos habilidosos manufaturam, com as matérias-primas nobres, roupas e acessórios a cada temporada. No verão 2013, no entanto, um estranho se mete no ninho de crocodilos, avestruzes, astracãs e sedas — o plástico. Fabricado em grande escala e com cifras, em estado bruto, muito aquém do preço de centímetros de píton, ele se materializa em duas versões: o plexiglas, vulgo acrílico, e o PVC, o popular vinil. Patenteado em 1933, o plexiglas salta do papel de dublê do vidro em aquários e coberturas de estádios para o de protagonista em colares e braceletes Miu Miu e Lanvin e em minaudières (carteiras rígidas de mão) Gucci e Chanel, já apelidadas de “lego”. Valentino foi mais longe: desfilou um trench coat de vinil com debrum de couro e tachas de metal. Mais maleável que o plexiglas, o PVC — um substituto da borracha aplicado para capear os fios elétricos dos navios da II Guerra Mundial — aparece também nos vestidos Osklen e Paco Rabanne e nos sapatos Charlotte Olympia, Christian Louboutin e Giorgio Armani.

“Encaro como uma tentativa de ir além dos códigos clássicos burgueses para atrair uma clientela mais jovem”, diz a consultora de tendências Fériel Yearling, de Paris. É verdade especialmente no caso das roupas, com o vinil trazendo a transparência no lugar da organza, da musselina ou da renda. No início dos anos 2000, Tom Ford, na passagem relâmpago pela Yves Saint Laurent, divertiu-se combinando cintos de pléxi, como dizem os franceses, com casacos de mink. “Usar material tido como menos nobre, numa pegada cheap & chic, tem também uma dimensão quase artística, na linha de Marcel Duchamp”, completa Yearling. O plástico estreou na moda nos anos 20, com o celuloide empregado no lugar do marfim, do âmbar e do casco de tartaruga nas bijuterias. O baquelite virou hit nos telefones pretos, típicos dos anos 50, e nas bijus da época. Depois da banalização dos anos 70, foi regenerado graças ao design de objetos, das cadeiras Kartell às luminárias do francês Christian Biecher. Impermeável, resistente e durável por muitas gerações, o plástico é o componente perfeito para a fórmula da indústria contemporânea dos produtos finos.

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