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Mochileiros em busca de trabalho voluntário

Jovens paulistanos viajam pelo mundo oferecendo ajuda em orfanatos, hospitais e zoológicos

Por Da Redação
Atualizado em 5 dez 2016, 19h20 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

Passar uma temporada no exterior é o sonho de muitos jovens de classe média, seja para ganhar fluência numa língua estrangeira, seja para conhecer a cultura de outro país. Não à toa, os programas de intercâmbio sempre foram sucesso por aqui. Estima-se que em 2005 cerca de 12 000 brasileiros entre 12 e 35 anos tenham feito cursos de idiomas, principalmente nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália. Normalmente, quem paga pelo intercâmbio são os pais, e os estudantes ficam hospedados em residências de casais com filhos da mesma idade que a deles. Esse tipo de programa, entretanto, é convencional demais para uma turma mais aventureira. São os mochileiros do bem. Eles viajam para a Índia, a África do Sul e outros países para cuidar de crianças carentes, adultos doentes ou animais maltratados. Uma coisa meio príncipe William, o filho mais velho da princesa Diana, que já foi fotografado limpando latrinas (voluntariamente, claro) num vilarejo na Patagônia chilena. Aliás, na Inglaterra é bastante comum o chamado gap year, um ano que muitos estudantes dedicam a um trabalho comunitário antes de entrar na universidade. O ator Joaquim Bittencourt Lino, de 25 anos, queria uma experiência que o “transformasse de verdade”. Há cinco anos, enviou cartas a dezoito entidades britânicas se oferecendo como voluntário. Cinco delas responderam e ele escolheu uma em Devon, cidade com 700 000 habitantes. Durante doze meses, Lino ajudou adultos com diversos tipos de deficiência, como autismo e síndrome de Down. “Aprendi a ser tolerante, a ter menos preconceito e a me conhecer melhor”, diz. Lino tinha casa, comida e roupa lavada. Arcou apenas com o valor da passagem. Como ajuda de custo, recebia o equivalente a 406 reais por mês. Segundo três das principais empresas brasileiras que dispõem de programas para encaminhar voluntários ao exterior – a Aiesec, a AFS Intercultura Brasil e a Experimento –, cerca de setenta pessoas se inscrevem neles todo ano. “Em geral, são jovens com inglês fluente que querem entender melhor as diferenças culturais entre os países e estão interessados em contribuir com suas ações”, conta Morgana Martins Krieger, coordenadora da Aiesec. As duas primeiras empresas não têm fins lucrativos, mas o participante precisa comprar a própria passagem. Na Experimento, é necessário pagar uma taxa que varia conforme o país e a duração do programa. Uma estada de sete semanas na Índia, por exemplo, custa em média 1 600 dólares, o que inclui gastos com acomodação, alimentação e transporte local. Estudante de jornalismo Vanessa Vascouto, de 22 anos, ficou seis meses na África do Sul como voluntária em um zoológico em Durban. Ela trabalhou em um centro de reabilitação de animais doentes. Cuidava de pássaros, macacos e outros animais. “Morei com uma família africana e no começo tive muita dificuldade de adaptação”, relata. “Ajudava na compra do sabão em pó e da gasolina, produtos muito caros por lá.” Nos dias de folga, conheceu praias belíssimas na Cidade do Cabo. Também aprendeu um pouco de zulu. “Kunjani”, ou seja, tudo bem, foi a primeira palavra que falou. Maria Júlia Teixeira Pinto, de 26 anos, viajou assim que terminou a faculdade de administração, em 2004. Ela foi voluntária em Chandigarh, no norte da Índia. Semanalmente, Maria Júlia realizava visitas a hospitais que tratam de crianças com câncer. “Eu já havia feito intercâmbio duas vezes e queria conhecer outro tipo de realidade”, diz ela, referindo-se às viagens para os Estados Unidos e a Inglaterra. Hoje, Maria Júlia ganha a vida dando aulas de inglês. “Foi uma experiência fantástica. Aprendi muitas coisas, mas principalmente a valorizar o que tenho.” Algumas empresas de turismo que ajudam a escolher um trabalho voluntário em ONGs fora do país: AFS Intercultura – Essa empresa oferece convênio com instituições de 32 países, entre eles Islândia, Egito, China, Canadá, Austrália e Estados Unidos. O estudante só tem gastos com a passagem aérea. A hospedagem e a alimentação são custeadas pelas instituições onde o voluntário vai atuar. O indicado é mandar ficha de inscrição pelo site (www.afs.org.br) ou via e-mail (infobrasil@afs.org.br); tel: (21) 2224-4464; Aiesec -São noventa possibilidades de destino, entre elas países como Índia, Colômbia, Nigéria, México, Holanda e Polônia. O estudante também só tem gastos com a passagem aérea. A empresa atende em dois escritórios na cidade. Um na Fundação Getulio Vargas (Avenida Nove de Julho, 2029, 7º andar, tel: 3281-7868) e o outro no campus da USP (Avenida Professor Luciano Gualberto, 908, FEA-5, sala 203, tel: 3091-6047); https://www.aiesec.org.br; Experimento – O preço varia conforme o país de destino e a duração do programa. Passar quatro semanas cuidando de crianças com câncer na Turquia, por exemplo, custa 1 525 dólares, fora a passagem aérea, mas incluindo alimentação e hospedagem. Para ficar um ano em Gana, com os mesmos benefícios, pagam-se 3 650 dólares. O escritório fica na Rua Doutor Mário Ferraz, 339, Itaim Bibi, tel: 3707-7122; https://www.experimento.org.br

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