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Meteorologistas ainda erram

Último feriado é prova de que ainda existe barbeiragens na previsão

Por Giuliana Bergamo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h30 - Publicado em 18 set 2009, 20h28

No último dia 20, feriado municipal do Dia da Consciência Negra, muitos paulistanos deixaram de arrumar as malas e pegar a estrada por causa da previsão do tempo. Alguns institutos de meteorologia cravaram que iria chover em todo o litoral. Erraram feio. O sol brilhou forte na quinta e na sexta-feira. Apesar de o clima ser um dos fenômenos mais complexos da natureza, barbeiragens meteorológicas como essa tornaram-se mais raras. O grau de acerto dos especialistas brasileiros aumentou sensivelmente nos últimos anos. Para se ter uma idéia, na década de 80 não passava dos 70%. Atualmente, chega a 98%. Quando os erros acontecem, no entanto, tiram o humor de quem confiou nos meteorologistas. “Por causa do ar frio que chegava ao continente vindo do oceano, havia evidências de que iria chover, mas o vento não foi forte o suficiente para fechar o tempo”, afirma Patrícia Madeira, da empresa Climatempo. Segundo os técnicos, a umidade e as altas temperaturas deixam as condições muito instáveis na primavera e no verão. “A acurácia cai para 85%, aproximadamente, nessa época”, diz William Escobar Lino, gerente de operações do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe).

A previsão do tempo não é uma ciência exata. Todos os dias, às 7h30, cinco meteorologistas se reúnem em torno de uma mesa redonda na sede paulistana da Climatempo, na Vila Mariana. Ao longo de uma hora, eles remexem gráficos impressos sobre mapas do Brasil, num ritmo semelhante ao das cartomantes que manipulam um tarô. É com base na análise dessas imagens que cada um dá sua opinião a respeito do tempo nos próximos cinco dias. Nem sempre eles concordam entre si. Cena semelhante ocorre na Somar Meteorologia, empresa privada que, ao lado da Climatempo, lidera o mercado de análises meteorológicas em São Paulo.

As informações que lemos em jornais e sites são resultado de um processo que começa muito antes da reunião dos técnicos no instituto de meteorologia (veja o quadro ao lado). Diversas vezes ao dia, cerca de 8?000 estações meteorológicas espalhadas pelo território nacional verificam a umidade, a temperatura, a pressão, a quantidade de chuva, a radiação solar, a direção e a intensidade do vento. Os mesmos dados são colhidos por sensores acoplados a balões lançados na atmosfera, aviões comerciais, navios de grande porte, bóias fixas na superfície do mar e funcionários da Aeronáutica. Um satélite e uma dezena de radares também captam imagens em tempo real de como está a atmosfera. Todas essas informações são enviadas ao Inpe, onde estão instalados supercomputadores capazes de fazer 5,7 trilhões de cálculos por segundo. No próximo ano, deve chegar ao instituto uma nova máquina, quatro vezes mais potente. Ainda assim, estaremos muito atrás dos institutos americanos, cujos computadores fazem 60 trilhões de cálculos por segundo. São esses os aparelhos que processam os dados e produzem os mapas analisados pelos meteorologistas do Inpe e das empresas privadas.

Além das limitações técnicas e da divergência de opinião entre os meteo-rologistas, há outra dificuldade: comunicar a previsão para os leigos. Cada instituto tem sua própria classificação para os diversos perfis de tempo. O que, afinal, significa “sol com possibilidade de chuva” – como estava previsto para o último feriado? “Mostramos que a probabilidade de chover é grande, mas nem sempre podemos saber se a água vai cair de manhã ou à tarde”, afirma Paulo Etchichury, um dos sócios da Somar. “Isso só é previsto com poucas horas de antecedência.” Daí as falhas de interpretação. Quem quiser uma previsão mais personalizada poderá conversar com um dos meteorologistas do Inpe pelo tel: (12) 3186-8601. O serviço é gratuito.

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