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As jovens tenistas Mayara e Magnólia Alves Galvez

Nascidas numa família pobre, as gêmeas Galvez tornam-se promessas do esporte

Por Daniel Salles
Atualizado em 5 dez 2016, 18h54 - Publicado em 19 mar 2010, 20h05

A exemplo de muitos atletas que emocionaram o Brasil em competições internacionais, Mayara e Magnólia Alves Galvez protagonizam uma história com ares de conto de fadas. Hoje apontadas como talentos de uma modalidade tida como “de elite”, o tênis, as gêmeas nasceram numa família de dez filhos em um bairro pobre da Zona Norte. “A gente nunca tinha nem visto uma raquete de perto”, conta Mayara. Ela e a irmã eram alunas da escola Senador Milton Campos, que fica na Vila Brasilândia e já foi considerada uma das piores de São Paulo pelo Ministério da Educação. Foi ali que encontraram seu passaporte para mudar de vida — e não o desperdiçaram. Em 2006, um de seus professores, Rogério Fiorini, decidiu selecionar dois estudantes para treinar alguma modalidade esportiva. Escolheu as duas. “Elas sempre tiraram notas boas e foram as mais interessadas de sua classe”, explica Fiorini, que resolveu matriculá-las no Palmeiras para jogar tênis. Gasta com isso, até hoje, 1 100 reais por mês. “Propus esse esporte porque depende mais de esforço do que de dom.”

Mayara e Magnólia passaram a treinar três horas por dia, dedicação recompensada com um convite para representar o clube em competições estaduais. Numa dessas, chamaram a atenção do ex-tenista Flávio Saretta, que virou seu técnico. “Fiquei surpreso com a facilidade delas com a raquete”, diz. A vitória mais importante — até o momento — veio no começo deste ano: uma bolsa integral de estudos no Colégio Batista Brasileiro, em Perdizes, onde as meninas, hoje com 15 anos, cursam o 1º ano do ensino médio. As mensalidades custam 1 250 reais, valor que seria impossível pagar com a aposentadoria de 2 300 reais mensais do pai, exoperador de guindastes. Em contrapartida, as gêmeas (idênticas, exceto por duas pintas no pescoço de Mayara) vestirão o uniforme da escola durante os torneios que disputarão em 2010 pela Confederação Brasileira. “O esporte mudou tudo para nós”, resume Magnólia.

A rotina da dupla costuma ser puxada. Para estar na escola às 7h20, pulam da cama três horas antes. Pegam dois ônibus e muito trânsito até cruzar os 15 quilômetros que separam Perdizes do Jardim Guarani, onde moram. Após as aulas, encaram três horas de raquetadas no Palmeiras — inclusive aos sábados. Só chegam em casa depois das 19 horas. O tempo que passam na condução, não raro, é preenchido com sonhos de chegar mais longe. “Esperamos ter a chance de representar o Brasil na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro”, sonha Mayara. Talento, disposição e vontade parecem não faltar a essas duas paulistanas que seguem os passos das irmãs americanas Venus e Serena Williams. Elas também tiveram uma infância pobre e hoje se transformaram em duas máquinas de ganhar torneios e dólares.

 

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