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Mayara Gromboni: “Quero estudar medicina para salvar vidas”

Estudante de 15 anos tem uma doença genética que desenvolve tumores

Por Giovana Romani
Atualizado em 5 dez 2016, 18h07 - Publicado em 30 abr 2011, 00h50

“Em 2003, aos 7 anos, tive meu primeiro câncer, um linfoma. Muitos viriam depois. Sou portadora da síndrome de Li-Fraumeni, doença genética que faz com que eu desenvolva tumores. Durante o tratamento com quimioterapia e radioterapia, fiquei muito mal e não conseguia ir para a escola. Só passei de ano com a ajuda de professores de português e matemática, que me davam aula em casa. Em 2005, mamãe notou alguns nódulos nas minhas costas. Eram cinco sarcomas. Na mesma época, tive um tumor maligno na perna direita. Os médicos de Jaú, cidade do interior onde moro, ficaram tão impressionados que me encaminharam para o A.C. Camargo, em São Paulo. Fui recebida pelo cirurgião Ademar Lopes, um dos responsáveis pela principal operação do José Alencar (quando o ex-vice-presidente retirou quinze nódulos do abdômen, em 2009). Ele localizou outro tumor, um carcinoma na suprarrenal esquerda. Em uma cirurgia que durou dez horas, todos esses nódulos foram extraídos. Por causa da quimioterapia, perdi o cabelo. Mesmo assim, ia para o colégio numa boa. Se o calor era demais, nem lenço eu usava. Nunca sofri preconceito. Minhas amigas de infância já estão acostumadas. Fiquei bem até o ano passado, quando, em setembro, notei um nódulo na minha axila. Era mais um sarcoma, que veio acompanhado de outros três nas costas. E lá fui eu de novo para a mesa de cirurgia do doutor Ademar. Um mês depois, um tumor cerebral foi diagnosticado no meu irmão mais velho, Marcelo. Ele tem 20 anos e também é portador da síndrome. Está em tratamento com quimioterapia oral e radioterapia. Ficou chateado quando precisou trancar o curso de jornalismo, mas parecia criança quando voltou, em janeiro. Encaramos tudo isso de forma positiva. Nosso pai morreu de câncer, há cinco anos. Provavelmente, herdamos dele a síndrome. Mesmo doente, ele continuava trabalhando e dizia que quem tem Deus no coração tem vontade de viver. Eu quero muito viver! Faço exames a cada três meses e, se mais tumores aparecerem, vou tirá-los sem problemas. Procuro pesquisar para saber cada vez mais sobre a doença. Quero estudar medicina para salvar vidas, assim como estão salvando a minha e a do Marcelo, meu irmão.”

+ A vida depois do diagnóstico de câncer

A.C. Camargo

Fundado em 1953 pelo cirurgião Antônio Prudente e sua mulher, a jornalista Carmen Prudente, é um hospital particular filantrópico especializado no tratamento de câncer


Pacientes atendidos por ano:
120.000

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Novos casos por ano: 15.000

Sessões de quimioterapia por ano: 40.000

Número de cirurgias oncológicas por ano: 9.600

Porcentual de atendimentos pelo SUS: 63%

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Há espera para consulta? Sim, de duas semanas a dois meses, dependendo da especialidade (Tel.: 2189-5000)

Avanços e novidades: inaugurado em agosto com investimento de 15 milhões de reais, o Centro Internacional de Pesquisa e Ensino ocupa um imóvel de 4.000 metros quadrados na Liberdade. Entre as recentes aquisições do local, está o aparelho para sequenciar genomas humanos completos em menos tempo e a menor custo.

A máquina beneficia pesquisas como as coordenadas pela cientista Maria Isabel Achatz, diretora do departamento de oncogenética. Ela detectou a alta incidência nas regiões Sul e Sudeste do país da rara síndrome de Li-Fraumeni — a doença que acomete a família de Mayara. A alteração no gene TP53, supressor do câncer, eleva para 90% a probabilidade de um indivíduo desenvolver tumores ao longo da vida.

“Enquanto em outros países a proporção de portadores é de uma em cada 5.000 pessoas, nessas regiões do Brasil é de uma para cada 300”, afirma Maria Isabel. “Temos um problema de saúde pública.” A mutação teria sido disseminada por um tropeiro português, que rodou de São Paulo a Porto Alegre no início do século XIX. Atualmente, 158 famílias portadoras da síndrome hereditária estão em acompanhamento no A.C. Camargo. “Nossos estudos refletem na prática médica”, afirma Ricardo Brentani, presidente da Fundação Antônio Prudente, mantenedora do hospital.

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