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Marina Abramovic chega à cidade e fala sobre mostra no Sesc Pompeia

"Consegui fazer com que a performance fosse aceita como arte e tenho orgulho disso", disse a artista sérvia. "No início da minha carreira, cuspiam no meu trabalho"

Por Laura Ming
Atualizado em 5 dez 2016, 12h43 - Publicado em 10 mar 2015, 12h43

Abre ao público nesta terça (10) a exposição Terra Comunal, de Marina Abramovic. A artista sérvia esteve ontem (9) no Sesc Pompeia, onde conversou com os jornalistas, posou para fotos e foi seguida por uma pequena multidão por onde passava. Desde que se apresentou no MoMA, de Nova York, a performer de 68 anos foi alçada ao status de celebridade no mundo das artes, ganhou fãs e teve que aprender a lidar com a tietagem.

“No início da minha carreira, cuspiam no meu trabalho, por mais de trinta anos fui pouco conhecida. Mas consegui fazer com que a performance fosse aceita como arte e tenho orgulho disso. Não fiz pela fama, mas hoje sei aproveitá-la”, afirmou na coletiva de imprensa.

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A maior mostra já dedicada à artista no país traz uma série de vídeos que registram sua obra desde a década de 70. O público poderá ver como Marina usava seu corpo como instrumento de trabalho, testando seus limites físicos e psicológicos (o que inclui ficar na frente de uma flecha puxada por um arco que pode disparar a qualquer momento ou deitar-se dentro de um círculo de fogo).

Marina deixou sua marca na performance ao elaborar trabalhos de longa duração (um outro jeito de desafiar o próprio corpo) e, para aguentar as jornadas a que se propunha, desenvolveu, com os anos, um método sistemático de testar seus limites. “Os artistas comem e bebem demais, não têm condicionamento físico, por isso precisam ser treinados”, disse. Oito performers brasileiros foram convidados a conhecer esse método por cinco dias. Para isso, ficaram isolados em um sítio no interior de São Paulo, onde permaneceram sem comer ou falar. “Para os brasileiros foi mais desafiador ficar sem falar do que sem comer”, contou. É o mesmo treinamento pelo qual passou a cantora Lady Gaga há dois anos.

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O resultado pode ser visto em cinco performances que estarão em cartaz constantemente no Sesc Pompeia. O Grupo EmpreZa, por exemplo, montou uma mesa de jantar onde rola uma orgia gastronômica. Paula Garcia construiu uma sala imantada na qual joga peças de ferro nas paredes e no teto. Os dois impressionam pela intensidade e causam certo desconforto. Maikon K fica dentro de uma bolha de plástico enquanto o público assiste a sua pele descascar.

O público pode experimentar uma versão reduzida do método, uma experiência bem menos radical, que lembra uma grande aula de ioga ou meditação (as inscrições são feitas no site do Sesc). Logo na entrada os visitantes fazem exercícios de respiração a fim de relaxar o corpo. Por isso, o melhor é não ir com brincos e sapatos de salto alto. Bolsas e celulares ficam trancados em um armário. São quatro exercícios de meia hora de duração cada um, que exigem paciência e concentração. Variam entre ficar sentado em cadeiras com cristais enquanto se olha para a parede, deitar sobre mesas também com as pedras (quem quiser pode cochilar), ficar em pé de frente a um totem com três cristais incrustrados e andar em câmara lenta. Só impressiona, mesmo, quem nunca se propôs a um exercício de introspecção.

Completam a exposição três instalações de performances recentes, a exemplo de A Artista Está Presente. Apesar de bem montadas, elas não reproduzem a força dos trabalhos. Trata-se de uma mostra para ir aberto e disposto a entrar na viagem de Marina.

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