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Maria Gabriela Manssur se destaca discutindo violência no ‘TV Mulher’

A promotora paulistana é uma das maiores especialistas na capital sobre violência contra o sexo feminino

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 27 dez 2016, 16h46 - Publicado em 9 jul 2016, 00h00

Marta Suplicy e Clodovil Hernandes integravam o elenco da versão original do TV Mulher, nos anos 80, falando, respectivamente, sobre tabus sexuais e a moda da época. Na nova versão do show, no canal pago Viva, uma quase xará de Marília Gabriela leva ao estúdio um tema tão antigo quanto atual: a violência contra o sexo feminino. A promotora paulistana Maria Gabriela Manssur, de 42 anos, ocupa cerca de cinco dos 45 minutos da atração, cujos dez episódios semanais serão exibidos até agosto.

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Acomodada em um sofá bege, ela discorre sobre assédio, agressões físicas e outros assuntos cabeludos, com os quais lida diariamente nos 120 processos sob sua supervisão no Fórum da Penha, na Zona Leste. “Ela é a concretização de um ideal feminino: bem casada, boa mãe, bela, saudável e profissional de sucesso”, descreve a apresentadora.

No ar, a promotora entra em cena com o mesmo visual que adota fora da tela: salto alto, maquiagem, macacões e tailleurs que valorizam a silhueta elegante, esculpida por duas horas diárias de exercício e disciplina alimentar (carrega sempre a marmita pink). Engana-se quem acha que o look caprichado não combina com uma militância forte no seu campo de especialidade. “A violência de gênero é democrática: afeta pobres e endinheiradas”, afirma a profissional, que usa também sua conta no Instagram para incentivar denúncias.

Na capital, são registrados quase três casos de abuso por hora. A participação na televisão já rendeu frutos. Depois da estreia, ela recebeu convites para o programa Eliana, do SBT, e reuniu-se com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para discutir políticas públicas na área.

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Maria Gabriela entrou para a promotoria em 2003, cinco anos depois de formar-se em direito pela PUC. Começou a trabalhar na questão da violência doméstica nos primeiros anos, e, em 2008, criou um inédito núcleo focado no tema. Hoje, é diretora da Mulher na Associação Paulista do Ministério Público, e entre os projetos de que participa está ensinar os direitos de meninas e mulheres para crianças e adolescentes em escolas e promover corridas de rua a fim de financiar associações que lutam pelos direitos femininos. “O esporte ajuda a elevar a autoestima”, diz a promotora, que costuma participar de algumas dessas provas.

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No cotidiano do trabalho, habituou-se a situações barras-pesadas. “Você não acha que paulada na cabeça dessa forma mata?”, disse certa vez a um juiz, enquanto quase destruiu sua mesa ao bater nela com força usando um porrete, a arma do crime. Em outra ocasião, conta, encarou um réu, assassino recapturado: “Está olhando o quê? Não tenho medo de você”. Ouviu de volta uma ameaça. “Fiquei quatro dias sem dormir, com aquela expressão de ódio na memória.” Seu marido, o empresário Claudio Trabulsi, fica assustado. “Ele me cobra menos ousadia e mais tempo em casa, mas, infelizmente, a mulher precisa abrir mão de alguns momentos pessoais se quiser ser alguém.”

A promotora é filha de Regina Manssur, advogada especializada em direito da família, com clientes como Fernando Collor. Do empenho em dez horas diárias de trabalho, a mãe de três filhos entre 4 e 17 anos leva a gratidão de muitas vítimas que defendeu nos tribunais. “Gabi pôs um ponto final em dez anos de violência na minha vida”, agradece a educadora Luciana Uyeda, de 42 anos, que denunciou agressões do ex. Após ameaça de prisão, em 2014, ele passou a respeitar a proibição de se aproximar dela pessoalmente ou por meios de comunicação, que vinha sendo desrespeitada ao longo de uma década de separação. “Conheço pouca gente com tanta sede de justiça quanto ela”, completa Luciana.

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