Oito bares da capital já possuem estação para carregar celular
Totem pode conectar dez aparelhos ao mesmo tempo
Além de psicólogos de plantão dos fregueses mais fiéis (uma das funções clássicas de garçons e barmen), os profissionais do circuito de bares se acostumaram nos últimos anos a uma outra função: quebrar o galho da clientela desesperada com o celular prestes a morrer, liberando de graça um ponto de luz do estabelecimento para o socorro imediato. A dose de informalidade do negócio está prestes a acabar com a chegada ao mercado paulistano de estações de recarga destinadas a não deixar o celular de cliente algum sem bateria na happy hour. Presente em oito estabelecimentos, entre botecos e restaurantes, o totem pode conectar dez aparelhos ao mesmo tempo. Não é necessário nem levar o carregador, pois há conexão para praticamente todos os aparelhos do mercado. Vinte minutos de utilização custam, em média, 1 real. A moeda é depositada na própria máquina.
O Genial, na Vila Madalena, possui um equipamento do tipo desde outubro. Na semana passada, as advogadas Tânia Bachega, de 38 anos, e Denise Faralli, 48, recorreram ao serviço no bar. “Mesmo não sendo adepta de redes sociais, uso GPS, acesso e-mail e faço muitas ligações”, dizia Denise. A amiga, enquanto isso, expressava um temor: de que algum larápio aproveitasse o clima festivo para afanar seu smartphone. O garçom Jair Garcia tentava tranquilizá-la. “Ficamos sempre de olho, então nunca deu confusão”, explicou ele.
Responsável pelas estações, a Charge Point Brasil foi criada por Raphael Santos, ex-produtor do programa CQC, da Band. Ele teve na empreitada a ajuda do pai, que vendeu um apartamento no Alto de Pinheiros. Com 600 000 reais de capital inicial, viajou à China em junho para comprar vinte dessas engenhocas. No mesmo mês, a primeira delas chegou à Mercearia São Pedro, em Pinheiros.
Em breve, o modelo será substituído por outro que oferece gratuitamente a recarga. “O objetivo não é ganhar dinheiro dos clientes, mas com publicidade”, explica Santos. A venda de espaços ainda não começou, mas a ideia é cobrar 1 000 reais mensais de cada patrocinador. Os donos dos bares não pagam nada. “Antes, desligávamos nossos aparelhos para colocar os dos clientes”, conta Clayton Luiz, gerente do restaurante Sotero, em Santa Cecília, onde o totem foi instalado há dois meses.