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“Compro maconha no ‘mercado paralelo'”, diz líder do Tucannabis

Lucas Aly afirma que criou grupo com jovens do PSDB para pedir descriminalização das drogas. Neste sábado (14) será realizada Marcha da Maconha 

Por Alexandre Nobeschi
Atualizado em 27 dez 2016, 17h56 - Publicado em 13 Maio 2016, 15h28

Tradicional bandeira de partidos ideologicamente à esquerda, a descriminalização das drogas ganhou uma voz dentro do PSDB. Um grupo liderado por jovens do partido apoia a mudança na política de combate aos entorpecentes e deve engrossar a Marcha da Maconha na tarde deste sábado (14), na Avenida Paulista.

O Tucannabis (aglutinação das palavras tucano e cannabis) foi formado em setembro do ano passado com o objetivo de discutir e debater novas soluções para as drogas no país. “Não acreditamos que a política atual, repressiva, resolva os problemas relacionados às drogas, como violência, aumento da população carcerária e criminalização do usuário”, afirma Lucas Aly, de 31 anos.

Líder do grupo e filiado ao PSDB desde 2005, Aly diz que a turma não enfrentou resistência dentro da agremiação, mas sabe que há muitos militantes que ainda são resistentes à ideia de descriminalização. Em setembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal suspendeu o processo para analisar a questão. “Entendemos que a pauta política tinha outras prioridades, mas não podemos deixar de discutir.”

Lucas Aly

Lucas Aly

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Em entrevista a VEJA SÃO PAULO, Aly, que é advogado e trabalha na Câmara Municipal, revelou que é usuário habitual de maconha e que compra o produto no “mercado paralelo”. “Não estou fazendo apologia ao uso, e sim pedindo que o usuário não seja tratado como criminoso.” Confira abaixo trechos da entrevista:

Como surgiu a ideia do grupo?

Foi algo que surgiu após uma conversa entre militantes da Juventude Tucana. Estamos descontentes com a atual política de combate às drogas, que é repressiva e tenta resolver a questão no porrete.

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Você sempre apoiou a descriminalização das drogas?

Na verdade, não. Quando era adolescente, era contrário à legalização. Mas entendendo que a política pública hoje não resolve a violência causada pelas drogas, o aumento da população carcerária, o crime organizado.  

E como foi a receptividade do Tucannabis dentro do partido?

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Não encontramos nenhuma resistência dentro do PSDB. Todos sabem que em um partido político há divergências de opiniões. Sabemos que alguns militantes não concordam, nas não houve qualquer tentativa de boicote.

E as lideranças, como veem a atuação de vocês?

É de conhecimento público que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende a descriminalização, mas também não levamos a questão para outros líderes partidários.

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Quais as ações práticas que vocês desenvolvem?

Além do envolvimento em manifestações que visam alterar a política atual, também enviamos uma carta ao Supremo Tribunal Federal para que não engavete o processo de descriminalização. Estamos ainda elaborando uma cartilha para explicar, ponto a ponto, por que defendemos a legalização. É preciso deixar claro que não fazemos apologia do uso de drogas, mas queremos que o usuário não seja tratado como criminoso.

Você fuma maconha? Se fuma, onde compra?

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Fumo, não serei hipócrita em dizer que não. E, para isso, preciso comprar do ‘mercado paralelo’. Acabo utilizando uma planta de baixa qualidade e que afeta minha saúde. Sei que de alguma maneira isso colabora com questões de segurança, mas é a situação a qual o estado nos impõe ao se recursar a legalizar uma planta bem menos nociva que o álcool. 

Você nunca pensou em plantar sua própria maconha?

Já pensei em plantar. Mas eu sou advogado, tenho família, e se faço isso, posso ser criminalizado e ser tratado como bandido, o que acredito que não sou.

Como você abordou a questão com a sua família?

Não é uma coisa que eu tenha falado para o meu avô. Mas tive uma conversa com a minha mãe. É claro que a reação dela foi de surpresa. Ela é psicóloga, foi bastante aberta e me pediu para eu não fumar muito. Não tenho porque me envergonhar do que eu faço.

Qual sua frequência de consumo?

Sou usuário habitual. Não é algo que faço toda hora, mas não é esporádico. É difícil falar que você fuma. As pessoas têm medo de serem julgadas, de perderem o emprego, de serem marginalizadas. 

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