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Irmãos Altman abrem terceiro boteco na Vila Madalena

Com o que há de melhor no Genésio e no Filial, eles inauguram o bar Genial

Por Edmundo Clairefont e Fabio Wright
Atualizado em 5 dez 2016, 19h21 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

O arquiteto Oscar Niemeyer rabisca sobre a mesa branca. Iluminado por um abajur, Thomas Edison estica as pernas, enquanto o cineasta Glauber Rocha fala ao telefone. Guimarães Rosa, autor de Sagarana, acende o cigarro com uma madeira em brasa e, a seu lado, o compositor Noel Rosa sopra a fumaça para o alto. Emolduradas em 115 quadros, essas personalidades de diferentes épocas testemunharam, na semana passada, a inauguração do Genial, a nova casa tocada pelos criadores de dois bares badalados das madrugadas da Vila Madalena, o Filial e o Genésio.

Vizinho ao restaurante japonês Kabuki Mask, na Rua Girassol, o Genial é um legítimo descendente do Filial e do Genésio, na Rua Fidalga. Reúne, aqui e ali, marcas registradas de ambas as casas. Lembra a primeira pelo piso quadriculado e pelas prateleiras repletas de cachaça; a segunda, pelo cardápio escrito em lousas nas paredes. Uma boa novidade em relação aos antecessores é a varanda com teto retrátil, bem na entrada, que deve bombar nas noites de calor.

Quando abriram o Filial, em 2000, no lugar da danceteria Dolores Dolores, os irmãos Altman queriam montar uma casa em que o cliente pudesse apreciar sem moderação nem pressa chopes bem tirados e petiscos caprichados. “A idéia era recuperar o clima de ‘bar, doce lar’ do Vou Vivendo”, diz Helton, um deles, referindo-se à célebre casa que criaram e fez sucesso na década de 80. A receita deu tão certo que dois anos depois, no que antes fora uma tradicional mecânica do bairro, em frente ao Filial, Ricardo, Arnaldo, Helton e Ronen, associados ao fluminense Ricardo Freire, inauguraram o Genésio. “Faltava na Vila Madalena uma opção em que você não precisasse sair do bar no meio da noite para comer uma pasta ou tomar um vinho”, diz Elenice Altman, mulher de Helton e responsável pela cozinha e pela criação dos cardápios.

Em poucos meses, eles consolidaram o negócio e trouxeram, de regresso, uma boemia romântica, formada principalmente por jornalistas, donos de ateliês e intelectuais. Como Helton é também produtor musical, não raro se encontram em meio à freguesia artistas famosos. Recentemente, o ator Rodrigo Santoro causou palpitações na clientela feminina do Genésio. Músicos como Ivan Lins, Max de Castro, Maria Rita, Seu Jorge, João Bosco e Naná Vasconcelos volta e meia pintam por ali. O instrumentista Yamandú Costa, em momento de maior inspiração, sacou o violão e deu uma canja, enquanto os bebedores degustavam os caldinhos de feijão que são coqueluche da cozinha do Filial. “O legal é que são bares que remontam a uma belle époque do lazer e do prazer de beber”, afirma o cartunista Paulo Caruso, outro habitué dos botecos dos Altman.

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Todas as semanas, 3 000 pessoas deixam um pouco mais do que a sobriedade nos dois botequins. Juntos, por mês, eles vendem 77 000 copos de 350 mililitros de chope e pelo menos 3 000 caipirinhas. A exemplo dos irmãos famosos, o Genial funciona até a alta madrugada. Em sua cozinha, preparam-se petiscos e pratos que fazem sucesso no Filial e no Genésio – identificados no menu com as letras F e G –, além de receitas próprias, caso da saborosa baguete na brasa com cobertura fria de tomate picado, azeitona, manjericão e azeite (5,50 reais, duas unidades). O cardápio ganhou ainda o reforço de grelhados, que vêm à mesa cortados para aperitivo. Entre as opções, há fraldinha ao molho provençal (14 reais) e picanha au poivre (21 reais), servidas em travessa de porcelana. O chope (Brahma, 3,70 reais) ainda não chegou ao ótimo padrão de qualidade do Filial e do Genésio – mas está a caminho.

Nos dois endereços, é comum encontrar fila na porta às 2 da manhã. Nos últimos quatro anos, o Filial reina absoluto como o melhor fim de noite, eleito pelo júri de Comer & Beber – O Melhor da Cidade, de Veja São Paulo. Respaldados, de olho na expansão do negócio, os Altman investiram 500 000 reais na construção do Genial. “Os bares não têm gerente, decidimos tudo na conversa”, conta Arnaldo. “Os problemas se resolvem em família, com uma ajudinha, é claro, dos nossos oitenta funcionários.”

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