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Incêndio de grandes proporções atinge Museu da Língua Portuguesa

Ronaldo Pereira, brigadista que tentou controlar o fogo, morreu por parada cardiorrespiratória. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital das Clínicas.

Por Tatiana Izquierdo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h26 - Publicado em 21 dez 2015, 16h53

O incêndio de grandes proporções que atingiu o Museu da Língua Portuguesa, por volta das 16:30 horas de segunda (21), na região central de São Paulo, foi controlado por volta das 20h, de acordo com informações do coronel Rogério Bernardes Duarte, comandante do Corpo de Bombeiros. Em meio à forte chuva, e após mais de quatro horas de combate, agora resta apenas o serviço de rescaldo do prédio histórico.

O incêndio deixou uma vítima fatal. O brigadista Ronaldo Pereira, que iniciou o trabalho de contenção das chamas, chegou a ser socorrido para o Hospital das Clínicas mas morreu horas depois. “A vítima foi encontrada durante o combate caída no chão, com algumas queimaduras pelo corpo e com parada cardiorrespiratória. Ela foi tirada da edificação, onde tentamos reanimá-la. Ela foi encaminhada para o hospital e infelizmente não resistiu”, contou Duarte.

De acordo com a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros, a princípio doze viaturas foram enviadas para o local. O número passou para dezessete e, depois, 37. O total de homens chegou a 97.

As chamas estavam altas no início do incidente e consumiram rapidamente torres e esquadrias feitas em madeira. Por volta das 18h30, parte do teto do prédio caiu sobre alguns homens que combatiam o incêndio. “Quando chegamos no local, o incêndio já dominava toda a edificação. Sobre o processo de rescaldo, o comandante afirma que o museu foi totalmente afetado e que a perícia será feita por toda a madrugada. “Neste momento, é preciso avaliar as paredes, o que sobrou do telhado a fim de verificar se não há nenhum risco de queda parcial da edificação. Ainda não é possível afirmar nada”. 

A origem do incêndio ainda não foi identificada, como apontou Duarte, que aproveitou e informou que a Estação da Luz não foi afetada durante o incêndio porém ficou fechada por medida de segurança e não tem previsão de abertura. “A reabertura da estação depende do resultado da avaliação estrutural do prédio, datado do século 19”. É certo que a entrada principal da estação, na Praça da Luz, permanecerá fechada. O acesso será somente pela rua Mauá. 

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Às 18h, o governador Geraldo Alckmin esteve no local para acompanhar o trabalho de controle e também avaliar os danos. Em conversa com a imprensa, disse que ainda não indícios do que pode ter causado o fogo. Anunciou que o prédio será reconstruído com ajuda da iniciativa privada.

O secretário estadual de Cultura, Marcelo Araújo, disse que há cópias digitais de boa parte do acervo em outros locais e que, por isso, será possível retomar as atividades do centro cultural. Ele também afirmou que o complexo tinha alvará do Corpo de Bombeiros, porém compartilhado com a Estação da Luz.

Questionado sobre a existência e validade do alvará, Araújo explicou que a Estação da Luz da CPTM e o Museu da Língua Portuguesa compartilhavam do mesmo documento e reforçou que todo o prédio possuía equipamento de segurança obrigatório Horas mais tarde, o coronel Duarte confirmou que o complexo não tinha o aval do Corpo de Bombeiros para funcionamento. “A questão do licenciamento da edificação abrange várias providencias, dentre elas, a do Corpo de Bombeiros. No Museu, o alvará estava em processo de regularização”. O Museu existe desde 2006 e completaria 10 anos em maio de 2016.

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Estação fechada

O incidente interrompeu o funcionamento da Estação da Luz, prejudicando a circulação dos trens. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) recomenda que os passageiros usem o Metrô.

O fogo começou no primeiro andar do museu e rapidamente passou para os pavimentos superiores. Parte do telhado de todo o prédio histórico, que abrange também a Estação da Luz, foi destruído.

Endereço popular

Nesta segunda, o museu estava fechado para o público. Localizado na Praça da Luz, 10, o espaço foi inaugurado dia 20 de março de 2006. Desde então, recebeu exposições importantes, homenageando a obra de artistas como Jorge Amado, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Cazuza.

Investimento da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Roberto Marinho, o local ocupa 4 000 metros quadrados. Entre as principais atrações, estava a Praça da Língua, uma espécie de planetário com poesias dançantes, ao som de vozes como a do compositor Chico Buarque e a do ator Matheus Nachtergaele.

Em 2014, ficou em quinto lugar na lista de museus mais visitados de São Paulo, à frente do Masp (em sexto). A lista completa: MIS – Museu da Imagem e do Som (603 197 visitantes), Catavento Cultural (509 177), Pinacoteca Luz (425 575), Museu do Futebol (419 363) e Museu da Língua Portuguesa (386 789).

Repercussão

O incêndio se tornou rapidamente o principal assunto do Twitter no mundo. Diversas celebridades comentaram o caso:

“Museu da Língua Portuguesa em chamas. A maior parte do acervo é virtual. Mas que cena triste”, Marcelo Tas, apresentador

“Vim para o centro e dei de cara com o Museu da Língua Portuguesa em chamas. Triste”, Dan Stulbach, ator e apresentador

“Muito triste, espero do fundo do coração que o nosso Museu sobreviva”, Henri Castelli, ator 

(Com Estadão Conteúdo)

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